Richard Francis Burton, o aventureiro, militar e linguista que viveu no Brasil

Richard Francis Burton

Foto: Domínio Público/Wikimedia Commons

Por: OCP News Joinville

02/09/2024 - 08:09 - Atualizada em: 02/09/2024 - 08:48

Richard Francis Burton (1821-1890) foi uma das figuras mais fascinantes e multifacetadas do século 19. Conhecido por sua vasta gama de habilidades, ele se destacou como explorador, aventureiro, linguista e tradutor.

Sua vida foi marcada por uma incessante busca por conhecimento e pela exploração de culturas distantes, o que o levou a empreender expedições por diversos continentes, incluindo a América do Sul, onde viveu por um período no Brasil.

Nascido em Torquay, Inglaterra, Burton desde cedo demonstrou um intelecto aguçado e uma notável aptidão para línguas. Sua carreira militar o levou ao Oriente Médio e à Índia, onde se destacou como oficial e estudioso. Foi durante esse período que ele se aprofundou no estudo das línguas e culturas orientais, adquirindo fluência em árabe, persa, hindu e muitas outras línguas.

 

 

Peregrinação a Meca e expedições pelo Rio Nilo

Um dos momentos mais marcantes de sua vida foi sua viagem a Meca, disfarçado como um peregrino muçulmano, uma façanha perigosa e sem precedentes para um europeu na época. Este evento selou sua reputação como um dos maiores exploradores de sua era.

Burton também é amplamente conhecido por sua tentativa de encontrar as nascentes do rio Nilo, um dos grandes mistérios geográficos da época. Em 1857, ele partiu em uma expedição à África Oriental, juntamente com o também explorador John Hanning Speke, para tentar resolver essa questão.

Durante a expedição, Burton e sua equipe enfrentaram inúmeras dificuldades, desde doenças até confrontos com tribos locais. Em um desses encontros, Burton foi gravemente ferido por uma lança que atravessou seu rosto, deixando uma cicatriz permanente.

Apesar do ferimento, ele continuou sua jornada, mostrando uma incrível resistência física e determinação. Embora não tenha conseguido encontrar a nascente do Nilo, essa expedição consolidou sua fama como um dos mais audaciosos exploradores de seu tempo.

 

Passagem de Richard Francis Burton pelo Brasil

Após suas aventuras na África e no Oriente Médio, Burton foi designado como cônsul britânico em Santos, no Brasil, em 1865. Durante sua estadia no Brasil, ele viveu com sua esposa Isabel Arundell Burton e se dedicou a diversas atividades que iam muito além de suas obrigações consulares.

No Brasil, Burton continuou sua paixão por explorar e documentar culturas e línguas. Ele viajou extensivamente pelo interior do país, explorando áreas da Amazônia e do Mato Grosso. Seu interesse pela etnologia e pelos povos indígenas brasileiros foi evidente em suas publicações, onde descreveu com detalhes as tradições, os costumes e as línguas das tribos que encontrou.

Um dos legados mais significativos de Burton no Brasil foi sua tradução da obra-prima de Luís de Camões, Os Lusíadas, para o inglês.

A tradução de Burton é considerada uma das melhores e mais fiéis interpretações da epopeia portuguesa, destacando-se tanto pela precisão quanto pela poética. Seu trabalho não foi apenas uma tradução literal, mas uma verdadeira obra de arte literária, que capturou o espírito e a grandiosidade da obra original.

 

Homem do Renascimento

Richard Francis Burton deixou o Brasil em 1869, continuando sua carreira diplomática em outros países, mas as marcas de sua passagem pelo Brasil permanecem como testemunho de sua incansável curiosidade e seu talento como linguista e explorador.

A vida do aventureiro inglês foi uma extraordinária jornada de descobertas, não apenas de terras distantes, mas também das profundezas da alma humana e das vastas possibilidades do intelecto. Burton é lembrado como um verdadeiro homem do Renascimento, cuja contribuição para a literatura, a etnografia e a exploração geográfica continua a inspirar até hoje.

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