“O espírito de inovação está no DNA jaraguaense”, defende o secretário Carlos Chiodini

Por: Elissandro Sutil

19/09/2017 - 08:09 - Atualizada em: 20/09/2017 - 16:50

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Carlos Chiodini (PMDB), tem cumprido nas últimas semanas uma agenda de divulgação do seu trabalho. Com uma revista de 24 páginas, o jaraguaense visitou nesta segunda-feira (18) o grupo OCP.  Para ele, a interação com a comunidade, seja em reuniões ou pela imprensa, precisa ser contínua. “Não dá para aparecer somente durante a campanha”, observa o deputado estadual licenciado.

Investimento de R$ 6,5 milhões no Centro de Inovação, R$ 12 milhões em financiamento sem juros para ponte entre os bairros Rau e Amizade, pavimentação da Estrada Figueirinha e outros 16 quilômetros, início dos trabalhos de duplicação do trecho urbano da BR-280, recursos para os hospitais, que somam R$ 29 milhões nos últimos anos, e a pavimentação do Boa Vista são alguns destaques contidos no material.

Satisfeito com os resultados alcançados, mas reclamando do ritmo do setor público, o jaraguaense deve ficar à frente da secretaria até março de 2018, quando se desincompatibiliza para concorrer a uma vaga à Câmara Federal e retorna à Assembleia Legislativa. Na entrevista a seguir, Chiodini fala sobre a recuperação da economia, atração de investimentos e cenário político à jornalista Patricia Moraes, da Coluna Plenário.

Patricia Moraes – Há grande expectativa em torno dos Centros de Inovação que estão sendo construídos no Estado. Em Jaraguá do Sul, especificamente, como está esse processo?

Carlos Chiodini – É um programa inédito de política pública no Brasil. Além de estar em um imóvel de qualidade, moderno, ele tem que estar carregado de um sentimento sobre a importância da inovação. É isso que estamos fazendo nesse momento, além de evoluir para reta final das obras do Distrito de Inovação e do Centro Up, estamos procurando fazer um grupo de trabalho que fará a gestão do centro. Hoje nós já temos inciativas de inovação aqui em Jaraguá do Sul, não unificadas. Mas temos o Jaraguatec, que tem história, se não me engano são agora são 15 empresas incubadas. Temos as universidades, as indústrias.

Costumo dizer que o espírito de inovação está no DNA jaraguaense, temos isso na indústria, no comércio, em serviços. Quem inova sofre menos até na crise. O Centro de Inovação de Jaraguá, assim como nas 12 cidades onde ele está sendo implantado, são 12 cidades que somam 51% do PIB do Estado, é um projeto piloto que fortalece a inovação e, no momento seguinte, a economia. Une universidade e empresas e não podemos deixar o poder público fora desse eixo.

“Quem inova sofre menos até na crise.”

 

Patricia – A elaboração do projeto contou com parcerias do exterior. Essas instituições do exterior continuam prestando esse serviço?

Chiodini – Isso tudo nós vamos ter que construir. O modelo de gestão, como o professor Piquet (ex-ministro espanhol Josep Piqué) explicou aqui, é o que nós estamos construindo, temos uma equipe da Universidade Federal dando consultoria. Podemos fazer várias parcerias nacionais e internacionais. Jaraguá goza de bom conceito, tem universidades e um setor produtivo que compra boas ideias. Mas teremos pedras no caminho, algumas dificuldades, vai demandar investimentos, público ou privado, mas o resultado virá.

Patricia – Como vai acontecer a escolha das empresas que vão estar no local?

Chiodini – Não é só de ocupação de empresas, mas de desenvolvimento de projetos. O de Lages tem servido como laboratório. Esta pronto há um ano. Lá, por exemplo, nós temos uma estrutura onde o empreendedor que está iniciando sua startaup consegue a informação de como ter crédito, buscar parceiro, também é instrutivo, além de ser um grande centro de eventos, com auditório para debate sobre os novos negócios inovadores. Um dos andares serve para incubar empresas por um período. Mas as empresas terão foco maior no Centro up, na frente, que além de ser incubadora, tem espaço para aceleração, quando a empresa já é consolidada e consegue um investidor e também terá espaço para trabalho colaborativo. A gestão de ambos ficara sob a responsabilidade de uma entidade. Estamos discutindo isso no comitê gestor, presidido pelo senhor Moacyr Sens, envolvendo a Associação Empresarial, Prefeitura, Universidades. O Centro UP, por exemplo, pode até ser gerido pela Universidade abrigando o Jaraguatec, ou então procurar outro modelo. As definições caminham para reta final.

