“Cuidar de pessoas e não de doenças”

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Por: Andreia Chiavini

09/08/2019 - 08:08 - Atualizada em: 09/08/2019 - 08:17

Mais que uma questão de semântica, antes mesmos de discussões filosóficas ou ideológicas ou científicas, a relação entre corpo e mente é uma realidade que se manifesta através da experiência de cada um, de forma individualizada.

Das mais simples vivências cotidianas, até os momentos mais depressivos e difíceis, a gama de manifestações entre função orgânica e mental é infinita. Fechar os olhos para essa questão é querer olhar para o sol e não sentir a força da luz no nosso rosto.

As dimensões corporais nem sempre respeitam as organizações anatômicas, fisiológicas e neurológicas e os sintomas apresentados evidenciam através do corpo, um conflito mental inconsciente.

Talvez uma possível forma de expressão do sofrimento humano se desenvolvendo como uma manifestação patológica. Existem muitas dores físicas sem uma causa aparente e determinamos como doenças funcionais, idiopáticas, sintomas de somatização, viroses.

E as doenças autoimunes, o câncer, que se manifestam desordenadamente, seriam apenas uma questão orgânica, ou este desequilíbrio seria uma resposta as questões emocionais? Em algum momento tudo o que pensamos e sentimos deverá se tornar físico.

Diante das ameaças patológicas, nos abrigamos na ciência quase exata da medicina para tratar nossos sintomas e doenças na busca da reorganização orgânica, esquecendo do equilíbrio emocional.

Em muitas situações clinicas, essas relações corpo e mente, são negligenciadas, e começa a maratona de especialistas, de medicamentos e as queixas e sintomatologias permanecem presentes a todas as tentativas de tratamentos.

Até pode ocorrer o alívio dos sintomas, porém, voltam a apresentar as mesmas queixas ou até outros quadros sintomáticos. A pessoa se torna uma doença, vive uma doença, se torna vulnerável e morre nela.

Não posso generalizar e achar que qualquer coisa que acontece no nosso corpo é uma resposta dos acúmulos emocionais. Como dizia Freud, “às vezes um charuto é só um charuto”. Mas não podemos achar que tudo é somente um charuto e o corpo e a mente serem independentes.

É evidente que o profissional da saúde deve incluir a compressão da situação real de vida do paciente. A avaliação dos elementos clínicos deve ser bem realizada, mas não se tornando alienado à queixa do seu paciente e numa visão limitada.

Esta deve ser enriquecida com o seu dia a dia e a relação desta rotina com a própria doença. Devemos olhar para a pessoa na sua pluralidade, entender a história de vida e num trabalho multidisciplinar simultâneo, compreender a causa, não apenas o problema e suas consequências.

O profissional da saúde precisa olhar para a pessoa, cuidar dela, não somente da doença que ela carrega. É assim que eu penso, que eu me posiciono como profissional, que eu direciono a minha equipe. Este é o meu modo de trabalhar, mesmo que minha formação seja de fisioterapeuta.

Podemos prolongar e vida com qualidade e não apenas acompanhar uma sobrevida, arrastando o tempo. O desfecho pode ser diferente, se fizermos diferente. Eu me propus a cuidar de pessoas e buscar o equilíbrio essencial do ser humano.

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