Secura ocular proporciona consequências desagradáveis e pode indicar doenças sérias. Uma delas é a Síndrome do Olho Seco ou Síndrome da Disfunção Lacrimal, uma alteração na produção ou qualidade das lágrimas. Estima-se que cerca de 10% de brasileiros adultos sofram deste problema. Segundo o oftalmologista e retinólogo Dr. Marcos Henrique Martins, essa é a queixa mais frequente nos consultórios oftalmológicos e sua prevalência tem aumentado devido ao uso excessivo de dispositivos eletrônicos.
Apesar de semelhante, a lágrima não é água salgada. Ela é composta por água, sais minerais, proteínas e gordura, com a função de lubrificar, limpar e proteger os olhos de qualquer corpo estranho que entre em contato com o globo ocular. Quando piscamos, os componentes se misturam e evitam a evaporação rápida.
Os sintomas surgem em pessoas que por vários motivos produzem lágrimas excessivas ou menos que o normal. “Os fatores de exposição ambiental e comportamental são os principais favorecedores para o desenvolvimento dos sintomas. A disfunção está associada ao uso de telas por muitas horas, ambientes com ar-condicionado ou secos, e poluição, pois são fatores que diminuem o número de piscadas”, destaca o Dr. Marcos.
Entretanto, a mudança na composição da lágrima também pode ser ocasionada pelo uso de determinados medicamentos. Certos remédios para controle da pressão arterial e hormônios estão associados ao risco de desenvolvimento de olho seco. Aliás, o próprio envelhecimento também é um fator, estima-se que 20% da população acima de 50 anos possua a disfunção, além de acometer com mais frequência as mulheres e a população urbana do que a rural. De acordo com o especialista, entre os principais sintomas está a sensação de ardência ocular, secura, coceira e sensação de areia nos olhos.
O SERTÃO PODE VIRAR MAR
O diagnóstico da síndrome do olho seco é basicamente clínico, baseado nos relatos dos pacientes e no exame do olho com o biomicroscópio. Pois, apenas assim será possível detectar o que está por trás da disfunção e indicar qual o melhor caminho a seguir.
“Os pacientes são avaliados em relação à dispersão e estabilidade do filme lacrimal sobre a superfície corneana. Esse exame é feito com o auxílio de um corante, que indica a área ressecada”, relata o oftalmo Marcos.
Uma vez identificada a síndrome, é essencial a busca por tratamento adequado para evitar o ocasionamento de outras doenças. O tratamento varia conforme a intensidade dos sintomas, das alterações oculares e doenças associadas. Geralmente, colírios lubricantes ou anti-inflamatórios costumam ser grandes companheiros de quem possui a síndrome, outro auxiliar são os lubrificantes oculares, que são lágrimas artificiais com objetivo de corrigir a escassez da lágrima natural. Devido ao uso de telas, além do auxílio de colírios para o olho seco evaporativo é essencial estabelecer pausas de 30 minutos e realizar o exercício para aumentar a frequência de piscadas.
O especialista ressalta que existe ainda o cuidado com a alimentação também é importante, uma vez que determinados alimentos podem conter substâncias que ajudam na correção da patologia melhorando a qualidade da lágrima, como os óleos de linhaça.
“Se apenas o uso de colírios não é capaz de deixar os olhos umidificados, ainda é possível recorrer a outros meios como, uma cirurgia para fechar o ponto de drenagem lacrimal, onde retira a lágrima da superfície do olho para a cavidade nasal ou a possibilidade de costurar o canto lateral das pálpebras com objetivo de diminuir a fenda palpebral”, finaliza Dr. Marcos.