A alta na oferta de banana no país tem prejudicado os produtores da região. Os preços pagos nas lavouras não chegam a compensar os custos da produção.
Segundo a Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco): enquanto a produção da caixa de 22 quilos da banana nanica tem custado ao produtor entre R$ 9 e R$ 9,50, os preços pagos nas lavouras tem oscilado entre R$ 4,50 e R$ 11,50 – uma média de R$ 7,50.
O valor da banana tem sido sujeitos a forte variação ao longo do tempo: ao longo dos últimos dez anos, a caixa do fruto no estado oscilou entre um mínimo de R$ 2,26, em dezembro de 2012, e um pico histórico sem precedentes, de R$ 36,30, em agosto de 2016 – em meio a uma crise climática que afetou severamente a produção.
Em 2018, o preço chegou a um pico de R$ 18,32, em março, antes de despencar a pouco mais de um terço deste valor, com minima de R$ 6,65, em junho.
O bananicultor Marciano Schultz afirma que os investimentos na produção não estão sendo cobertos pelos preços. “A gente nem sabe que rumo tomar, seguimos na insistência”, conta. A falta de recursos da população, na opinião do produtor, também ajuda a agravar a situação.
Para ele, o governo do Estado deveria tomar alguma medida para beneficiar os produtores, incentivando a agricultura. “O que ajudaria bastante seria uma redução nos impostos sobre adubo e outros insumos”, diz.
O preço dos insumos é dolarizado, o que tem sido altamente prejudicial com a alta do dólar que começou em 2016 e passou a retrair na segunda metade do ano passado.
Oscilação dos preços
Segundo a diretora executiva da Asbanco, Eliane Muller, a oscilação dos preços está relacionada com a alta na produtividade nos últimos meses e uma queda no consumo nesta época do ano.
“Estamos cerca de sete meses com baixos preços nas lavouras, que se deve a alta produtividade. Quanto mais fruta eu tenho, mais oferta e automaticamente o preço baixa. Nesta época do ano também temos menos procura por que as escolas estão de férias”, explica.
Ela adiciona que, ao contrário de outros países produtores do fruto, não há um preço mínimo para a banana no mercado nacional – e a alta nos preços em 2016 levou a um aumento considerável na produção em outros estados devido a uma “corrida da banana” conforme produtores buscavam o cultivo que parecia altamente lucrativo.
“Para ter ideia, nós passamos de sermos o segundo maior produtor [do país] para o quinto sem diminuir nossa produção”, conta.
Selo de banana mais doce
Um dos recursos para valorizar a produção local, o selo de “Banana Mais Doce do Brasil”, concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) à região, ainda depende de um plano para a comercialização e padronização da produção, afirma Eliane.
Segundo a diretora, ainda serão necessários mais quatro a cinco anos de adequações e estratégias de mercado antes que o título se torne viável como produto.
“Temos mais de 2.000 bananicultores e a produção precisa seguir um certo padrão, não é só colocar o selo. Não podíamos ainda mexer na comercialização do fruto pois ainda não tínhamos o certificado, e agora estamos estudando o projeto comercial para a identificação geográfica”, conta.
A região recebeu o selo de reconhecimento do INPI no fim de agosto do ano passado. A fruta é mais doce naturalmente, sem modificação genética, devido às características do solo, relevo e clima. A banana reconhecida é a banana nanica, também chamada de caturra.
A fruta além de agradar o paladar pode ser boa pra receitas e indústria alimentícia. Segundo testes, o fruto local é até 25% mais doce. Foram 12 anos de testes e coleta de amostras e documentos pra comprovar que a banana produzida na região é única.
Segundo Eliane, esta característica torna o fruto corupaense altamente valioso para a agroindústria e para a produção artesanal. “Temos clientes na região que afirmam que com as nossas bananas eles usam até 33% menos açúcar comum para fazer geleias”, conta.
O fruto local tem outras vantagens, devido às características climáticas da região. Como a região tem menos luz do que outras áreas produtoras, o fruto tem casca mais grossa e tem maior durabilidade nos mercados, resistindo mais tempo sem estragar.
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