Patricia – Como está a atração de negócios em Santa Catarina?

Chiodini – Até nessa linha, pesquisa da Macroplan, publicada na revista Exame, mostrou que Santa Catarina em vários indicadores é líder em desenvolvimento nesse momento tão difícil. Temos uma demanda represada de investimento. Na crise, o empreendedor acaba não investindo por insegurança. Mas o que vemos hoje é que a economia descola da política, o que é ótimo. A pesar da turbulência política, os números estão sendo recuperados. A retomada vai ser mais visível em 2018, 2019. Temos uma agência de investimento em parceria com a Fiesc que tem o cadastro de 200 empresas interessadas em investir em Santa Catarina, algumas consolidadas, outras em fase final de negociação.  O Brasil vai continuar a crescer, temos desafios, mas a possibilidade de voltar a crescer até antes do que se imaginava é grande.

“Apesar da turbulência política, os
números estão sendo recuperados.”

Patricia – Como o senhor avalia a situação do emprego em Jaraguá do Sul? Depois de dois anos em queda, chegou a hora da recuperação?

Chiodini – Por ter uma base industrial muito forte, Jaraguá pagou um preço maior que outros lugares. No primeiro momento, a indústria faz os seus ajustes, tentando produzir o mesmo com menos funcionários. Em 2014 tivemos pleno emprego e depois veio toda essa crise. Agora, o nível de emprego começa a ser recuperado paulatinamente, não vai ser tão rápido assim o aquecimento, mas estamos contratando mais do que demitindo há meses consecutivos. Setores importantes como têxtil, metalomecânico e construção vão ganhando novo fôlego. Jaraguá do Sul continua crescendo, mas temos empecilhos que precisam ser superados. A bandeira da 280 é a mais importante, estamos tão perto dos canais logísticos, mas ao mesmo tempo tão distantes. As obras não acontecem. Se nós tivéssemos essas obras prontas com certeza teríamos conseguido captar mais investimentos ou teríamos a expansão de negócios já instalados aqui. O contorno de Jaraguá do Sul e o lote de Guaramirim até a 101 são essenciais.  Gera uma nova área de desenvolvimento local, facilita escoação. No trecho urbano, depois de muita batalha, conseguimos começar a obra. Mas que continuará andando em um bom ritmo.

“Se nós tivéssemos essas obras prontas com certeza
teríamos conseguido captar mais investimentos ou teríamos
a expansão de negócios já instalados aqui.”

Patricia – Que ações para Jaraguá do Sul são destacadas nesse material de divulgação?

Chiodini – Estamos fazendo reuniões semanais aqui em Jaraguá do Sul, com uma pequena apresentação, e entregamos essa revista que lista algumas conquistas do nosso trabalho. A própria questão da BR-280, você que acompanhou sabe que são mais de seis anos de luta. Cito ainda a revitalização da SC- 110, são mais de 13 milhões, é uma obra muito aguardada na região do Rio Cerro. Antes disso, fruto também do nosso trabalho, a pavimentação da Estrada Figueirinha. Articulamos o financiamento de 12 milhões de reais no governo Dieter (Janssen, ex-prefeito) para fazer a ponte do Rau. O Centro de Inovação já recebeu R$ 6,5 milhões, estamos conseguindo mais R$ 1,5 milhão para a finalização. Tem R$ 1 milhão para o Centro Up. São 16 quilômetros de  pavimentação. Tem a pavimentação do Boa Vista em parceria com o deputado federal Mauro Mariani. Agora vão sair outros dois quilômetros. Tem a nossa articulação na Saúde. A vinda da Udesc, são 60 alunos de pedagogia, queremos ampliar o número de cursos ano que vem.  São parcerias com diversos eventos como o Femusc.  Programas institucionais, como o SC bem mais simples, assinamos com todos os prefeitos da região. E o Juro Zero, que já fez mais de 1.200 operações, são R$ 4 milhões ofertados em Jaraguá. Tem o trabalho em parceria com a Polícia Militar e a Polícia Civil, atuação na contenção das cheias. Para Barra do Itapocu são R$ 2 milhões. Esse não é um ano eleitoral, mas a presença de uma liderança que está exercendo um cargo tem que ser constante, a gente recebe feedback, ouve sugestões e críticas construtivas para melhorar o trabalho.

