Paralisação dos caminhoneiros altera o cotidiano da população

Foto: Eduardo Montecino/ArquivoOCP

Por: Claudio Costa

25/05/2018 - 05:05

O quarto dia de paralisação dos caminhoneiros começou com maior envolvimento dos profissionais das estradas e também com uma corrida aos postos de combustíveis. Na tarde desta quinta-feira (24), muitos dos estabelecimentos já estavam de portas fechadas. Aqueles que ainda tinham estoque tiveram uma procura muito acima do normal, acabando em horas o que seria consumido em dias. Os supermercados também tiveram um aumento no movimento, puxado pelo medo do desabastecimento de suprimentos.

Durante a manhã, caminhoneiros decidiram fechar dois dos principais acessos a Jaraguá do Sul. Em Corupá, agricultores e motoristas se uniram para não deixar nenhum veículo de transporte de carga passar na BR-280, no trevo de acesso ao Centro. Na avenida Prefeito Waldemar Grubba, no bairro Centenário, a entrada da cidade virou piquete. Motoristas paravam os colegas que estavam em atividade. Caminhões, vans e utilitários foram obrigados a aderir ao movimento que pede principalmente a redução do preço do óleo diesel.

Um dos organizadores do movimento em Jaraguá do Sul, o caminhoneiro Remi Antônio Bilibio da Silva, 51 anos, conta que o grupo começou a movimentação às 7h30. De acordo com ele, os manifestantes decidiram fechar a passagem de veículos de carga ainda na quinta.

“A polícia pediu para a gente fazer um ofício, porque aqui é perímetro urbano e hoje de manhã voltamos com força. É movimento legítimo e precisamos melhorar. Precisamos tirar esse povo que está nos roubando, porque não temos mais como trabalhar. O diesel é o principal gasto para quem trabalha com transporte e custa 67% do frete”, destaca Remi.

Preços abusivos devem ser denunciados ao Procon

O Procon de Jaraguá do Sul divulgou que os consumidores que flagrarem preços abusivos podem utilizar o telefone de ouvidoria da Prefeitura (0800-642-0156) para realizar denúncias. De acordo com o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor, “é vedado ao fornecedor elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços; também é vedado recusar atendimento às demandas dos consumidores, na medida da disponibilidade de estoque; e aplicar fórmula ou índice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido”.

A diretora do órgão, Samira Leutprecht, alerta para a importância de guardar a nota ou cupom fiscal, para comprovar a prática abusiva.

A Polícia Civil fiscalizou estabelecimentos de venda de combustíveis em Jaraguá do Sul e Guaramirim. De acordo com o delegado regional Adriano Spolaor, também conta que duas equipes de agentes foram designadas apenas para realizar o trabalho de verificação dos preços nos dois municípios.

“Até agora não tivemos notícia de nenhum posto que tenha subido de maneira irregular o preço dos combustíveis. Vale ressaltar que qualquer um que tiver uma reclamação nesse sentido pode procurar a Delegacia de Polícia Civil para fazer essa denúncia. Se o proprietário do posto subir o preço se aproveitando dessa situação, pode configurar prática abusiva e consequentemente crime contra a economia popular”, esclarece Spolaor.

Movimento nos postos intensificados desde quarta-feira (23)

Nos postos, foi grande a procura por combustível, tanto que em muitos dos estabelecimentos acabou. Igor Messias, 22 anos, é dono de um restaurante e precisa do veículo com o tanque cheio para trabalhar. Ele reclama do alto preço da gasolina e abastecer repentinamente o veículo.

“Eu estou com os limites dos cartões estourados por causa do preço da gasolina. Somos obrigados a encher porque não sabemos se amanhã vai ter gasolina. Ainda que os motoristas não estão deixando passar com o carro do serviço em Guaramirim para comprar produtos. Tive que ir com o carro particular para comprar alguns produtos”, conta Igor.

O gerente Nelson Lima destaca que o movimento só parou durante a gravidade | Foto: Eduardo Montecino/OCP

O gerente Nelson de Lima, 43, conta que o movimento no posto Mime Matriz estava intenso desde quarta. Segundo ele, os motoristas estão com medo de ficar sem combustível desde que os rumores da falta em cidades do Estado começaram a circular.

“Aqui está um fervo desde às 6h e não parou mais. Nenhum dos funcionários parou para o almoço. Ontem, o movimento começou por volta das 16h e só parou no início da madrugada. Se continuar do jeito que está, todo o nosso combustível acaba até a noite”, adianta.

Coleta de lixo retomada, ônibus mais espaçados

O Samae divulgou que o serviço de coleta de lixo em Jaraguá do Sul foi normalizado. De acordo com a autarquia, a empresa Serrana está despachando o lixo para um aterro em Joinville. Caso o serviço sofra interrupção, haverá avisos nas redes sociais e pela imprensa.

O serviço de transporte coletivo sofreu mudanças após a crise no abastecimento de óleo diesel na cidade. Segundo a Canarinho, os horários com intervalo de 20 em 20 minutos passarão para intervalos de hora em hora. A empresa salienta que horários de pico serão mantidos e os ônibus trabalham em reserva técnica.

O 14º Batalhão de Polícia Militar afirma que as viaturas estão abastecidas e prontas para realizar o policiamento ostensivo normalmente. A Central de Veículos da Prefeitura de Jaraguá do Sul comunicou que a reserva de combustíveis para a frota já está em estado crítico. O combustível é priorizado para veículos de atendimento aos casos essenciais, como ambulâncias. Na Educação, as aulas seguem normalmente.

Corrida a mercados

Gerente de um supermercado, Rodrigo Moura, 34, diz que o movimento aumentou com a paralisação. “Houve crescimento no movimento tanto na quarta como na quinta. A gente vê que o pessoal está procurando abastecer a casa, já com esse medo de faltar produtos.

Apesar do supermercado estar abastecido, frutas e verduras podem faltar | Foto Eduardo Montecino/OCP

Eu acredito que o movimento aumentou de 15% a 20%. Isso é bastante em fim de mês”, destaca, revelando que o estoque do estabelecimento está cheio, apesar de atrasos nas entregas, e que furtas e verduras podem se tornar escassos nos próximos dias.

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