Oito mulheres foram assassinadas por discriminação de gênero em Santa Catarina em janeiro de 2022, uma média de um crime a cada quatro dias.
Esse é o maior número de ocorrências registradas para o mês desde 2015, quando entrou em vigor a lei do feminicídio.
Os dados são da SSP (Secretaria de Segurança Pública) e estão disponíveis na plataforma Observatório da Violência Contra a Mulher.
Dos casos registrados em 2022, um deles ocorreu em Jaraguá do Sul.
O primeiro homicídio ocorrido no município no ano aconteceu na noite do dia 26 de janeiro, em um bar no quilômetro 86 da SC-110, no bairro Rio Cerro II.
O suspeito de matar Patrícia Correa, de 43 anos, confessou a autoria do crime.
Em depoimento dado à Polícia Civil, Aníbal Damião, de 54 anos, disse que a discussão que motivou a morte ocorreu por causa de ciúmes da vítima.
A mulher foi morta com um tiro na nuca e o corpo ficou caído na frente do estabelecimento.
De acordo com o delegado Marcelo Schiebelbein, uma testemunha contou que Aníbal e Patrícia estavam no banco de trás de um Citroën C3 e começaram uma discussão.
Ao chegar no local, o motorista contou que eles desceram do veículo e que o suspeito sacou um revólver e atirou na vítima.
Equipes do Corpo de Bombeiros Voluntários e do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram chamadas, mas ela não resistiu ao grave ferimento e morreu antes da chegada das equipes de emergência.
Após serem informadas do crime, guarnições da Polícia Militar foram até o local. Buscas foram realizadas e o suspeito foi encontrado nas proximidades do pórtico turístico.
Aníbal foi preso com a arma utilizada no crime, um revólver calibre .32. O suspeito foi encaminhado para a Central Regional de Plantão Policial de Jaraguá do Sul, onde foi autuado por homicídio qualificado por feminicídio, motivo fútil e mediante recurso que impossibilitou a defesa da vítima (tiro por trás).
Ele também vai responder pelo crime de posse ilegal de arma de fogo.
Aumento de 300%
Houve um aumento de 300% no número de homicídios em janeiro de 2022 em comparação ao mesmo período do ano passado.
Em 2021, o Estado teve duas vítimas de feminicídio no mês de janeiro.
Até então, o maior número de assassinatos de mulheres por serem mulheres era de seis mortes, nos meses de janeiro de 2015 e de 2019.
Além dos casos de feminicídio no primeiro mês de 2022, Santa Catarina registrou no mesmo período 77 ocorrências de estupro e 1.537 de lesão corporal dolosa.
Só em 2021, 19.702 medidas protetivas foram requeridas no Estado, de acordo com o TJSC.
Observatório da Violência Contra a Mulher
Aprovado em 2015 na Alesc e implementado em 2021, o observatório é um sistema que integra informações de violência contra a mulher em Santa Catarina.
Além de dados sobre feminicídios, ocorrências de estupro e de lesão corporal, o site traz informações como legislações, decretos e projetos em tramitação relacionados às mulheres, tanto no âmbito federal como no estadual e municipal.
As diretrizes do observatório estão sustentadas pelos pressupostos da Lei Maria da Penha e pelo Pacto Estadual Lei Maria da Penha firmado, em 2018, entre a SDS, Assembleia Legislativa, CEDIM, Casa Civil, Tribunal de Justiça de Santa Catarina, Ministério Público do Estado de Santa Catarina, Defensoria Pública do Estado de Santa Catarina e Federação de Consórcios, Associações e Municípios de Santa Catarina.