Uma mulher foi salva por policiais militares em uma ocorrência de tentativa de suicídio em Joinville. O caso aconteceu em 12 de maio deste ano, no Dia das Mães, no bairro Ulysses Guimarães. Segundo a Polícia Militar, ela estava ameaçando tirar a própria vida em uma residência.
A guarnição do soldado Gabriel Oliveira e do soldado Welber atendeu a ocorrência após chamado feito para o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar. Eles foram os primeiros policiais militares a chegarem no local e se depararam com a situação tensa. A mulher estava sentada em um sofá com uma faca pressionada contra o próprio corpo.
“Quando a gente chegou no local, o marido da vítima estava lá na frente da residência. Ele disse que a companheira estava muito emotiva por causa do Dia da Mães. Ela estava afastada de uma das filhas e da mãe que morava em outra cidade. Então, pegou uma faca de churrasco, com uma lâmina grande, e pressionou contra o abdômen”, conta.
Ao confirmar a situação e ver que a mulher estava falando em cometer suicídio por causa da distância da mãe e da filha, a guarnição iniciou os protocolos de primeira intervenção. Através do diálogo, Gabriel buscou ganhar a confiança dela e, desse modo, fazer o gerenciamento do risco.
“A Polícia Militar tem diversos procedimentos que nos orientam durante as ocorrências. Quando o policial militar se depara com suicidas portando armas de fogo ou armas brancas, há alguns passos que devem ser seguidos. O primeiro deles é iniciar a negociação com segurança, afastando terceiros que possam se lesionar, e estabelecer a primeira ancoragem com essa pessoa”, afirma.
“É preciso fazer a negociação pegando pontos de apoio que façam ela repensar aquela situação, não ficar falando sobre o cenário com a faca ou a arma, escutar o máximo possível para entender o problema pelo qual ela está passando e utilizar isso para negociar. O protocolo também fala sobre exigências, mas é um momento em que é preciso ter muito cuidado porque a pessoa pode ter um gatilho para o cometimento do suicídio”, completa o policial, ao contar que há casos documentados em que a pessoa pede a presença de uma pessoa querida para se despedir e, em seguida, cometer o suicídio.
Enquanto Gabriel construía as bases da negociação, Welber retirava duas menores do local, uma menina e um bebê, ambas filhas da mulher. Durante a conversa, ela pediu para ver a mãe que mora em uma cidade no Sul de Santa Catarina. Como o procolo ressalta a importância de não mentir para a pessoa e, com isso, não quebrar o vínculo de confiança, o PM fez uma promessa.
“Eu prometi que o meu comandante de policiamento iria tentar entrar em contato, mas não prometi que apresentaria a mãe dela. Em troca, eu pedi para ela despressurizar a faca do abdômen. Ela estava sentada em um sofá distante de mim e, por isso, não poderia tentar nenhuma ação”, explica.
Uma segunda equipe, formada pelo soldado Ruas e pela soldado Naiane, chegou no local para dar apoio para a ocorrência. Gabriel conta que a chegada da policial feminina foi muito importante para o desenrolar do caso, com a mulher se voltando para Naiane para perguntar se a PM tinha filhos, por exemplo. Porém, o tempo estava passando e a mulher havia exigido a chegada da mãe até às 3h do dia 13 de maio.
“A soldado Naiane também começou a estabelecer um vínculo de confiança com a mulher. Mas o protocolo exige que o policial militar que iniciou a negociação fique até o final. Durante a conversa com a Naiane, ela se moveu da sala e foi até a cozinha. Esse cômodo tinha uma porta mais próxima dos policiais. Esse foi o momento que eu imaginei a primeira janela de oportunidade”, lembra.
“Ela deu um prazo pra gente e estava bastante lúcida, mesmo estando em uma situação de desespero e dizendo que iria se matar. Ela apontou para o relógio e disse que tínhamos até às 3h para trazer a mãe dela ou iria se matar. A mulher acabou apontando com a mão que estava segurando a faca. Eu recuei porque a faca estava acima da minha cabeça. Se eu errasse a ação, ela poderia me esfaquear”, pondera.
Gabriel conta que a pessoa pode acabar tendo o impulso de esfaquear o interventor pelo simples fato de impedir o suicídio. Ou seja, se ela está tão desesperada a ponto de tirar a própria vida, ela também poderia tirar a de outra.
“Então, eu pensei em distrair ela para erguer a mão novamente. Eu perguntei se haviam mais casas atrás daquela residência e, nesse momento, ela virou para trás. Eu pulei nela e consegui agarrar a faca. Ela caiu no chão e começou a se debater. Nesse momento, a equipe estava pronta para agir e conseguiu tirar a faca dela junto comigo. Depois que a gente tirou a faca, ela caiu em si, começou a chorar, abraçou a soldado Naiane e agradeceu a gente. Graças a Deus o desfecho dessa ocorrência foi positivo”, finaliza.