Após uma reportagem sobre uma disputa entre taxistas e motoristas de aplicativos, o jornal O Correio do Povo foi procurado por profissionais que atuam no Terminal Rodoviário de Jaraguá do Sul.
Apesar de admitir que houve um desentendimento entre um colega e um motorista Uber, o taxista Rodrigo Pinto, 39 anos, que atua no ponto da rodoviária, conta que há uma série de práticas que vêm fomentando um desagrado com a situação na área de embarque e desembarque do local.
Rodrigo explica que, no caso em que um motorista Uber disse ter sido agredido, a passageira do aplicativo sentou na área destinada aos passageiros dos táxis e se recusou a sentar no banco destinado aos outros passageiros ao ser abordada por ele.
“Ela disse que estava esperando o motorista, quando estava chamado o Uber. Depois, disse que eu tinha inveja dos motoristas do aplicativo. Quando o motorista chegou, dissemos o quanto era feio ela mentir e o motorista do Uber tentou sair do carro com um cassetete na mão”, afirma.
Um colega de Rodrigo teria impedido o condutor de sair do carro e houve uma discussão. Ele não soube afirmar se houve uma agressão, mas conta que o motorista de aplicativo ficou dentro do automóvel.
“Muitas pessoas ficam chamando o aplicativo fora da área de embarque e desembarque. As pessoas podem ficar ali, mas a gente orienta para ficar no outro banco. Muitas vezes, as pessoas veem o motorista do aplicativo chegando e se atravessam no meio da entrada da rodoviária. Daí, vem um carro atrás e tranca tudo”, comenta.
O taxista conta que outras situações semelhantes se repetem no Terminal Rodoviário. Segundo ele, é o único ponto em que ocorrem conflitos entre as duas modalidades de transporte.
“A gente não está implicando por causa da concorrência. A gente está implicando porque muitos deles vão na plataforma dos ônibus oferecer corrida, vão nos guichês oferecer para os funcionários. Os motoristas de aplicativo vêm aqui no banco do táxi abordar as pessoas e até param na fila do táxi”, descreve. “E as pessoas vão até ele e não vão cobrar pelo aplicativo. Eles vão cobrar como um táxi”, completa.
O taxista afirma que a questão da concorrência já foi superada e confessa que houve um atrito no início da atividade dos motoristas Uber em Jaraguá do Sul.
Para ele, é uma questão que não tem volta, mas reclama que os motoristas de aplicativo não estão respeitando o espaço dos táxis e cobra uma regulamentação específica para essa categoria.
“Eles têm muito mais liberdade do que nós. Anualmente, temos que pagar o Imposto Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN), o alvará sanitário, passar por inspeção do Inmetro, a polícia verifica nossos carros. E eles não! Daqui a pouco, eles vão querer vir aqui no nosso ponto e ligar a televisão”, reclama.
Motorista de aplicativo defende denúncias
O motorista de aplicativo Anderson Costa da Silva, 25 anos, não estava no local no momento da suposta agressão, mas reafirma que o colega que se envolveu na ocorrência recebeu tapas e que foi realizado um boletim de ocorrência.
Anderson, que assume posição de representante da categoria, desmente a versão de que o motorista tinha um cassetete. Para o motorista, o colega falou sobre as agressões e o fato com tanta certeza que não acredita de nenhuma forma na versão apresentada pelo taxista.
Segundo Anderson, os taxistas que fazem ponto na rodoviária não querem diálogo. Sobre as denúncias, ele pede que sejam comprovadas com vídeos.
“Eu estou na pista trabalhando e não posso ficar olhando o que os motoristas fazem. Isso pode ser invenção deles? Pode. Pode ser verdade? Também pode. Mas, pra eu tomar uma atitude, eu sugiro que façam vídeos. Ele pega o celular e, quando o motorista começar a situação, começa a filmar. Filma a placa do veículo, o rosto do motorista. Falei com o presidente do sindicato, mas até agora não recebi nenhum, vídeo”, constata, ao dizer que, se os taxistas quiserem marcar uma reunião, os motoristas de Uber irão.
Uber emite nota sobre o caso
Após a publicação da primeira reportagem sobre a questão dos motoristas de aplicativos e taxistas no Terminal Rodoviário de Jaraguá do Sul, a assessoria de imprensa da Uber enviou uma nota para a redação do jornal O Correio do Povo.
A empresa explica que “considera inaceitável o uso de violência”. Para a empresa, “qualquer conflito deve ser administrado pelo debate de ideias entre todas as partes. Todo cidadão tem o direito de escolher como quer se movimentar pela cidade, assim como o direito de trabalhar honestamente”.
A nota também comenta a fala do presidente da Associação dos Motoristas Autônomos da Região do Vale do Itapocu (Amarve), Eliseu Petry, sobre a Uber não pagar impostos.
“Como empresa legalmente constituída no Brasil, está em dia com os impostos devidos para operar no País. Só em 2017, a Uber pagou R$ 972 milhões em tributos, tanto federais (como PIS, Cofins e Imposto de Renda) quanto municipais (como o ISS e contribuições municipais exigidas por regulações locais)”.
Quer receber as notícias no WhatsApp?
- Região de Jaraguá do Sul – Clique aqui
- Região de Joinville – Clique aqui
- Região de Florianópolis – Clique aqui