Nesses quase 20 anos de profissão como fisioterapeuta, o Pilates é a minha principal atividade profissional. Além do meu sustento, é também o meu lazer, a minha meditação, a minha filosofia de vida e o meu desafio. Ir para o estúdio dar aula é só uma parte da coisa. Se eu fizer só isso, fica difícil ser feliz com a minha escolha.
Atuo com Pilates há 18 anos e nesse tempo já estudei muitas linhas do Pilates. Fui do Original ao Suspensus e vivenciei cada uma delas, que por vezes alguns se desviam do original no ponto em que a sequência clássica não é seguida. Essas vivências me transformaram como profissional, porque o meu Pilates me apresenta a história da pessoa que está na minha frente escreveu. O corpo me apresenta tudo àquilo que por muitas vezes guardamos e não falamos para ninguém. Os exercícios testam funções, identificam falhas e corrigem deformações.
Nas minhas aulas não faço explicações históricas e nem definições de conceitos, mas construo bases do movimento e estimulo o entendimento de onde vem à força e para onde ela deve ir. Conecto esse corpo revoltado e desobediente a ingredientes secretos que o sistema Pilates Clássico introduziu. Ajusto a harmonia, a sintonia, a beleza e a simplicidade de atos do cotidiano com a saúde.
No meu Pilates preciso entender a reação do corpo no estimulo do movimento, como o corpo se ajusta ao exercício e toda a expressão corporal. Exploro ao máximo toda a potência desse corpo, que por muitas vezes, está guardada. Viro do avesso, desconstruo, reconstruo, um laboratório de aprendizagem, de novas vivências e experiências, até atingir a totalidade.
É um árduo caminho que trilho com os meus alunos, sem pressa, para que possamos enxergar além do que víamos. Essa leitura se torna muito mais importante do que o próprio exercício. Fortalecemos nossas raízes, fortalecemos o nosso processo e nos curamos com o propósito, com a sensação de uma ducha interna.
Esse entendimento com o meu Pilates e com o meu aluno vem baseado na minha prática, na minha evolução como aluna, no sentir para fazer sentido. No meu momento eu deixo fluir, eu percebo as minhas emoções, as minhas sensações, os meus limites, minhas dificuldades.
Através dessas vivências e de todos os cursos, congressos, estudos, trocas de experiências se misturam e da teoria usufruo da prática. Assim como todo relacionamento, a vida profissional requer esforço e deve ser regada todos os dias. Sortudos fazem o que gostam, sábios gostam do que fazem.