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Selic a 15% limita investimentos e torna crédito inacessível para micro e pequenas indústrias, avalia Simpi Nacional

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

Por: Pedro Leal

30/09/2025 - 19:09 - Atualizada em: 30/09/2025 - 19:36

Na semana da decisão do Copom sobre a nova taxa Selic, o mercado projeta que os juros devem permanecer no patamar atual, em torno de 15% ao ano. Analistas vêm sinalizando que a taxa poderá seguir elevada por um período prolongado, com expectativa de cortes apenas a partir de 2026, caso as condições macroeconômicas permitam.

Esse cenário, que para o governo representa estabilidade no controle da inflação, tem outro significado para o universo das micro e pequenas indústrias: o de travar investimentos, reduzir competitividade e dificultar a sobrevivência de milhares de negócios no país.

Para Joseph Couri, presidente do Simpi Nacional, associação civil do Sindicato da Micro e Pequena Indústria, o peso dos juros nesse nível é insustentável para empreendedores de menor porte. Mesmo com linhas de crédito oferecidas por bancos públicos e estaduais, o custo final se torna proibitivo.

“Qualquer centavo é muito dinheiro para quem precisa manter sua empresa funcionando. O acesso existe, mas os juros inviabilizam a tomada de crédito, sobretudo para os pequenos empreendedores”, afirma. Ele acrescenta que a dificuldade de financiar capital de giro ou a compra de equipamentos compromete diretamente a capacidade de geração de empregos e inovação, ampliando a desigualdade entre grandes corporações e pequenos negócios.

Diante desse ambiente restritivo, alternativas como consórcios passaram a ganhar espaço como ferramenta de financiamento mais acessível.

O Simpi, por exemplo, firmou parceria com a Unifisa para oferecer taxas de administração reduzidas a seus associados, tornando possível adquirir máquinas e serviços a custos mais baixos que os dos empréstimos tradicionais. Ainda assim, Couri ressalta que medidas paliativas não substituem a necessidade de uma política monetária mais equilibrada, capaz de devolver competitividade ao setor.

“O Brasil precisa de crédito mais acessível para estimular inovação e produtividade. Manter a Selic nesse patamar por um período prolongado sufoca o pequeno empresário, trava o crescimento e gera efeitos colaterais que vão além do setor produtivo, atingindo o emprego e a própria arrecadação do Estado”, conclui o presidente do Simpi.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).