O suor é um regulador fundamental para baixar a temperatura corporal. Na medida que ocorra uma elevação da temperatura que se torne perigosa para a vitalidade das células, ele será acionado. Quem coordena esta ação é o hipotálamo cerebral e o sistema nervoso simpático.
Este controle é perfeito, pois será criado um ponto de suor para baixar um nível de temperatura. A desproporção entre produção do suor e a necessidade é um erro e pode ser chamada de hiperidrose. Esta condição deve ser dividida em hiperidrose primária e secundária.
A primária é um erro que vem com o indivíduo, portanto é uma alteração genética do sistema de controle do calor, podendo ser hereditária; a outra é chamada de secundária, uma alteração endócrina, infeciosa, tóxica, relacionada ao índice de massa corpórea aumentado, entre outras.
Como o tratamento é diferente para cada uma, o grande detalhe está em diferenciar elas e definir qual a melhor linha terapêutica. A hiperidrose primária apresenta um suor localizado nas axilas, mãos, pés e crânio facial.
Geralmente é incontrolável, podendo piorar com ansiedade, calor ou atividades sequenciais, neste tipo o tratamento vídeo cirúrgico é amplamente indicado em todos os cantos do mundo. A secundária apresenta um suor difuso, podendo aparecer no abdômen, nas costas, na região infra mamária, na virilha e nas coxas, geralmente ocorre mais no verão ou em atividades físicas.
Ela pode ser pura ou associada à hiperidrose primária, aqui o tratamento geralmente será o clínico. Atento aos refinamentos em cima deste diagnóstico e do seu tratamento, a vídeo cirurgia sobre o nervo simpático ainda é o que apresenta menores riscos e as mais altas taxas de sucesso definitivo.
Entre meados de 1990 até 2007 ocorreu a evolução técnica da cirurgia, nestes últimos anos até os dias atuais, ao meu ver, a mudança concentrou-se na busca da melhor qualidade de vida após a cirurgia. Esta qualidade de vida dependerá do balanço entre os resultados em cima do suor em excesso, que trouxe o paciente ao consultório, e a mínima taxa de complicação.
Analisando as taxas de sucesso, o suor axilar e palmar melhoram acima de 95%, o odor axilar obtém uma melhora acima de 80% e o rubor e suor crânio facial obtém taxas acima de 70% de melhora.
Dentro das complicações à hiperidrose compensatória – que é um suor localizado geralmente no abdome e costas – podendo ser leve, moderada ou intensa, deve ser colocada no topo, como a principal culpada dos casos de insatisfação no pós-operatório.
A busca pela melhoria da qualidade de vida se fundamenta em uma consulta e exames, onde o diagnóstico pode ser definido entre os tipos de suor em excesso (primário ou secundário), naqueles casos onde a indicação vídeo cirúrgica é o tratamento de escolha, torna-se fundamental a observação de alguns critérios que selecionarão os pacientes aptos ou não aptos para este tratamento; a contraindicação se deve à probabilidade alta de se ter a hiperidrose compensatória intensa.
Por este motivo é de vital importância tratar previamente das alterações do Índice de Massa Corpórea ou popularmente falando, a obesidade. Hoje em dia quando a cirurgia é indicada como uma opção de tratamento, podemos observar que 98% duram 45 minutos e podem ter alta no mesmo dia.
Estes dados foram encontrados aqui em Jaraguá do Sul, obtidos por um acompanhamento pós-operatório com 10 dias, 30 dias, seis meses e 1 ano. Após quase 20 anos em Jaraguá do Sul, com mais de 2 mil cirurgias para o tratamento do suor, posso dizer que o mais importante não é a cirurgia, mas sim o entendimento sobre todos os temas que permeiam o suor excessivo.
Só após uma consulta esclarecedora é que se pode optar pela melhor forma de tratar esta patologia, seja clínica ou cirúrgica. Patologia esta que gera problemas tão íntimos, atormentando o dia a dia de muitas pessoas. Esta fobia social que muitas vezes surge, ora mais intensa, ora menos, só é realmente sentida pelos portadores da hiperidrose e de seus familiares.
O momento ideal para procurar um especialista será aquele onde o indivíduo começa a ter percepção do problema, seja uma criança ou um adulto.
Autor
Mestre em Cirurgia Torácica
CRM: 8611 SC
Presidente da Sociedade Catarinense de Cirurgia Torácica
Leia mais sobre o autor clicando aqui
