Quantidade de homicídios em Joinville está relacionada com o crime organizado, aponta DIC

Operação da DIC contra o crime organizado | Foto Polícia Civil/Divulgação

Por: Gabriel Junior

12/05/2018 - 06:05 - Atualizada em: 12/05/2018 - 09:16

Em Joinville, a maioria dos homicídios está relacionada com o crime organizado, segundo análise e acompanhamento de casos realizada pela DIC (Divisão de Investigação Criminal). Desde o início de 2018 até agora, foram 34 homicídios em Joinville, ou seja, um assassinato a cada 3,8 dias.

Muitos desses crimes ainda estão sendo investigados, mas a Polícia Civil não tem dúvida que a maior parte dos homicídios ocorre por causa da guerra entre as facções inimigas – PCC (Primeiro Comando da Capital) e PGC (Primeiro Grupo Catarinense) – para dominar o tráfico de drogas. Há também questões “ideológicas” entre os grupos rivais.

O simples fato de ser integrante da facção rival já é suficiente para ser morto, destaca o delegado Fábio Estuqui, responsável pela divisão especializada de investigação, que falou com exclusividade para a Rede OCP News. “São mortes para eliminar o grupo rival ou do próprio membro do grupo que descumpriu ordens dos líderes”, afirma.

Segundo o delegado, a origem dos grupos são semelhantes – nasceram no interior do sistema prisional. “A principal fonte de renda das facções é o tráfico de droga, por isso a disputa por território. Contudo, outros crimes estão relacionados com as facções, como por exemplo, os furtos e roubos de veículos que servem de moedas de troca por drogas. O dízimo é outra fonte de arrecadação das facções cada integrante do grupo deve colaborar financeiramente para fortalecer a organização criminosa”, explica Estuqui.

Em 2015, a DIC de Joinville coordenou uma das maiores investigações contra o crime organizado | Foto Polícia Civil/Arquivo

Definição de organização criminosa

A Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013, define o conceito de organização criminosa: “Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional”. A pena para quem promove, constitui, financia ou integra organização criminosa, é de reclusão, de três a oito anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.

Operação da DIC: principais líderes das facções estão presos | Foto Polícia Civil/Arquivo

Investigações e prisões de líderes de facções 

Segundo a DIC, os principais líderes das facções estão presos, mas eles conseguem se comunicar com os membros que estão em liberdade, por meio das visitas que são realizadas na cadeia. Hoje o sistema prisional em Joinville está dividido entre o PGC e PCC. “É um ‘barril de pólvora’ que pode explodir a qualquer momento”, enfatiza o delegado Fábio.

Em 2015, a DIC de Joinville coordenou uma das maiores investigações contra o crime organizado denominado PCC. Foi uma força-tarefa com a Polícia Militar e Ministério Público. Na ocasião, as principais lideranças do PCC foram presas.

Em Joinville, de acordo com a DIC, o PGC domina os bairros Ulysses Guimarães, Fátima, Adhemar Garcia, Itinga, Jardim Iririú e Aventureiro. O PCC está mais presente no bairro Jardim Paraíso, mas enfraqueceu em razão das prisões ocorridas em 2015.

Operação da DIC para coibir ações dos membros de facções criminosas | Foto Polícia Civil/Arquivo

Motivo de atenção e atuação intensa

“O domínio das facções é tão grande que posso afirmar que atualmente todos os traficantes estão ligados às facções”, acrescenta o delegado. A DIC de Joinville vê a situação de Joinville com grande preocupação, principalmente com a aproximação do PGC com facções cariocas.

“Para se fortalecer, o PGC está buscando ‘parcerias’ com grupos de outros estados da federação, principalmente os rivais históricos do PCC”, cita o delegado, que lembra ainda que no mês de novembro de 2017 houve o ingresso na Penitenciária [de Joinville] de duas armas e 27 facas que seriam usadas pelo PGC para matar os detentos da facção rival.

Agentes da Delegacia Geral e da Delegacia Regional de Joinville estão trabalhando no planejamento e desenvolvimento nos serviços de inteligência para coibir as ações dos membros de facções criminosas.