O dia 12 de agosto de 1972 foi histórico para os moradores da então pacata Florianópolis. Pela primeira vez Pelé, o Rei do Futebol, já consagrado como tricampeão mundial e Atleta do Século, entrava no esburacado gramado do estádio Adolfo Konder. O amistoso contra o Avaí atraiu um multidão para as pequenas arquibancadas do chamado Campo da Liga. O resultado de 2×1 para o Santos, sem gols do craque, pouco importou. O que valia era ver sua majestade, que nesta sexta-feira (23) completa 80 anos, desfilando no “Maracanã” dos manezinhos.
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Livro eterniza história
O jornalista Polidoro Júnior recuperou essa história e a imortalizou no livro “Um Jogo Inesquecível”, editado em 2013. Em 80 páginas, ele resgatada um momento guardado na memória de muitos que estavam no estádio e outros tantos que não conseguiram entrar, ou mesmo não puderam ir, tamanho o número de pessoas que se dirigiram para a esquina das Rua Bocaiuva com a Avenida Mauro Ramos, onde hoje está erguido o Beiramar Shopping. Muros, eucaliptos e casas vizinhas estavam apinhados.
Cidade provinciana
Florianópolis não era a cidade badalada que é hoje. Poucas pessoas vinham de outras cidades para curtir as praias da Ilha, quase ninguém se mudava para a Capital em busca da “qualidade de vida”. Não havia Beira Mar Norte e contavam-se nos dedos os edifícios que espetavam o centro da cidade provinciana, que nem de Floripa era chamada ainda.
Jogo duro
O jogo no Adolfo Konder foi idealizado pelo então presidente avaiano, Gito Daux, com o apoio do então zagueiro santista Oberdan Vilain, natural de Florianópolis e amigo do Rei. Para garantir a partida, Oberdan convenceu o então presidente do Santos, Athiê Jorge Coury. O dirigente paulista estava reticente, pois temia a fúria dos defensores avaianos e os buracos do Campo da Liga. “Disse a ele que estava um tapete”, lembra Oberdan.
Quando chegaram ao estádio, Athiê quase mandou tirar o time de campo, tamanho os buracos. Mas Pelé fez valer sua majestade. Jogou sério, procurou as tabelas e participou dos dois gols de Alcindo – o primeiro logo aos 5 minutos e o segundo na etapa final (não há registros do tempo do gol!). Lica chegou a empatar para o Avaí ainda na fase inicial do jogo.
Dinheiro no bolso e festa da torcida
De acordo com o borderô do amistoso, a renda foi de CR$ 121.630,00 (cruzeiros, a moeda da época). Cerca de U$ 250 mil. O Santos embolsou CR$ 70 mil e CR$ 10 mil foram para Pelé – um bom negócio para todos.
Ao final, os quase 20 mil presentes comemoraram a visita real e Pelé foi embora deixando para na memória um jogo inesquecível, há 48 anos…
Vida longa ao Rei.
Ficha técnica da partida
Avaí 1 x 2 Santos
- Avaí – Rubens, Gonzaga, Lili, Batista e Orivaldo; Miltinho, Rogério e Moacir; Toninho (Balduíno), Lica e Ismael.
Técnico – Zezé. - Santos – Cejas, Orlando, Paulo, Oberdan e Zé Carlos; Léo (Afonsinho) e Nenê; Jader, Alcindo, Pelé e Edu (Ferreira).
Técnico – Pepe. - Gols – Alcindo (S) aos 5 e Lica (A) 21 minutos do 1º tempo. Alcindo (não há registro do tempo do gol) no 2º tempo.
- Público – 19.985.
- Renda – CR$ 121.630,00.
- Arbitragem – José Carlos Bezerra/SC auxiliado por Gilberto Nahas e Roldão Tomé de Borja Neto
- Local – Estádio Adolfo Konder, em Florianópolis.
* Com informações e fotos do livro “Um Jogo Inesquecível”, de Polidor Júnior.
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