Os novos valores do transporte coletivo de Jaraguá do Sul já estão em vigor para toda a população. O reajuste foi publicado no Diário Oficial do Município na última semana de 2018. A alteração foi feita após a Viação Canarinho solicitar um reequilíbrio financeiro nas passagens.
A tarifa antecipada subiu R$ 0,20, passando de R$ 4,40 para 4,60. Os usuários que não possuem os cartões Canarinho Tem vão pagar R$ 5 no momento do embarque. Esta passagem custava R$ 4,75 antes do reajuste.
O acréscimo de centavos nos valores gera um impacto no bolso de quem precisa usar o transporte coletivo diariamente. A auxiliar de padaria Gabriela Marcondes, por exemplo, pega quatro ônibus por dia. O primeiro é do bairro Jaraguá Esquerdo para o Centro. De lá, ela vai até Guaramirim para chegar ao trabalho.

Gabriela paga quatro passagens por dia e considera as tarifas injustas, principalmente pela estrutura oferecida | Foto Renan Reitz
No fim do dia, ela faz o caminho inverso e retorna para casa. As quatro passagens antecipadas saiam por R$ 17,60 diariamente para Gabriela. Agora, ela vai pagar R$ 18,40. Uma diferença de R$ 0,80 ao dia – o que em um ano fica acima dos R$ 200.
Como o sistema de integração vale apenas para as linhas dentro de Jaraguá do Sul, a auxiliar de padaria tem pagar duas passagens para ir do bairro onde mora até Guaramirim.
Semanalmente, Gabriela vai gastar R$ 92 com transporte público. O montante é maior que o valor de uma cesta básica em Jaraguá do Sul. A última pesquisa realizada pelo Procon em dezembro de 2018 apontava que o consumidor conseguiria comprar os mantimentos essenciais por R$ 49,96.
“A gente praticamente trabalha para pagar o ônibus. Ganho auxílio transporte mas ainda preciso incrementar com dinheiro do meu bolso”, comenta.
A auxiliar de produção Rosilene Regina Avi também acha injusto o aumento no transporte coletivo, principalmente pela falta de estrutura dos veículos. “Está muito caro, subiu demais. Em Jaraguá o preço é mais alto que em cidades como São Paulo, isso é um absurdo. Levei até um susto quando vi a notícia do reajuste”, conta.

Rosilene destaca que transporte coletivo de Jaraguá é um dos mais caros do país | Foto Renan Reitz
Rosilene é moradora do bairro Rio Molha e utiliza o transporte uma vez por dia para voltar do trabalho. No fim do mês, a conta ultrapassa os R$ 100. Pela manhã, ela costuma ir andando até o emprego para economizar.
O preço da passagem embarcada de Jaraguá do Sul se equipara com o valor mais alto de transporte coletivo entre as capitais brasileiras. Brasília ocupa a primeira posição do ranking, com uma tarifa de R$ 5. Em seguida estão Belo Horizonte, com R$ 4,50 e Porto Alegre e São Paulo, com R$ 4,30.
Empresa queria que passagem custasse R$ 5,44
A Canarinho apresentou uma planilha solicitando que o valor da passagem embarcada passasse dos atuais R$ 4,75 para R$ 5,44. No entanto, conforme o secretário de Planejamento e Urbanismo, Eduardo Bertoldi, uma equipe técnica da Prefeitura solicitou novas informações e chegou a um valor diferente do solicitado pela empresa.
“A administração não mediu esforços em avaliar todas as tabelas e planilhas. Chegamos a um outro denominador e não aceitamos o que foi pleiteado pela empresa, mas sim, o que a equipe técnica da Prefeitura encontrou como defasagem real neste período”, destaca o secretário.
Dados apresentados em outubro do ano passado mostraram que entre outubro de 2017 e o mesmo mês de 2018, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) teve uma variação de mais de 8,40% e que havia uma defasagem nos valores das tarifas do transporte coletivo de Jaraguá do Sul.
Os créditos existentes nos cartões Canarinho TEM terão sua validade mantida com base no valor antigo da tarifa até 30 dias a contar do início da vigência do aumento, que foi na segunda-feira, dia 1º.
O último reequilíbrio financeiro do transporte coletivo aconteceu em outubro de 2017, quando a empresa apresentou pedido de atualização de 28,25% nos valores das tarifas. No entanto, o Município concedeu 10%. Na época, a Canarinho alegou ter perdido aproximadamente 200 mil passageiros e um prejuízo financeiro grande.
Novo edital ainda não tem prazo para ser lançado
Bertoldi aponta que nas próximas semanas uma equipe irá se reunir para discutir sobre o novo edital de licitação do transporte coletivo.
“Isso é nossa prioridade. Tem algumas impugnações que precisam ser solucionadas antes de relançar o edital, então é difícil estabelecer um prazo de lançamento”, destaca.
O edital para escolher a empresa que administrará pelos próximos dez anos o sistema de transporte foi suspenso pela Prefeitura em novembro do ano passado. Três pedidos de impugnação contra a concorrência foram protocolados.
Elas envolvem informações técnicas como o estudo e critérios para definição de itinerários e horários, por exemplo. A atual licitação do transporte coletivo está vencida desde 2016 e a Canarinho segue com a concessão.
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