Com a Recuperação Judicial deferida no início do mês pela Justiça, o Juventus iniciou um processo de Recuperação Judicial com o objetivo de reorganizar suas finanças e garantir a continuidade das atividades esportivas.
Em entrevista ao OCP, o escritório Poffo Advocacia, responsável pela condução da medida e também pelo planejamento estratégico do clube, afirma que o pedido busca transparência, viabilidade econômica e a preservação da instituição, que acumula dívidas históricas.
De acordo com levantamento contábil formalizado em 2025, o passivo total é estimado em R$ 10.027.172,63, resultado de obrigações acumuladas ao longo de décadas. A maior parte dos débitos está dividida em quatro categorias principais:
- Dívidas trabalhistas: R$ 2.311.188,55, decorrentes de ações de ex-atletas, membros de comissões técnicas e funcionários, com processos que remontam a 2005, 2012 e 2015.
- Débitos tributários: R$ 3.452.420,52, referentes à inadimplência de tributos federais como INSS e FGTS, além de multas por omissões fiscais.
- Passivo cível: R$ 3.629.899,56, proveniente de execuções de títulos extrajudiciais de gestões anteriores — algumas datadas de 1999, representando mais de 60% dessa categoria.
- Dívidas com terceiros não ajuizadas: R$ 633.664,00, identificadas pela atual diretoria, mas ainda sem formalização judicial.
Plano de recuperação e negociação com credores
O pedido de processamento da Recuperação Judicial já foi deferido pela Justiça. O clube prepara, agora, o plano de pagamento das dívidas, que será apresentado oficialmente em até 60 dias, conforme prevê o cronograma interno do processo.
Embora os valores e prazos ainda estejam em elaboração, a diretoria do Juventus adianta que a proposta incluirá negociações com deságios (descontos sobre o montante total da dívida) e parcelamentos que respeitem a realidade financeira da agremiação.
O objetivo, segundo a gestão, é encontrar uma equação que permita o pagamento dos credores sem comprometer a sustentabilidade do clube.
“Nosso foco é construir uma solução viável e equilibrada, que garanta o cumprimento das obrigações e a continuidade das atividades esportivas”, afirmou a Poffo Advocacia.
Ações para acelerar pagamentos e novas fontes de receita
Entre as medidas estratégicas, o Juventus planeja monetizar ativos e captar novas receitas. O clube estuda parcerias com investidores e negociações com o município de Jaraguá do Sul, incluindo possíveis oportunidades de municipalização de parte de seus bens.
Também está em análise a transformação do clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), modelo que permitiria a entrada de capital privado e facilitaria a quitação de dívidas. A venda de imóveis do clube, já penhorados judicialmente, também é considerada uma alternativa, caso outras soluções não se concretizem.
Além disso, há a possibilidade de destinar um percentual fixo das futuras receitas para o pagamento dos credores — proposta que será avaliada na modelagem final do plano de recuperação.
Importância do processo e perspectivas
O clube considera a Recuperação Judicial um instrumento essencial para o soerguimento econômico da entidade, que enfrenta dificuldades financeiras há anos. “Trata-se de uma medida legítima e necessária, pautada na boa-fé e na preservação da função social do clube”, ressalta a empresa.
Embora a gestão reconheça que a Recuperação Judicial não seja a “única salvação”, reforça que o mecanismo é o caminho mais adequado para superar o passivo e restaurar o equilíbrio financeiro.
Com mais de 50 anos de história, o Juventus aposta na força de sua marca, na relevância regional e no apoio da comunidade jaraguaense para retomar o protagonismo no cenário esportivo catarinense.
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