Convocada para as Olimpíadas de Tóquio, Simone Ponte Ferraz leva Jaraguá do Sul no peito e a grandes feitos nas pistas há muito tempo. Mas foi no Oeste de Santa Catarina que ela foi criada e fez suas primeiras corridas.
Tudo começou em 1999, quando resolveu praticar atletismo na educação física escolar em Ponte Serrada, sua cidade natal, com apenas 9 anos, sob o comando de Janice Giassi.
A primeira experiência foi no salto em distância, mas logo viu que a velocidade era sua principal característica. Mesmo com pouco tempo de prática, a jovem atleta passou a se destacar em corridas de rua, ‘maratoninhas’ e Jogos Escolares.
Saída e retorno ao esporte
Quando já começava a tornar seu nome conhecido entre as categorias menores no Oeste, Simone precisou se retirar do esporte após seu pai adoecer, em 2003.
Com ajuda do irmão, foram dois anos dedicados a recuperação do familiar e sem colocar o pé nas pistas.
Até que, em 2005, ela retornou as atividades, e, a partir daí, a carreira deslanchou. Naquele mesmo ano, representou Xanxerê – município vizinho a Ponte Serrada -, e se destacou na Olesc, vencendo e batendo recorde das provas de 800m e 1.500m.
A chegada em Jaraguá do Sul
O talento apresentado desde muito nova chamou atenção pelo Estado e a saída de sua cidade natal para alçar voos maiores parecia uma questão de tempo. E foi mesmo.
Em 2006, o técnico Adriano Moras, ícone da história do atletismo de Jaraguá do Sul, viajou até Ponte Serrada para trazer a joia ao Norte de Santa Catarina.
“Me chamou atenção o jeito dela competir, a gana, as expressões. Percebemos uma vontade muito grande em ascender no atletismo. Fui até Ponte Serrada, conversei com a família dela e mostrei um pouco do nosso trabalho. Entendia que nós tínhamos uma estrutura melhor do que a região dela para desenvolver uma carreira atlética”, lembra o treinador.
E o ‘casamento’ funcionou. Naquele mesmo ano, Simone passou a competir pela equipe jaraguaense, e, em 2007, resolveu se mudar em definitivo para cidade, onde está até hoje.
Foram oito temporadas consecutivas competindo pelo município, obtendo recordes e conquistas em campeonatos estaduais e nacionais.
Algumas já nos conhecidos 800m e 1.500m, mas também no 3.000m com obstáculos, apresentado justamente por Moras, que viu nela o perfil ideal para prova.
“Entendemos que ela poderia fazer o 3.000m com obstáculos, que é uma prova muito dura, que exige demais a questão física. E a Simone relutou um pouco em aceitar. Tive que levá-la a algumas competições para ela perceber essa vocação. Foi conquistando algumas medalhas, depois começou a vencer as provas e foi a que alçou ela a uma atleta olímpica. E isso nos enche de orgulho”, destacou o ex-técnico.
Passagem por outras equipes e volta para Jaraguá
Após o sucesso pela APA, Simone Ferraz passou a defender outras equipes do Estado. Em 2014, representou Blumenau, onde ficou por um ano.
Em 2015 e 2016, foi a vez de Brusque. Já em 2017, 2018 e 2019, correu por Joinville, até acertar o retorno para Jaraguá do Sul na temporada passada. Neste período, começou sendo acompanhada pelo técnico Junior Gazzoni e hoje é treinada por Cláudio Castilho.
Independente da cidade ou treinador, a ‘jaraguaense de Ponte Serrada’ foi melhorando sua performance e fazendo história, chegando a ser chamada de ‘A garota de ouro do atletismo catarinense’.
Ela ostenta o recorde do Jasc no 3.000m com obstáculos, tem a quinta melhor marca do Brasil na história, é medalhista sul-americana e bateu recorde do Estadual mais de cinco vezes, entre tantos outros feitos.
Marcas que a transformaram em figura frequente na seleção brasileira, a ponto de levá-la ao maior evento poliesportivo do mundo.
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