“Empresas familiares ‘feitas para durar'”

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Por: Emílio Da Silva Neto

19/01/2021 - 03:01

Quase todos conhecem a expressão ‘Pai rico, filho nobre, neto pobre’. Aí, fica a pergunta: por que será, afinal, que tantas famílias não conseguem deixar seu legado empresarial de valores, princípios e resultados para as gerações seguintes?

Uma das explicações plausíveis é que muitos pioneiros, ao começar seus negócios, dedicam muito esforço pessoal aos seus objetivos, quase sempre vinculados unicamente aos seus próprios sonhos, esquecendo-se do planejamento para a perenização do empreendimento familiar. E eles só se apercebem deste hiato quando a sua idade avança e começa, a par dos seus enormes conhecimentos explícitos e tácitos acumulados, a lhe faltar energia para a operação e a gestão executiva do negócio.

E, não se preparando para formar ‘sucessores’ (muito mais que ‘herdeiros’), isto é, pessoas de vida produtiva através do trabalho dedicado, assistem ‘herdeiros’ se limitando a gastar a riqueza herdada até que esta acabe, quase nada sobrando, subsequentemente, para os netos, os filhos dos seus filhos.

Para Augusto Cury, acerta-se na formação de sucessores, quando pais não permitem que filhos vivam à sombra deles, como gastadores imediatistas, mas que pensem a médio e longo prazo, transformando o que lhes está sendo transmitido, bem como construindo seu próprio legado ao assumir seus papéis na sociedade.

Quanto a isto, pais empresários nunca devem ter pena e, sim, no máximo, respeito aos filhos. Ora com amor, ora com rigor, pais devem ser, sim, ‘bons’ (justos), mas nunca meramente ‘bondosos’ (bobos), ou seja, sempre os preparando ‘para’ a vida (pois ela é, muitas vezes, cruel), não os protegendo ‘da’ vida (como que criando redomas em volta). Só assim, os filhos deixarão de ser ‘usufrutuários’ para se transformarem em ‘multiplicadores’ do patrimônio empresarial.

Infelizmente, muito patriarcas fogem do tema “sucessão” por diversas razões, entre as quais o medo de perder poder, o sentimento de ser descartado, a realidade da velhice que chegou (ou está logo chegando) e a insegurança quanto ao ‘trem continuar ou não nos trilhos’. Enfim, falar em sucessão parece, a muitos empresários, um sinal vermelho em sua vida.

Felizmente, não é nada disso. Atualmente, a sucessão não se trata, usando uma comparação bem dura, de ‘troca de uma peça velha por uma peça nova’, mas sim de um trabalho conjunto entre as duas gerações, a antiga e a nova, de compartilhamento do conhecimento acumulado pelo sucedido e absorção de novas ideias pelo sucessor. Ou seja, é um trabalho conjunto de aprendizado, a quatro mãos e duas cabeças, em que não há disputa alguma de poder e sim soma de competências, sob a forma de conhecimentos, habilidades e atitudes de ambos.

A partir de valores e princípios empresariais uníssonos, mesmo com estilos pessoais diferentes, mas preferencialmente complementares, a boa convivência intergerações é muito produtiva para que a sucessão ocorra sem sobressaltos e descontinuidades prejudiciais aos resultados da empresa.

Como diz um grande industrial de Jaraguá do Sul, o sucedido tem que entender que pouco a pouco ele, para continuar sua viagem, vai ter que passar a boleia ao sucessor e sentar ao lado, no banco do passageiro. Nada difícil, muito pelo contrário, pois o seu conforto será maior, a paisagem poderá ser melhor apreciada, o cansaço será menor e, ainda assim, chegará junto ao destino.

Enfim, não havendo como contrariar a ‘viagem’ da vida humana e profissional, esta com ‘duração finita’, a vida de uma empresa familiar deveria mirar, sempre, a eternidade, a infinitude, muito mais pelo sentido de ‘missão à sociedade’ que preservação, em alto tom, do sobrenome da família.

Referências: COLLINS, Jim; PORRAS, Jerry I. Feitas para durar-Práticas bem sucedidas de empresas visionárias. Rio de Janeiro: Rocco, 1995

Disponíveis para compra na Grafipel/Jaraguá do Sul.

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Emílio da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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