PF: detidos recrutavam brasileiros para atentados ligados ao Hezbollah

Foto: Divulgação/Polícia Federal

Por: Pedro Leal

09/12/2023 - 08:12 - Atualizada em: 09/12/2023 - 08:59

Dois sírios naturalizados brasileiros atuavam no recrutamento de pessoas para atentados terroristas no Brasil, concluiu a Divisão de Enfrentamento ao Terrorismo da Polícia Federal, após um mês de investigações.

As informações são da CNN.

Mohamed Khir Abdulmajid e Lucas Passos Lima recrutaram três brasileiros, que foram levados para o Líbano, base do grupo radical islâmico Hezbollah, para negociações.

Lá, eles tiveram passagens pagas, hospedagem em hotéis de luxo e presentes caros, além de receberem dinheiro, confirmado pelo depoimentos dos suspeitos.

Com base no inquérito e pedido da PF, a 2ª Vara Criminal Federal de Belo Horizonte então converteu as prisões temporárias dos dois apontados como braços do Hezbollah no Brasil para prisão preventiva, que não tem prazo para acabar.

“É justamente no fato de Mohamed Khir Abdulmajid e Lucas Passos Lima serem os protagonistas na criação de uma rede nacional ligada ao grupo terrorista estrangeiro que se encontram os fundamentos para a decretação de prisão preventiva. Postos que, se soltos, continuarão exercendo a influência que conquistaram para expandir a organização terrorista em formação no Brasil, além de poderem dar continuidade aos atos preparatórios de terrorismo já iniciados”, destacou a juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima.

Outros dois suspeitos presos na operação Trapiche foram soltos. Eles colaboraram com as investigações, repassando informações e imagens e não ofereceriam mais perigo à sociedade.

Um deles prestou depoimento há duas semanas, em uma oitiva com mudança de versão, e confirmou que recebeu proposta de US$ 100 mil (cerca de R$ 550 mil) para matar pessoas.

O investigado, que é um músico carioca, disse ter sido questionado – no Líbano – se fazia parte de alguma facção criminosa e se seria capaz de cometer assassinatos. Respondeu que não.

As abordagens teriam sido feitas por pessoas ligadas ao grupo e aponta Mohamad como o principal elo do Hezbollah no Brasil. Ele está foragido.

Na decisão judicial, a PF também informa o pontapé da investigação. “O FBI identificou viagem suspeita ao Líbano de um pequeno grupo de indivíduos possivelmente envolvidos em atividades criminosas no Brasil, tais como atividades criminosas, tráfico de drogas, e potencialmente atividades terroristas”, diz o documento.

Mohamed está foragido na Difusão Vermelha da Interpol. A PF suspeita que ele fugiu do Brasil para o Líbano no fim de outubro, por isso houve o pedido de inclusão do nome dele entre foragidos internacionais.

Já Lucas Lima foi preso no Aeroporto de Guarulhos ao voltar de uma viagem a Beirute. Com ele, a PF apreendeu US$ 5 mil (cerca de R$ 25 mil). A origem do dinheiro é investigada.

O grupo é suspeito de integração e prestação de auxílio a organização terrorista por indivíduos brasileiros natos e naturalizados, bem como a prática de atos preparatórios de terrorismo, fatos que configurariam os crimes previstos na Lei Antiterrorismo.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).