“Ler muito … eremitiza?”

Foto: Pixabay

Por: Emílio Da Silva Neto

10/06/2022 - 09:06

Redes sociais distraem e, dependendo de quem se segue, até informam, mas é pela leitura que começa a revolução da transformação em alguém que valha a pena” (1)

O neurocirurgião Sanjay Gupta, ganhador de prêmios como o Peabody e o Emmy por sua atuação como correspondente médico do canal de notícias norte-americano CNN, conversou com os mais renomados cientistas do mundo, para derrubar mitos comuns sobre o envelhecimento e sugerir hábitos simples capazes de postergar e reverter os efeitos do tempo no funcionamento do cérebro. E lançou recentemente o livro “Mente Afiada”.

Ele abre seu livro com a seguinte comparação: um prédio histórico pode entrar em decadência pela ação do tempo ou, então, passar constantemente por um processo de revitalização, que lhe permita lidar melhor com o inevitável envelhecimento.

Assim, ao longo da obra, Gupta sugere alguns caminhos possíveis, desfazendo mitos e consolidando verdades sobre o envelhecimento.

Suas recomendações nevrálgicas são as bem conhecidas: movimentar-se, lidar bem com o estresse, tocar fisicamente em outros, manter um círculo de amizades, dormir bem, ter um propósito e, ainda, manter-se ‘conectado’, mas, atenção (!!!), fora das redes.

E o que sobra fora das redes? tã-tã-tã … sim, eles, os livros, pois, segundo Gupta, o cérebro, qualquer que seja sua idade, continua, sim, dando conta de aprender coisas novas, a partir da combinação da memória com a geração de novos neurônios, significando que se pode continuar, sim, indefinidamente, a absorver novas informações e a aumentar a capacidade e a potência de aprendizagem do cérebro.

Porém, assim como a escrita, a leitura pode se tornar um vício, cujas doses, inclusive, tendem a ser, gradativa, e, até perigosamente, aumentadas. Mas, uma coisa é certa: nunca provocará uma ‘eremitização’, no sentido de fazer alguém escapar da realidade e situações, ficando isolado e antissocial, já que os neurônios bem ativos resultantes prescindem de interação.

Este drama está longe de ser possível, também, porque sendo o ser humano gregário por excelência, “não nasce para uma vidinha besta”, como diz Martha Medeiros (1); “sonha-se em ter pensamentos que façam crescer e conversas que inspirem a evoluir; em ser abertos às novidades e em escutar os outros com interesse verdadeiro”. E acrescenta: “redes sociais distraem e, dependendo de quem se segue, até informam, mas é pela leitura que começa a revolução da transformação em alguém que valha a pena”.

Ou seja, “enquanto a correnteza da vida passa lá fora, por trás da janela” (1), ler, a quem desfruta deste grande prazer, provoca uma inundação de existência e vivência plena.

Sim, “cada um tem sua própria história, bonita e sofrida, mas insuficiente para que haja uma compreensão vasta do mundo. Para se ter a consciência realmente expandida e empática do que acontece lá fora, para embrenhar-se nos corações e mentes dos estranhos que se adora condenar à distância, só derrubando paredes” (1).

Enfim, não há ninguém mais ‘eremita’ da vida do que o dono de uma estante vazia, entre paredes.

 

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(1): Martha Medeiros, uma das melhores cronistas brasileiras,

lamentavelmente, fã da esquerda

(“dando nojo” quando ela entra nesta seara em suas escritas)

Emílio Da Silva Neto

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