Jaraguá do Sul tem registrado bons resultados comparativos no combate da Covid-19 ao mesmo passo que sinaliza estabilidade econômica com abertura de novas empresas em resposta a queda na geração de empregos.
O presidente da Acijs (Associação Empresarial de Jaraguá do Sul), Luis Hufenüssler Leigue fala sobre o trabalho coletivo que vem sendo feito para lidar com a pandemia e das perspetivas para os negócios, que terão que se adequar a situação mundial.
Desde o início Jaraguá do Sul buscou o diálogo entre poder público e sociedade organizada com o Comitê. Você acredita que isso foi positivo?
A sinergia criada entre o poder público, a classe empresarial e outros setores da sociedade, especialmente em relação ao enfrentamento à pandemia da Covid-19, foi extremamente importante para que o município pudesse realizar ações que trouxeram resultados efetivos diante desta crise na saúde pública.
Desde o início desta situação, e até antes mesmo de termos qualquer caso confirmado da doença em nossa cidade, já tínhamos na Acijs formado um comitê para tratar da questão regionalmente, criamos uma plataforma digital para concentrarmos informações fidedignas de tudo que envolve a pandemia, com a Central de Prevenção do Vale do Itapocu, o que permitiu aos municípios direcionarem de maneira assertiva as suas atuações.
Com o decreto municipal, foi instituído o Comitê Gestor e com isso essa ação de enfrentamento passou a ser institucionalizada, contando com o engajamento de segmentos ativos como o da segurança pública, judiciário, hospitais, instituições de ensino, entre outros, com a coordenação central da administração municipal.
Tivemos, portanto, agilidade e uma articulação eficiente para enfrentar este momento difícil para toda a comunidade.
Sempre que se faz uma avaliação podemos dizer que essa atuação poderia ser melhor em alguns aspectos, mas no panorama geral é certo que nossa situação foi muito mais tranquila justamente por conta desta mobilização logo no primeiro momento, porque tivemos um comitê coeso e envolvendo todos os agentes da comunidade.
Na sua avaliação, quais foram os pontos fortes das ações tomadas aqui?
O principal ponto forte foi justamente essa articulação e os efeitos que ela trouxe ao município no enfrentamento da pandemia, porque foi possível de maneira organizada e com a centralização da administração pública discutir desde protocolos de atendimento, estrutura dos hospitais e aberturas de novas UTIs, além de muitas outras ações que asseguraram ao município a agilidade necessária.
Se não tivéssemos esta dinâmica, com reuniões todos os dias para avaliar o quadro e tomar as ações com agilidade, provavelmente teríamos mais problemas, como gargalos no sistema de saúde. Se não fomos perfeitos, de outro lado vemos que o município não passou por maiores apertos e deu à situação a atenção que o assunto sempre mereceu na resposta para uma crise que em outras regiões atingiu uma dimensão maior.
Essa mobilização assegurou um atendimento preventivo que evitou um quadro de contágios maior e deu à rede de saúde condições de atender quem precisa de atenção.
Outro aspecto importante é que todas essas ações levaram em conta os impactos da pandemia na economia.
As ações tomadas pelo município sempre buscaram equilibrar a questão da saúde com a questão econômica, dentro do possível e do que foi permitido pelo Estado.
Apesar de a situação estar impactando vários segmentos, no cenário geral Jaraguá do Sul registrou a abertura de 1.626 empresas. Já na questão emprego, julho reagiu com saldo positivo, mas ainda estamos com menos 1.400 vagas a menos. Como você analisa esses números?
A questão econômica agora também vai precisar desta mesma coesão. Se no enfrentamento da pandemia estamos vendo a capacidade de reação da comunidade, na questão econômica não será diferente.
Jaraguá do Sul e a nossa região tem esta vertente de empreendedorismo, de gente batalhadora. Então vai ser normal vermos um movimento de abertura de empresas porque muitas pessoas precisarão refazer seis negócios, de buscarem a inovação na medida em que surgem novas oportunidades e muitos que perderam seus empregos podem buscar alternativas para não ficarem parados.
Também é possível que surjam vagas em empresas que se ajustaram e têm a oportunidade de, sendo menores e com menos custos, crescerem de maneira efetiva.
As grandes indústrias e empresas de maior porte também estão se reestruturando e com isto poderão surgir novos empreendimentos na cadeia produtiva em vários segmentos. Há um aquecimento do mercado, isto é perceptível, e com a economia entrando nos eixos certamente surgirão novas oportunidades.
Claro que ainda estamos vendo o impacto da crise na empregabilidade e no número de postos de trabalho, mas podemos ter um aumento no trabalho remoto, em atividades home-office, que agora ganham mais força com esta nova realidade do pós-pandemia.
A partir da observação da entidade, qual tem sido o cenário econômico para os empreendedores? O que se espera?
Sempre temos de olhar para uma situação como essa que vivemos, que foi de uma crise aguda, com uma janela de oportunidades. Houve impacto em praticamente todos os setores, mas quem conseguiu se reposicionar já está colhendo resultados. Ou ao menos tem a possibilidade de enxergar um caminho.
O importante agora é ter um olhar sistêmico do mercado e das oportunidades que ele traz após a pandemia. É claro que não dá para mitigar que há empreendedores que sofreram duros golpes, mas é preciso olhar para a frente.
A comunidade deve manter este perfil de ser uma comunidade empreendedora, as entidades organizadas precisam atuar na motivação de seus associados.
Na Acijs, temos buscado olhar para as nossas estruturas de serviços e soluções para os associados, com ferramentas que ajudem a impulsionar os negócios, que contribuam para a melhoria da gestão.
Setores como o dos núcleos empresariais que a entidade já mantém como um de seus diferenciais ativos, e outros canais que ajudem a enxergar novos caminhos e na abertura de outras portas para o fortalecimento destes segmentos, ganham mais ênfase nas ações da entidade.
Estar numa cidade com índices tão baixos comparados a outras regiões de SC e, também, do país, facilita essa retomada?
É claro que, por tudo o que já foi dito, pela coesão que a comunidade demonstrou no momento mais crítico, pela capacidade de reação do poder público e do engajamento das nossas entidades, tudo isso ajuda a pensarmos na perspectiva de um cenário positivo para o pós-pandemia.
Embora a nossa situação seja favorável, mesmo estando situados em região considerada pelo estado como de risco gravíssimo porque estamos ligados à macrorregião de Joinville, na questão sanitária Jaraguá do Sul não tem uma apreensão tão acentuada, e isto nos dá uma condição de mobilidade e de flexibilidade boa dentro da cidade.
Mas é preciso que todo esse cuidado seja acentuado para que o bom resultado alcançado até aqui, em relação a outras regiões, não retroceda.
Isso será fundamental para que, ao ter a normalização do quadro numa visão de Brasil ou estado, Jaraguá possa estar numa situação ainda melhor, estaremos quem sabe um passo à frente também.
Estaremos então pensando num cenário de retomada econômica e de como podemos nos recuperar não só dos efeitos da doença, mas deste impacto nos nossos negócios.
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