Sargento da PM fala do período de três anos que passou na Força Nacional de Segurança

Por: Claudio Costa

27/08/2017 - 09:08 - Atualizada em: 27/08/2017 - 09:45

Nascido em uma família com tradição militar, Adenilson Waldmann, 44 anos, teve a influência da mãe para se tornar policial. Natural de Canoinhas, o hoje sargento ingressou na corporação em 1993, no 3º Batalhão de Polícia Militar. Depois de trabalhar em São Bento do Sul e Barra Velha, Waldmann chegou em Jaraguá do Sul em 2004. O PM já trabalhou no policiamento ostensivo, na Agência de Inteligência, o chamado serviço reservado ou P2, e também no GRT (Grupo de Resposta Tática), o atual Pelotão de Patrulhamento Tático, por oito anos.

Um destaque na carreira de Waldmann foi o período de três anos que passou na Força Nacional de Segurança Pública, equipe de elite formada por policiais militares de todos os cantos do Brasil. “Eu tentei algumas vezes fazer parte do quadro da Força Nacional. Eu participei de uma seleção e fui escolhido. Em todo o Estado são selecionados 20 policiais. Eu passei em segundo lugar em 2014”, revela o sargento, ao explicar que são realizados basicamente testes físicos nas seleções.

Sargento explicou que são realizados basicamente testes físicos nas seleções | Foto Arquivo Pessoal

Os 20 melhores colocados são enviados para um nivelamento no Batalhão da Força Nacional de Segurança Pública no Distrito Federal. “Lá, a gente permanece por três semanas tendo aulas diárias. Existiam provas físicas, de tiro, de condução de viatura e uma série de testes que você tinha que finalizar”, lembra Waldmann, ao relatar que fez cursos no Batalhão de Choque. No Rio de Janeiro, ele fez um estágio de aplicações táticas em favela com a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil.

Além de reforçar a segurança na Copa do Mundo e nos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiro, o policial militar foi convocado para missões em diversas partes do país. “Trabalhei no apoio de forças locais em Rondônia, Roraima, Rio Grande do Norte, Mato Grosso, Rio Grande do Sul. Em cada local que você ia, era uma missão diferente. Trabalhei em presídios, em terras indígenas, na proteção de áreas ambientais”, relata Waldmann, ao ressaltar que o maior desafio estava na saudade da família.

Maior desafio estava na saudade da família, disse Waldmann | Foto Arquivo Pessoal

Segundo Waldmann, muitos policiais militares não conseguiam sequer ficar um mês na força. A maior parte das ações é realizada em situações de crise, ou seja, onde haviam conflitos eminentes. “Em muitos locais nós éramos bem recebidos. Em alguns lugares não, porque a polícia inibia muitas ações que existiam quando não tinha policiamento. Conforme a necessidade do local, em um dia era preciso montar suas coisas e seguir viagem”, enfatiza o PM.

MOMENTO DIFÍCIL NA CAPITAL 

Em Porto Alegre, Waldmann lembra que a chegada da Força Nacional foi comemorada pela população. Na capital gaúcha, ele passou por um dos momentos mais intensos. “Era 20h30 e a gente estava fazendo um patrulhamento na avenida Bento Gonçalves. Nós nos deparamos com um assalto a ônibus. Os passageiros gritaram e o motorista deu sinal de luz. Comuniquei uma viatura que estava atrás, fizemos a abordagem e detivemos os três elementos, um maior e dois menores. Recuperamos todo o material das vítimas e levamos todos para a delegacia, que estava lotada pela falta de vagas nos presídios”, narra o sargento.

“Ficamos esperando para fazer o boletim de ocorrência e, por volta das 2h30, nós fomos jantar. Quando saímos, cerca um quilômetro da delegacia, nós paramos em um semáforo e vieram dois veículos do lado esquerdo. Eles estavam fugindo de uma troca de tiros com a Brigada Militar. Eles viram nossa viatura e recebemos mais de 30 tiros. Saímos para não nós nos tornarmos alvo fácil e revidamos. Fomos atrás dos indivíduos e entramos numa favela, mas não conseguimos encontrá-los”, lamenta o PM, ao contar que dias depois o chamado “Bonde do Terror” matou um soldado do exército em um ponto de ônibus.