A Polícia Civil de Jaraguá do Sul abriu inquérito para investigar complicações decorrentes de um procedimento estético realizado em uma clínica da região.
Segundo o delegado regional Eric Uratani, a paciente realizou aplicações nos glúteos e coxas em uma clínica que foi posteriormente interditada pela Vigilância Sanitária. Após o procedimento, ela apresentou dores, febre e lesões, sendo submetida a exame de corpo de delito, que constatou lesão corporal.
De acordo com Uratani, a Delegacia de Polícia da Comarca instaurou o inquérito sob responsabilidade do delegado Luís Carlos Gross. Durante a investigação, serão ouvidas testemunhas, a vítima e possíveis envolvidos, além da realização de perícias complementares.
“Já foi feito o primeiro exame de corpo de delito, mas com o passar do tempo novos exames serão realizados para verificar se a lesão pode se caracterizar como grave ou gravíssima”, explicou.
O delegado destacou que, até o momento, não há registro de outras vítimas, mas caso surjam, elas podem ser incluídas no inquérito ou gerar novos procedimentos.
“Após a coleta de todas as informações, se ficar comprovada a existência de crime, a técnica responsável pelas aplicações poderá ser responsabilizada e indiciada, com encaminhamento ao Poder Judiciário”, concluiu.

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Relembre o caso
A modelo Karim Kamada, de 51 anos, moradora de Schroeder, afirma ter sofrido necrose na pele após sessões com caneta pressurizada com enzimas em uma clínica de estética de Jaraguá do Sul. O procedimento, divulgado em anúncios no Instagram, era vendido como seguro e sem riscos.
Segundo Karim, os sintomas começaram pouco tempo depois: dores intensas, vermelhidão e febre. Mesmo relatando os problemas, a profissional teria minimizado os sinais. Com a evolução, surgiram inflamações severas e abscessos necrosados, exigindo cirurgias para retirada de tecidos comprometidos.
Ela contou que descobriu posteriormente que a responsável não tinha habilitação médica e utilizava substâncias de forma irregular. A clínica foi interditada pela Vigilância Sanitária, mas continuou atendendo clandestinamente, o que gerou novas fiscalizações com apoio da Polícia Militar.
Sem acordo com a profissional, a modelo decidiu ingressar com ação judicial. “Prometeram me ressarcir, mas nunca cumpriram. Hoje sigo em tratamento contínuo com antibióticos e acompanhamento médico”, relatou.
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Fiscalização
A Vigilância Sanitária confirmou que recebeu denúncia sobre a prática irregular e interditou a clínica em julho. No entanto, em setembro, uma nova fiscalização encontrou o local em funcionamento. A equipe precisou acionar a PM devido à resistência da responsável em permitir a entrada dos fiscais.
Foram lavrados autos de infração e instaurado processo administrativo sanitário, que pode resultar em multa e outras penalidades previstas no Código Sanitário.