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Conheça o bacupari boliviano, fruta exótica cultivada em Corupá

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

09/02/2019 - 05:02

Popularmente conhecida por produzir a banana mais doce do Brasil, Corupá surpreende mais uma vez ao incluir na sua produção uma fruta bastante exótica: o achachairu ou bacupari boliviano.

Pequena e de um amarelo quase alaranjado, a espécie é conhecida na Bolívia e aos poucos vem ganhando espaço em território nacional com o título de segunda fruta mais doce do mundo.

O primeiro contato da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina) com as sementes da fruta aconteceu em 1996, quando foi trazida da Bolívia para Itajaí.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

O sabor adocicado, a boa conservação do fruto após a colheita e a alta produtividade chamaram a atenção de produtores e pesquisadores, que na época passaram a cultivar e estudar suas propriedades.

O produtor corupaense Edgar Gessner, passou a cultivar a fruta em 2008, após participar de uma palestra na primeira Fecaplant (Feira Catarinense de Flores e Plantas Ornamentais), realizada em Corupá.

Durante o discurso, ele ouviu atentamente sobre as alternativas que poderiam fazer sucesso no Norte de Santa Catarina, e uma delas era a fruta.

“Como eu sempre gostei do bacupari mirim, que é uma fruta semelhante, eu me interessei pelo assunto e procurei conversar com o pesquisador. Demorou um pouco, mas logo ele conseguiu algumas sementes pra mim”, afirma.

O fruto geralmente tem 2,5 centímetros de diâmetro e pesa entre 15 e 55 gramas, sendo 40% correspondentes à parte comestível, com uma casca amarela e um caroço em seu interior.

Com um sabor adocicado e marcante, o bacupari possui diversas propriedades medicinais, é rico em vitamina C e antioxidantes, possui propriedades cicatrizantes, digestivas, anti-inflamatórias e anticancerígenas.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

O fruto cultivado por Edgar também tem sido alvo de estudos da Universidade Federal do Paraná e da Univali, já que a produção no Brasil tem crescido nos últimos anos.

Isso se dá pela facilidade de adaptação ao solo e a capacidade de se manter conservado no transporte para distribuição nos pontos de vendas, podendo aguentar até oito dias em temperatura ambiente.

Poucos consumidores

Com apenas 30 árvores produzindo no momento, Edgar encontra dificuldades para vender o produto na região, ainda pouco conhecido e com um preço alto – o agricultor vende a R$ 25 o quilo.

“Depois que a pessoa prova, ela gosta, mas enquanto não conhece, as vendas são difíceis. O próprio dono do mercado acaba se recusando a comprar porque fruta cara é difícil de vender”, comenta.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

O produtor afirma que tem recebido encomendas de outros estados através da página que mantém no Facebook, mas por enquanto não conseguiu fazer nenhuma entrega.

“Ainda estamos com uma produção pequena, por isso não conseguimos atender pedidos em grande escala. Estamos com 150 árvores que começarão a produzir em três anos, aí poderemos pensar em uma produção a nível nacional”, finaliza.

Investimento alternativo

Aos 47 anos e com muita experiência na produção da banana, Edgar encontrou na plantação do Achachairu uma maneira de aumentar seus lucros, já que o preço da banana tem se desvalorizado nos últimos anos.

 

 

Segundo a Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco): enquanto a produção da caixa de 22 quilos da banana nanica tem custado ao produtor entre R$ 9 e R$ 9,50, os preços pagos nas lavouras tem oscilado entre R$ 4,50 e R$ 11,50 em Santa Catarina – uma média de R$ 7,50.

“Comecei a trabalhar com a bananicultura em 1986, antes disso meu pai já cultivava, se eu pudesse, ficaria apenas nesse ramo, mas a crise chegou e pegou todo mundo de surpresa”, afirma.

O secretário de Desenvolvimento Econômico de Corupá, Cristiano Hack, afirma que, como Edgar, os produtores tem tentado intercalar a produção da banana com outros produtos, como a produção de palmito, plantas ornamentais e até o fruto do açaí.

“No momento, a banana está realmente com um preço baixo, mas estamos em buscas de empresas de processamento para aumentar a produção de itens derivados da fruta, como a biomassa, balas, sorvetes, geleias”, afirma. “Tudo isso pode ajudar a aumentar a renda do produtor”, finaliza.

O bacupari boliviano tem grande potencial de cultivo na região, encontrado em árvores que podem atingir até 6 metros de altura.

O fruto está pronto para ser colhido quando a casca adquire coloração amarelo-escuro, indicando que atingiu um bom conteúdo de açúcares.

Em média, cada árvore produz de dois mil a três mil frutos por ano, com colheita prevista entre janeiro e abril.

Além do consumo da fruta, o produtor de Corupá costuma fazer água saborizada com as cascas e licor para consumo próprio e da família.

 

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP