O frango é uma das proteínas mais consumidas no Brasil e no mundo, mas, quando não preparado corretamente, pode representar sérios riscos à saúde. O consumo da carne frango malpassada é um hábito que representa sérios riscos à saúde, principalmente devido à presença de bactérias e parasitas que podem causar infecções alimentares graves.
Assim como em carnes suínas e bovinas de má procedência, as bactérias mais comuns na carne de frango são a Salmonella, Escherichia coli, Campylobacter e o parasita Toxoplasma gondii. Esses microorganismos são verdadeiros perigos microscópicos e podem provocar diversos sintomas, além de complicações mais graves em pessoas com o sistema imunológico comprometido, como idosos, gestantes e crianças.
A nutricionista Bianca De Luca explica que o principal risco ao consumir a carne de frango malpassada é a intoxicação alimentar, que pode ser causada pela presença de vírus, parasitas, bactérias e micotoxinas. Esses microorganismos podem afetar o sistema digestivo e até outros órgãos, gerando complicações sérias.
A especialista ainda conta que o frango é particularmente perigoso quando não é cozido adequadamente. “As carnes propiciam um ambiente positivo para o crescimento de bactérias, e ambientes de abate ou de manipulação que não tenham higiene e cuidados adequados, podem propiciar a disseminação delas, sendo um risco para a saúde”, explica Bianca.
Riscos diretos e sintomas mais comuns
“As bacterias do alimento contaminado competem por alimento com nossas bactérias intestinais, gerando um desequilíbrio na região, assim como inflamações pela presença de toxinas que se produzem. Esse ambiente inflamado e desarmônico desencadeia sintomas como diarreia, gases, vômito, dor de cabeça e fraqueza. Além disso, quando a barreira intestinal não consegue conter os invasores, podem ir para a corrente sanguínea e infectar demais órgãos”, alerta a profissional.
Os sintomas mais comuns de uma intoxicação alimentar causada pelo frango malpassado dependem de três principais fatores, como explica Bianca: o quanto o sistema de defesa da pessoa poderá conter a invasão, a quantidade de microorganismos consumidos e o tipo de microorganismo em questão.
“Quanto mais frágil o organismo, ou quanto maior a quantidade, ou mais perigoso for o invasor, piores serão os sintomas”:
- Salmonella: o período de incubação varia de 8 a 22 horas. Os sintomas mais comuns são náuseas, vômito, dores abdominais com diarreia, podendo ou não haver febre;
- coli enteropatogênica: com período de incubação de 8 a 24 horas e sintoma de diarreia aquosa ou sanguinolenta.
- Campylobacter jejuni: os sintomas aparecem de dois a cinco dias após o consumo, sendo comum sofrer diarreia, cólica, dor abdominal e febre.
- Toxoplasma gondii: depende da região em que os oocistos atingem, podendo ter aumento dos gânglios, febre e cegueira.
É importante ressaltar que a contaminação pode ocorrer apenas em todo o frango, tanto na carne visível como também no na pele e ossos, isso acontece porque as bactérias ficam principalmente nas vísceras, mas na hora do abate, cortes e manipulação para venda, pode haver uma disseminação por contaminação cruzada no ambiente, espalhando por toda a superfície de contato.
Como cozinhar o frango corretamente
A nutricionista explica que existem alguns métodos de cocção que são mais eficazes para garantir que o frango esteja bem cozido e seguro para o consumo, mas que, “primeiramente, é necessário garantir a qualidade de procedência do alimento, comprando de locais certificados por seguirem as regras impostas pelas legislações sanitárias, com sistema de vacinação correto, assim como higiene, limpeza e transportes, e respeitar a validade do rótulo”.
Durante o preparo, ela indica:
- Não lavar a peça, pois esse hábito pode espalhar as bactérias do alimento para utensílios ao redor;
- Deixar marinando com especiarias e cítricos em geladeira durante o período pré-consumo para dar mais sabor e compostos bioativos;
- Garantir que o frango seja aquecido a 74⁰C em seu interior, ou seja, ao cortar, não apresenta mais uma coloração rosada.
Atenção: algumas pessoas acreditam que o frango está “bem cozido” quando a parte externa está dourada, mas o interior continua malpassado. “É preciso garantir que a carne tenha alcançado 74°C por dentro”, reforça Bianca. Isso significa que, ao cortar o frango, a carne deve estar branca. Para ter certeza da temperatura, é possível usar até mesmo um termômetro culinário nesta etapa.
Frango fresco X frango congelado
E sim, existe diferença no risco entre o frango fresco e o frango congelado, já que as bactérias tendem a ter sua ação reduzida quando armazenadas em temperaturas congeladas, como se elas ficassem mais “preguiçosas no frio”, reduzindo ou estacionando sua multiplicação.
“Em temperatura de geladeira, há ainda proliferação das bactérias, mas numa velocidade baixa. Desta forma, o risco existe se a validade não for respeitada, tanto na forma refrigerada quanto congelada”, indica.
O consumo de frango malpassado pode afetar outros aspectos da saúde a longo prazo, além da intoxicação imediata. “A infecção ou intoxicação alimentar tem seus sintomas mais agudos no período de consumo, porém, se o organismo não for novamente cuidado e fortalecido, a microbiota intestinal poderá seguir desarmônica e, com isso, alguns sintomas podem persistir por longo período, como gases, alteração nas fezes e até sensibilidade a alguns alimentos como lactose e glúten, por exemplo”.
Caso uma pessoa tenha consumido frango malpassado, é importante atento aos sintomas. “Sempre que desconfiar da qualidade do alimento consumido ou perceber sintomas no corpo, busque por um hospital para realizar um exame adequado e tratamento. Nunca subestime os sintomas ou se automedique, pois a infecção alimentar é algo grave e que, se não cuidada pode levar à morte”, finaliza a nutricionista.
Com simples cuidados na escolha, no preparo e no controle de temperatura, é possível desfrutar dessa proteína deliciosa de forma segura e saudável.