Frios, calculistas e perigosos, irmãos Fuckner devem ser julgados no início de 2019

Dupla foi encontrada no Paraná nove meses após o crime | Foto: Cláudio Costa/OCP News

Por: Claudio Costa

25/09/2018 - 17:09 - Atualizada em: 26/09/2018 - 08:32

Descritos como frios, calculistas e perigosos, os irmãos Patrick e Jonatan Machado Fuckner, de 19 e 21 anos, assassinos confessos do taxista Allan Tietz, podem ser julgados ainda no início de 2019. A previsão foi feita pelo promotor titular da 3ª Promotoria de Justiça, André Teixeira Milioli, em entrevista à Rede OCP News.

Na denúncia feita a 2ª Vara Criminal da Comarca de Jaraguá do Sul, Milioli acusou a dupla por latrocínio (roubo seguido de morte) e por ocultação de cadáver. Se condenados, o promotor acredita que os dois possam pegar até 25 anos de prisão em regime fechado.

A tese de acusação deve dar destaque para o crime de latrocínio, com pena de 20 a 30 anos, com uma narrativa em que serão ressaltadas a dissimulação por parte dos dois acusados e a impossibilidade de defesa por parte da vítima.

“Estavam os dois no veículo e, enquanto um dava as facadas, o outro segurava a vítima pelo banco de trás. Então, isso apimenta mais um pouco essa conduta e, por consequência, na minha visão, merece uma reprimenda mais grave”, ilustra.

Milioli explica que os crimes praticados por Patrick e Jonatan exige que seja adotado o rito ordinário, o mais amplo dentro do Judiciário. Como a denúncia foi recebida e aceita pelo magistrado no dia 6 de setembro, pelo prazo legal é possível que as testemunhas comecem a ser ouvidas em juízo no início de novembro.

“É claro que a gente pode ficar à mercê de alguma carta precatória, de algum depoimento que seja colhido em outra cidade”, comenta.

O promotor explica que, após as testemunhas e acusados serem ouvidos pelo juiz, o processo terá uma nova etapa: as alegações finais. O rito jurídico exige que defesa e acusação realizem, cada um, uma fala de aproximadamente 20 minutos, com possibilidade de prorrogação de dez minutos.

“Na minha expectativa, eu acredito que a gente pode contar com um julgamento até o início de 2019, entre janeiro e fevereiro, com a possibilidade dessa data ser antecipada pela repercussão do caso”, explica.

Um crime grave com uma motivação banal

Os irmãos Fuckner são descritos pelo promotor como “elementos extremamente frios, calculistas e perigosos, por consequência”. Milioli ressalta que o latrocínio é um crime hediondo, “um dos crimes mais graves que a gente pode vislumbrar, quando você mata para subtrair o patrimônio”.

Além de ser hediondo, o promotor lembra que o crime teve uma motivação banal. “O que eu consegui aferir é que eles premeditaram isso, agiram de uma forma dissimulada, simulando que estariam contratando uma corrida de táxi, mas, na verdade, ao longo do trajeto, levaram a vítima para um lugar ermo afim de darem cabo da vida dela e subtrair os patrimônios”, afirma.

Os patrimônios levados pelos irmãos Fuckner dão a dimensão da banalidade do crime, segundo o promotor. Durante o crime, foram furtados a carteira, o celular e o veículo usado pelo taxista para fazer uma corrida, um Renault Logan.

Táxi foi abandonado em Curitiba | Foto: Arquivo Pessoal/OCP News

“O carro, tirando a vida, é claro, que seria o bem de maior valor, mas foi abandonado horas depois. Então, eles queriam provavelmente se locomover até lá e, para isso, na cabeça deles, não há problema em tirar uma vida afim de não pagar a corrida e, ainda, subtrair os bens dela”, analisa o promotor.

Patrick e Jonatan são apontados pelo promotor como indivíduos que têm uma tendência a seguir o caminho do crime. Milioli lembra que os dois, com poucos dias de residência em Jaraguá do Sul, já estavam envolvidos com o tráfico de drogas.

“Eles foram abordados, na eminência de um crime de tráfico, não se sabe se comprando ou vendendo. Então, a pessoa que mata por patrimônio, se está inserida na narcotraficância, olha a quantidade de vidas que estão sendo ameaçadas, tanto usuários como o que for preciso para aferir dinheiro”, evidencia.

Taxista assinou sentença de morte ao aceitar corrida

O taxista Allan Tietz, de 24 anos, aceitou fazer a corrida até Curitiba para a dupla assassina no dia 22 de novembro de 2017. Os contratantes, depois de ligarem para diversos taxistas e motoristas de Uber, conseguiram convencê-lo dizendo que precisavam ir a um funeral.

Horas depois, a família de Allan estranhou seu desaparecimento e logo uma rede começou a ser formada em busca do taxista. O veículo foi encontrado depenado no dia seguinte e com marcas de sangue, em Curitiba. As buscas se intensificaram e, após seis dias de procura, o corpo foi encontrado em uma pequena estrada paralela à BR-101, em Garuva, no Norte de Santa Catarina.

Dentro do veículo foram encontrados um bilhete de pedágio e um recibo de pagamento de crédito de celular. No local da compra, os policiais civis encontraram as imagens do momento da compra e identificaram os dois suspeitos de matar o taxista.

Durante meses, agentes da DFR, com o apoio das polícias Civil e Militar do Paraná e Santa Catarina, realizaram diversas diligências para encontrar os suspeitos. Após nove meses, os policiais encontraram os dois na Vila Parolin, favela localizada na região central de Curitiba. Ambos já estão recolhidos ao Presídio Regional de Jaraguá do Sul.

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