“Cartão de visita da empresa: a escrita é coletiva”

Foto Divulgação

Por: Ana Kelly Borba da Silva Brustolin

15/06/2020 - 15:06 - Atualizada em: 15/06/2020 - 15:10

Em geral, ao escrever um texto o autor almeja uma adequação entre o que disse e o que realmente deseja dizer. Se dissermos a alguém: “você é um ótimo gestor”, provavelmente tem-se o intuito de transmitir a mensagem de que a pessoa em questão trabalha com muita dedicação e qualidade, e, por conseguinte, foge ao profissional comum, destacando-se entre os demais. Mas nem sempre essa adequação entre o que se diz e o que se quer dizer ocorre.

Em outros momentos, o embate entre essas duas instâncias pode ou não ser intencional. Depois de uma partida de futebol, em que um dos times foi mal e não marcou gol, um torcedor se aproxima e fala: “Quantos gols, hein?!”, devemos entender “quantos” como “nenhum”. Neste caso, há, então, um conflito intencional entre o que se disse e o que se quis dizer, em outras palavras, algo foi dito para que se entendesse outra ocorrência. Os recursos linguísticos para a produção de um texto são numerosos e existem para significar essas oposições.

Assim sendo, um dos fatores básicos que você deve considerar quando lê um texto é que, em tese, quem o produz tem a intenção de convencer o leitor de algo. Todo texto carrega consigo um autor que busca persuadir o seu leitor (ou leitores), valendo-se, neste caso, de recursos de natureza lógica e linguística. Denominam-se procedimentos argumentativos a todos os recursos ativados pelo autor do texto com o intuito de levar o leitor a crer no que o texto disse e a fazer aquilo que ele propôs.

Por esse motivo lembre-se que suas vivências em sociedade serão banhadas e rodeadas por textos. Então, nada melhor do que você estudar, praticar e entender a respeito dos recursos de natureza lógica e linguística que são usados para convencer o leitor do que o autor quer dizer.

Escrita em ambientes profissionais

Hoje, o foco de nossa abordagem será o entendimento da escrita técnica e oficial – utilizada tanto em ambientes profissionais públicos quanto privados. Em uma empresa, a escrita é coletiva, isto significa que não se escreve em seu próprio nome, mas em nome da companhia para a qual se trabalha. Por isso, o autor do texto deve ter em mente não “eu”, mas “nós” – o equivalente ao plural de modéstia da escrita técnico-científica. Também em uma comunicação interna, considera-se que se trata da empresa interagindo verbalmente com seus funcionários.

Somente alguns relatórios ou notas serão assinados por uma determinada pessoa refletindo um compromisso pessoal, mas a maioria dos documentos diz respeito à empresa e exige que se observem os posicionamentos da companhia diante dos fatos atinentes à correspondência, visto que há a transmissão de uma mensagem no lugar de outrem –, sua empregadora.

Isso exige um esforço duplo: ao mesmo tempo em que é necessário apropriar-se da mensagem, colocando-se no lugar do locutor real, não se pode esquecer do interlocutor, da outra empresa, preocupando-se com o modo como pensa, a maneira como vai reagir ao conteúdo do texto produzido e enviado pela empresa.

É preciso notar, ainda, que o texto empresarial não reflete só o trabalho de quem o redigiu, mas sim toda a empresa. É por esse motivo que uma carta mal escrita, rasurada, mal formatada, sem clareza nem correção, por exemplo, representa uma empresa pouco confiável. Daí reside a importância de se preocupar com a clareza, concisão, diagramação e correção ao redigir em nome de uma empresa, a fim de evitar uma imagem negativa dela.

Lembre-se que, quando o assunto diz respeito à Redação Oficial e Empresarial, configura-se mito (i) usar linguagem formal erudita, (ii) apresentar todas as informações e (iii) pensar que as pessoas querem muito ler o seu documento – uma vez que a vida moderna é célere e o dinamismo faz parte das relações atuais. Desse modo, fato é que se deve (i) usar linguagem formal, mas simples, (ii) apresentar só as informações relevantes e (iii) ter em mente que as pessoas prefeririam fazer outra coisa (a ler o seu documento).

 

 

Para fechar o assunto de hoje, proponho seis estratégias para você chamar a atenção do seu leitor:

  • Apresente o ponto principal no início – assim, o objetivo do documento fica claro desde o começo;
  • Utilize subtítulos descritivos, eles orientam a leitura do documento;
  • Seja claro, a falta de clareza compromete o entendimento de seu texto;
  • Escreva com frases curtas, elas são fáceis de processar;
  • Empregue palavras simples, elas são facilmente compreendidas;
  • Utilize uma diagramação “arejada”, ela valoriza o seu texto.

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