“Diversidade boa é aquela não notada”

Fonte da Imagem: vecteezy

Por: Emílio Da Silva Neto

17/09/2021 - 03:09 - Atualizada em: 17/09/2021 - 10:38

Nenhum dos três fundadores da WEG (Werner, Eggon e Geraldo), a maior empresa de Jaraguá do Sul, é natural da cidade. Nem o atual Prefeito, Antídio, o é.

De cada 10 moradores deste importantíssimo pólo socioeconômico catarinense, 08 são não nativos, para cá emigrados por motivos, principalmente, profissionais e, logo depois, totalmente integrados à cultura meritocrática pelo trabalho, onde vir pedir esmola em semáforo não é profissão. Ah, nenhum político foi tão lembrado, em obras públicas municipais, quanto o baiano Abdon Baptista e, destaque-se, a maioria negra na equipe do fundador desta cidade de perfil europeu.

Da primeira geração de líderes (gerências, diretorias e consultorias) na maior indústria de máquinas elétricas girantes do mundo, a surpreendente WEG, há nomes como Anneliese Ehlert (‘mulher’), Alfredo Cardoso (‘negro’), Luiz Alberto Oppermann (‘deficiente físico’), Ingo Sell (‘homo’), Emílio (“Manezinho da Ilha” e malandro como o “Zé Carioca” retratado por Walt Disney) e Walter Christian (‘velho’). Só não teve ‘mudo’ (embora o Werner falasse quase nada) e ‘surdo’ (mas um ‘gago’, o Geraldo) … embora, um “grilo falante” (o Eggon). Ah, e, talvez, nenhum ‘autista’ (até porque não se falava nessa disfunção neurológica).

Ou seja, nesta ONU da diversidade – então não notada, muito menos glamourizada – as coisas deram certo por uma razão simples: a diversidade é sinergética quando o objetivo é comum a todos, independente do “modelo e cor da camisa”, qual seja, o de dar o máximo de si para que os “gols” aconteçam.

Por exemplo, a nação mais poderosa da terra, os EUA, tem a população de maior diversidade de todas, incluindo árabes e judeus, onde lá acharam seus édens vivenciais. No Brasil, os “paus de araras” egressos do norte e nordeste, como serviçais, ergueram as maiores obras de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Nas empresas, é a diversidade de toda ordem (raça, origem, cultura sócio-familiar, vivência, formação escolar, currículo profissional e orientação sexual) de sua equipe de colaboradores e executivos que enriquece soluções, a partir do mote principal: as diferenças têm que somar.

Enfim, a diversidade, com tolerância, respeito e sem explicitação, atitudes discriminatórias e, acima de tudo, sem a contrapartida da glamourização, enriquece o mundo, também, porque, como lembra o escritor Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”.

É inegável que o foco ideológico nas diferenças entre as pessoas gerou modelos sócio-políticos perniciosos ao longo da história, com danos eternos.

Por exemplo, para Hitler , os arianos eram superiores e os judeus tinham que ser extirpados. Para os bolcheviques, os trabalhadores rurais deveriam destruir os empreendedores e seu patrimônio. Para a sociedade hundu, o sistema de castas entrava, ainda hoje, a mobilidade social. Para os Estados Unidos, os negros, durante muito tempo, foram ilhados à música e esportes. Apesar disso, vale lembrar, um deles, com nome árabe, pai queniano e nascido no Havaí, chegou a presidente.

E no Brasil ? Bem … aqui, a divisão de pessoas é herança maldita da coroa portuguesa: quem veste terno e gravata (por exemplo, advogados) ou roupa toda branca (por exemplo, médicos, dentistas e fisioterapeutas) vira ‘doutor’ (sem ‘doutorado’ acadêmico algum), para diferenciá-los dos outros.

E o pior: a hegemonia esquerdopata, desde o primeiro governo de Lula (aquele que desperdiçou a oportunidade ímpar de ter ficado na história como um exemplo honroso da mobilidade social brasileira, de “pau-de-arara” a presidente) vem incentivando a “rotulação” das pessoas, para segregá-las entre si, e, enfraquecidas, se submeterem ao estado forte e dominante.

Por fim, bem lembrou a sucessora empresarial deste articulista, Enga Larissa Franzner Da Silva Nagel: “A diversidade boa é sempre aquela não notada, pois senão vira preconceito ou estopim de instabilidades.”

Inspiração: Eduarda Caroline Alves, Colega OCP

Disponíveis para compra na Grafipel/Jaraguá do Sul.

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Emílio Da Silva Neto

Dr. Eng., Industrial, Consultor, Conselheiro, Palestrante, Professor (*) Sócio da ‘3S Consultoria Empresarial Familiar’ (especializada em Processo Decisório Colegiado, Governança, Sucessão, Compartilhamento do Conhecimento e Constituição de Conselhos Consultivos e de Família). Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento.

Curriculum Vitae: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4496236H3
Tese de Doutorado: http://btd.egc.ufsc.br/wp-content/uploads/2016/08/Em%C3%ADlio-da-Silva.pdf
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