“Entre linhas”

Por: Andreia Chiavini

16/07/2020 - 17:07 - Atualizada em: 16/07/2020 - 17:57

Ninguém transforma ninguém e ninguém se transforma sozinho. As transformações acontecem nos encontros. Quando os encontros acontecem, tudo se transforma e faz sentido.

A vida é uma história de encontros, desencontros e reencontros, onde nada é uma linha contínua e direta, onde sempre vai existir uma pausa ou interrupção, um retorno ou mudança de rota. Não dá para passar um dia sem uma pausa para dormir, ou viajar sem uma pausa para abastecer.

O encontro com alguém ou com você mesmo, vai acontecer em algum momento e esse encontro muda toda uma caminhada. Muitas vezes nos colocamos em direcionamentos que definimos como sendo o único existente, pois em algum momento da sua formação pessoal ou profissional te falaram que esse era o caminho certo.

Você leu em algum artigo, estudou em alguma escola e por alguma vivencia, determinou alguns conceitos que você leva como sendo uma verdade absoluta.

Passei algum tempo me questionando sobre o que aprendi na minha formação. Levei como a única opção a ser seguida, direcionei meu início profissional nesta linha. Estava escrito nos livros que eu pegava na biblioteca, nos conteúdos que os professores passavam, mas não estava se confirmando no dia a dia, diante do meu paciente.

Sempre me questionei se todos os protocolos existentes eram realmente adequados a todas as pessoas, se esse raciocínio de forma linear seria condizente com a realidade de cada um e pouco conseguia segui-los. Estava errado mudar, mas errado para quem?

Percebia que as pessoas precisavam algo além do meu conhecimento, dos cadernos cheios de conteúdo, elas necessitavam contar suas histórias, serem ouvidas e entendidas. Com o tempo você amadurece e percebe que não há necessidade de seguir protocolos, nem seguir padrões, o que é necessário é transformar todo o conhecimento em sabedoria, abrir os olhos, os ouvidos e o coração.

Entender que, como a vida, também podemos seguir na formação profissional com pausas, com reajustes e reencontros com você mesmo. Trabalhar com pessoas diferentes, com necessidades específicas distintas, com sensações e sentimentos distintos, não é possível padronizar atendimentos.

A formação existe, os conceitos existem, os exercícios existem, todo um repertório está descrito, mas cabe ao profissional saber o que é viável para aplicar, como se você tivesse uma caixa de ferramentas, cheia de opções para usar. E vai usar aquela ferramenta que serve e precisa naquele momento.

A maturidade profissional me permitiu não ter mais medo de me libertar, de perceber que seguir uma linha e precisar de um rótulo é bobagem. Quando você se liberta, o medo passa, as críticas não doem, os julgamentos não pesam, porque o trabalho é direcionado de forma individual e os resultados são maravilhosos.

Minha formação em fisioterapia não me permite a compreender a psique humana e atuar no tratamento e prevenção de “doenças mentais”. Mas, isso não é um fator limitante a ponto de deixar de tentar entender os comportamentos e as funções mentais do ser humano que somatizam e se tornam físico.

Por que seguir uma linha, uma única direção? Existem várias direções, várias linhas, várias abordagens. O importante é entender todas elas, conhecê-las, estudá-las, se aprofundar nas entrelinhas, para saber usá-las. Primeiro a pessoa, depois a técnica, essa sim é a minha linha.

E se escrevemos certo por linhas tortas, não existe amor que não tenha saudade, nem um atendimento que não tenha uma mudança de rota. A vida é um texto, onde sempre deve existir uma vírgula, seja ela colocada pelo tempo, pela experiência ou por uma situação qualquer.

Mas o que seria de um bom texto, sem uma boa pontuação? Se assim for, o que seria de nós profissionais, sem uma boa reavaliação?

Andréia Chiavini Pilates e TRX

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