“Esse não é um ano eleitoral, mas a presença de uma liderança
que está exercendo um cargo tem que ser constante, a gente recebe
feedback, ouve sugestões e críticas construtivas para melhorar o trabalho.”

Patricia – O senhor deve permanecer até quando á frente da Secretaria?

Chiodini – A princípio até pela ascensão do Pinho Moreira ao governo, temos alinhadas algumas coisas, devo ficar até março quando acaba o prazo para desincompatibilização. Após, retomo foco nos trabalhos legislativos e na metade do mês agosto até a primeira semana de outubro tem o período eleitoral. É um momento importante na minha carreira política.

Patricia – O plano é concorrer a uma vaga na Câmara Federal?

Chiodini – Creio que esse seja um caminho sem volta, consolidado. Tenho encontrado no âmbito partidário grande apoio. É um desafio gigante, são necessários no mínimo 110 mil votos. Entendo também que a região precisa e merece essa representação, veja a BR-280, 70% dos recursos estão em Brasília. Nós tivemos uma experiência positiva quando o Vicente (Caropreso) foi deputado federal. Acredito que seja possível construir com muito trabalho e apoio.

“Entendo também que a região precisa e merece essa
representação, veja a BR-280, 70% dos recursos estão em Brasília.”

Patricia – Está em pé o acordo para dobradinha com o ex-prefeito Dieter Janssen?

Chiodini – Não temos acordo formal nesse sentido. Mas, claro que farei dobradinha com o Dieter pela proximidade, parceria que nos temos nos últimos anos em Jaraguá.  Pela similaridade de grupo. No entanto, nós temos apoio e vamos dobrar com outros candidatos inclusive do PMDB.

“Não temos acordo formal nesse sentido. Mas, claro
que farei dobradinha com o Dieter pela proximidade,
parceria que nos temos nos últimos anos em Jaraguá.”

Patricia – O PMDB vai ter candidato em Jaraguá do Sul?

Chiodini – Essa é uma decisão que ainda vai ser tomada, é um assunto que foge de uma decisão pessoal, estamos nesse momento discutindo regionalmente. Vamos tomar a decisão até o fim do ano, até porque exige tempo de preparação.  Uma campanha a federal precisa ser suprapartidária, pelo grande número de votos.

Patricia – O presidente do PMDB catarinense, o deputado federal Mauro Mariani vem defendendo que toda direção nacional do partido se afaste, o senhor partilha dessa opinião?

Chiodini – Partilho. A colocação do Mauro foi oportuna. Integrantes de todos os partidos estão envolvidos nesses escândalos. O partido não faz nada, quem faz é uma minoria absoluta. O PMDB tem sofrido com isso assim com os outros partidos. Esses integrantes vão responder judicialmente. A proposta é para que se afastem no período investigação. Isso foi referendado pela executiva estadual, levado para Brasília e já teve efeito. Gedel (ex-ministro) foi afastado. Outros casos serão avaliados. Teremos convenção nacional dia 4 de outubro em Brasília. Esses assuntos nacionais serão discutidos. Em Santa Catarina teremos convenções em todos os municípios. A nossa, em primeira mão, será dia 16 outubro, daqui um mês. Estamos discutindo a sucessão.  Não haverá disputa, mas exige muitas conversas.

Patricia – No Estado, Mauro Mariani é nome de consenso?

Chiodini – Consenso, está em processo de construção. Em minha opinião, não especificamente falando do Mauro, mas de todas as candidaturas, as definições vão acontecer lá na frente. Por enquanto os partidos estão formando seus times, alinhando projetos majoritários e depois em julho e agosto é que vai ferver.