A história de Barão de Mauá, o maior empreendedor brasileiro, envolve intrigas, ascensão e queda. Sua vida já foi registrada em livros e, em meio a um enredo tão complexo, ele teve tempo para pavimentar um legado que permanece vivo até os dias de hoje.
Irineu Evangelista de Sousa nasceu no dia 28 de dezembro de 1813, em Arroio Grande, no Rio Grande do Sul. Seu pai, também chamado Irineu, era tropeiro, e sua mãe, Guilhermina, uma mulher de grande coragem e determinação. Em 1821, com apenas 8 anos, o futuro barão perdeu o pai e foi enviado ao Rio de Janeiro para viver com um tio materno, visando melhores oportunidades.
No Rio de Janeiro, começou a trabalhar muito jovem, aos 9 anos de idade, em uma loja de tecidos e ferragens. Demonstrando uma impressionante capacidade para os negócios e uma ética de trabalho inabalável, rapidamente se destacou no comércio local.
Relação com Richard Carruthers e construção do patrimônio
Ainda na juventude, Irineu passou a trabalhar para o comerciante escocês Richard Carruthers. Carruthers reconheceu o talento do jovem e tornou-se seu mentor, ensinando-lhe sobre o comércio internacional e os meandros dos negócios. A confiança mútua entre os dois permitiu que Irineu ganhasse experiência e capital para iniciar suas próprias atividades empresariais.
Com o tempo, Irineu começou a investir em diversos setores, desde a navegação até a indústria. Em 1846, ele fundou a Companhia Ponta da Areia, em Niterói, que se tornou o maior estaleiro do Brasil na época. Sua visão e capacidade empreendedora o levaram a ser um dos homens mais ricos do país.
Barão de Mauá supera a receita do Império Brasileiro
Através de investimentos em infraestrutura, como a construção de estradas de ferro e a instalação de serviços de iluminação pública a gás, Mauá transformou-se em uma figura central no desenvolvimento econômico do Brasil. Em meados do século 19, seus negócios geravam uma receita que superava a do próprio Império Brasileiro, algo sem precedentes na época.
A estimativa é de que, em 1867, sua fortuna fosse da ordem de 115 mil contos de réis, enquanto o orçamento do Império girava em torno de 97 mil contos de réis.
Pioneirismo e legado
Mauá foi um pioneiro em muitos aspectos. Ele construiu a primeira estrada de ferro do Brasil, a Estrada de Ferro Mauá, inaugurada em 1854, que ligava o porto de Mauá à Raiz da Serra, em Petrópolis. Também introduziu a iluminação pública a gás no Rio de Janeiro e foi um dos fundadores do primeiro banco privado do país, o Banco do Brasil.
Sua relação com Dom Pedro II foi complexa. Inicialmente, o imperador apoiou muitas das iniciativas de Mauá, reconhecendo sua importância para o desenvolvimento do país. No entanto, divergências políticas e econômicas eventualmente levaram a um distanciamento entre os dois.
Fim da vida
Nos últimos anos de sua vida, Mauá enfrentou grandes dificuldades financeiras. Suas inovações e investimentos nem sempre encontraram o suporte necessário, e ele foi alvo de intrigas políticas e econômicas que minaram suas empresas. Em 1878, teve que declarar falência. Apesar das adversidades, ele nunca perdeu seu espírito empreendedor.
Irineu Evangelista de Sousa, o Barão de Mauá, faleceu em 21 de outubro de 1889, no Rio de Janeiro, poucos dias antes da Proclamação da República. No fim da vida, sua principal atividade econômica foi o comércio de café.
Seu legado, entretanto, permanece vivo, lembrado como um dos maiores empresários e visionários da história do Brasil. Suas realizações foram fundamentais para a modernização e o desenvolvimento econômico do país, e sua vida continua a inspirar novas gerações de empreendedores.