Polícia Civil investiga se Andreia foi mesmo assassinada por uma discussão banal

Foto: Reprodução/Fábio Junkes OCP

Por: Claudio Costa

08/08/2018 - 10:08 - Atualizada em: 08/08/2018 - 11:00

A Polícia Civil continua investigando as circunstâncias da morte de Andreia Campos Araújo, 28 anos, em Jaraguá do Sul, mas ainda não tem uma conclusão para o caso.

O assassinato, tratado como feminicídio – termo de crime de ódio cometido contra mulher por causa de seu gênero – tem como principal suspeito o companheiro dela, o analista de sistemas Marcelo Kroin, 38 anos.

O delegado que preside o inquérito, Carlos Alberto Cilião Crippa, busca entender o que aconteceu entre Marcelo e a grávida de três meses na casa localizada na rua Neco Spézia, no bairro Jaraguá Esquerdo, na madrugada de domingo (5).

Durante a tarde desta terça-feira (7), Crippa ouviu os parentes de Andreia. Segundo ele apurou, todos estavam em uma festa de aniversário da irmã da vítima ocorrida na noite de sábado (4).

“Ele saiu antes, por volta das 7h, e foi para casa, e ela foi depois. A vítima chegou por volta da 1h em casa. E, em tese, os fatos teriam acontecido durante a madrugada, conforme ele diz”, explica o delegado.

Marcelo disse que estava em casa e assistia televisão no momento em que a vítima o agrediu. Ao delegado, ele admitiu que havia empurrado Andreia. A vítima caiu e bateu a cabeça. “É plausível a versão que ele deu. Quanto a ela ter partido para a agressão, já é outra história.

Talvez ele é quem tenha partido para cima dela. Mas, por enquanto, são apenas suposições”, explica o delegado, ao afirmar que o IGP apontou que o suspeito tinha ferimentos nos braços e uma pequena lesão no olho.

Crippa destaca que ainda não recebeu o laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP). Ele aguarda o documento para confrontar a versão do suspeito com as informações da perícia criminal.

A assessoria de imprensa do órgão explica que o médico-legal encontrou escoriações pelo corpo de Andreia, o que aponta que a vítima foi espancada, o que vai contra a versão do suspeito de ter dado apenas um empurrão na companheira.

A causa da morte apontada pelo legista é traumatismo craniano. Além das marcas de violência no corpo, o perito registrou que Andreia tinha marcas de esganadura no pescoço.

Para a Polícia Militar, na hora da prisão, afirmou que havia dado um soco na vítima e ela teria caído no chão, agonizado e morrido. De acordo com o Instituto Geral de Perícias, o laudo deve ficar pronto em aproximadamente de duas semanas.

De acordo com o delegado, Marcelo confessou ter cometido o crime durante o interrogatório na delegacia.

“Eu deixei ele bem tranquilo para contar tudo o que aconteceu. Disse para ele que era melhor contar toda a verdade do que a gente descobrir tudo depois”, destaca Crippa, ao ressaltar que o suspeito não aparentava nervosismo.

Quebra de sigilo telefônico

Na segunda-feira (6), a Justiça atendeu o pedido do Ministério Público de quebra de sigilo telefônico do aparelho celular de Marcelo Kroin, inclusive de registros de SMS, Whatsapp e outros aplicativos de mensagens.

De acordo com a decisão judicial, foi levada em conta a “importância do acesso a conteúdos digitais para o devido esclarecimento do crime, havendo indícios de utilização do aparelho na prática do crime”.

Ainda de acordo com a decisão judicial, a quebra de sigilo se torna necessária para resguardar o interesse maior da sociedade. O Instituto Geral de Perícias tem um prazo de dez dias para realizar todas as análises necessárias no aparelho.

Dia do crime

Conforme a reportagem já havia apurado na segunda-feira, Marcelo se comportou normalmente na manhã após o assassinato de Andreia, enquanto o crime não havia sido descoberto. Ele estendeu roupas no varal e, inclusive, cumprimentou e conversou com os vizinhos naquela manhã de domingo.

Estranhou o fato do analista de sistemas ter colocado um tapume para impedir a visão do que carregava entre a sua casa e o veículo. O que a vizinhança não sabia era que ele havia enrolado o corpo da companheira em um lençol e o colocou no banco do passageiro do seu Chevrolet Corsa.

Segundo a versão que deu para a PM, por volta das 14h, ele foi para Canoinhas, no Planalto Norte de Santa Catarina, cidade distante 169 quilômetros de Jaraguá do Sul.

Sem saber o que fazer, ele retornou para a sua casa. Uma denúncia anônima levou policiais militares da Agência de Inteligência e do Pelotão de Patrulhamento Tático para o local do crime.

Quando foi abordado pelos PMs, Marcelo chegou a dizer que a companheira estava dormindo. O corpo foi encontrado dentro do automóvel.

Preso na triagem

Após a prisão, Marcelo passou a noite na carceragem da Delegacia de Polícia Civil. No dia seguinte, na segunda, ele foi levado para o Fórum e passou por uma audiência de custódia. A Justiça decretou a prisão preventiva do suspeito e ele foi levado para o Presídio Regional de Jaraguá do Sul.

De acordo com o diretor da unidade, Cristiano Castoldi, Marcelo está na triagem do presídio e o clima é tranquilo na ala, apesar da enorme repercussão nas redes sociais. Ele deve permanecer na triagem por cerca de dez dias e, depois, ser encaminhado para uma das celas do presídio.

Neste período, não pode receber visitas de parentes, apenas do advogado constituído. Segundo o processo, o investigado é representado pelo defensor público Sidney Hideo Gomes.

Quer receber as notícias no WhatsApp?