Todo mundo tem memórias de sabores que fazem retornar aos momentos em família, em torno da mesa. São pratos afetivos, sobremesas de dias especiais, receitas preferidas por todos, que nunca existirão iguais no melhor restaurante do mundo!
O melhor bolo de chocolate, o frango assado da vovó, o pudim de leite da mãe, e tantos outros que persistem em nossa lembrança e nos cadernos de receita. Os cadernos de receitas não são apenas registros das comidinhas preferidas, são fios que nos conduzem pela nossa própria história! Manchados de gordura, empoeirados de farinha, amarelados pelo tempo, os cadernos de receitas têm o poder de resgatar e contar histórias através dos sabores. Além dos ingredientes, do modo de fazer, eles trazem o contexto histórico da família e da sociedade em que está inserida.
Voltando no tempo, vale lembrar que há muitas décadas, a cozinha era território das escravas. Nada era anotado, tudo feito por intuição e experiência. A transmissão era feita oralmente. Com o fim da escravidão, as mulheres não estavam preparadas para a cozinha. Quem tinha criadas nem sabia o que ordenar a elas. Mas, a partir da necessidade, surgiram os cadernos com as receitas registradas. As receitas vinham acompanhadas do nome de uma amiga: “Bolo de Nozes da Juliana”, “Lasanha da Nonna,” e trocadas como algo de valor afetivo.
Com o tempo, as indústrias distribuíram receitas nas latinhas e embalagens, em folhetos e almanaques que eram colados nos cadernos de família. Quanta história documentada entre as receitas; era a sociedade se transformando! Os caderninhos registram o aparecimento dos produtos industrializados, dos ultraprocessados, a chegada do microondas, quem sabe até da fryer!
Por isso, se você tem um caderno de receitas de sua avó, de sua mãe, tem também os registros de como eram seus cafés da tarde, ps almoços de domingo, os aniversários, a ceia de Natal, e pode reviver momentos em família através dos sabores.
No formato de um simples caderno de receitas, com certeza, tem muita história e muito amor.
