Melhor jogadora do mundo por seis vezes, maior artilheira da história das Copas do Mundo e primeira atleta a balançar a rede em cinco edições diferentes do torneio.
Estas são marcas suficientes para apontar o nome de Marta como a maior e mais talentosa jogadora de futebol feminino de todos os tempos.
Pouca gente sabe, mas muito antes de se tornar um orgulho nacional, a camisa 10 da seleção brasileira iniciou sua carreira no Rio de Janeiro e a cidade de Jaraguá do Sul foi uma das primeiras testemunhas do talento que hoje encanta o mundo.
Entre os dias 28 de abril e 1º de maio de 2001, o município ao Norte catarinense recebeu a fase final do Campeonato Brasileiro Sub-17, que teve seus jogos realizados no estádio João Marcatto.
Nele, estavam representados os estados de Santa Catarina, com escola jaraguaense Homago, Minas Gerais, Distrito Federal e o Rio de Janeiro, formado pela equipe do Vasco.
Naquele grupo cruzmaltino, despontavam jovens como Keli, Daniela Alves, Eliane e Cristiane, que mais tarde viriam a conquistar duas medalhas de prata em Olimpíadas.
Mas nenhuma se comparava a uma menina baixinha e franzina, mas que com a bola no pé, tinha uma magia que deixavam os olhos brilhando fascinados enquanto a assistiam. Sim, era Marta.
Com apenas 15 anos, a alagoana que havia deixado a cidade de Dois Riachos para trilhar o caminho de sucesso nos gramados mostrou em Jaraguá do Sul o que se acostumou a fazer em toda carreira.
Com dribles desconcertantes, arrancadas, passes precisos e gols, ela deu show no estádio João Marcatto.
Após Homago e Vasco passarem pelas semifinais sobre Minas Gerais e Distrito Federal, respectivamente, catarinenses e cariocas disputaram a final no dia 1º de maio.
O time do Rio dominou o jogo e levou o título ao golear por 6 a 2, com direito a nada mais nada menos, que seis gols de Marta.
Pelo lado jaraguaense, a equipe comandada pelo então técnico José Augusto Caglioni descontou com dois tentos de Lilian, que depois viria a ser contratada pelo cruzmaltino.
Foram apenas quatro dias de campeonato, mas o suficiente para Jaraguá do Sul se orgulhar em ser um dos primeiros palcos da carreira de Marta, que acabou construindo um legado na modalidade que vai muito além das salas de troféu e a tornaram a Rainha do futebol.
Jaraguaenses lembram momentos
Marta levou sua trajetória no futebol sendo responsável por muitas vitórias, golaços e sorrisos das companheiras, mas também por muitos pesadelos das adversárias.
A jovem equipe do Homago de 2001 sentiu isso na pele ao ver a craque marcar seis gols na final do Brasileiro. E dois jaraguaenses lembram muito bem daquele dia.
Ícone do esporte local, José Augusto Caglioni era o treinador das meninas na época e destacou não só o talento de Marta, mas também sua humildade desde aquela época.
“Aos 15 anos, Marta já era o grande diferencial. Passeou em campo com classe, elegância e humildade. No final do jogo e no jantar festivo, ela fez questão de abraçar cada uma das nossas atletas. Grande atleta e grande ser humano”, lembra Caglioni.
Os elogios se estendem a quem esteve dentro de campo. Hoje árbitra da Confederação Brasileira de Futebol, Charly Wendy Straub Deretti era uma das destaques do Homago e mesmo sofrendo com as jogadas de Marta viu uma craque despontando em Jaraguá.
“Ela era diferenciada desde nova. Lembro que nesse jogo, ela foi o que ela é hoje: rápida, habilidosa, forte fisicamente e “levava os time nas costas”, com todo respeito a todas as outras jogadoras. Era craque desde menina”, afirmou.
Com 19 anos de carreira e passagem por 10 clubes, entre Brasil, Suécia e Estados Unidos, Marta pode ser uma das contratações do novo time feminino do Real Madrid na próxima temporada.
Porém, ainda não decidiu se seguirá vestindo a camisa da seleção brasileira após a eliminação na Copa do Mundo para a França, no último fim de semana.
“Não vai ter uma Formiga para sempre, uma Marta, uma Cristiane. O futebol feminino depende de vocês para sobreviver. Pensem nisso, valorizem mais. Chorem no começo para sorrir no fim”, disse Marta após a queda no Mundial.
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