Motociclistas são as maiores vítimas de acidentes em Jaraguá do Sul

Por: Claudio Costa

04/03/2018 - 10:03 - Atualizada em: 05/03/2018 - 12:33

Os motociclistas são as principais vítimas de acidentes de trânsito em Jaraguá do Sul. Em 2016, foram registradas 16 mortes de motociclistas traumatizados em acidentes de trânsito. Naquele ano, 193 condutores e passageiros de motos foram internados no Sistema Único de Saúde (SUS) no município. Se o recorte for sobre uma taxa de 100 mil habitantes, Jaraguá do Sul tem uma taxa de mortes de 10,16 pessoas a cada 100 mil habitantes. Um número muito maior que o do Estado, que apresenta um número de 7,2 motociclistas mortos a cada 100 mil habitantes, uma diferença de 37%.

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O Setor de Planejamento da Secretaria Municipal de Saúde fez um levantamento sobre as vítimas de acidentes envolvendo motociclistas entre 2007 e 2016. O estudo, feito com base nos dados do SUS, do Detran-SC e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que 46% das mortes de motociclistas ocorrem na faixa dos 20 aos 29 anos. A porcentagem aumenta quando a faixa é estendida entre os 15 e 39 anos. Entre essas idades, a porcentagem de mortos é de 81,81%.

O responsável pelo setor de Planejamento da secretaria, Luís Fernando Medeiros, explica que também é alto o número de pessoas que ficam com sequelas após acidentes com motocicletas. “Esse é um problema social sério, tanto econômico como familiar. Muitas vezes, uma pessoa que fica com uma sequela grave não interrompe só a vida dela. Ela vai precisar de um cuidador. E muitas vezes é uma mãe que deixa de trabalhar, acaba interferindo na capacidade de renda da família e tem que ficar dando assistência a um filho com sequelas de um acidente grave”, comenta.

Um dos casos que se encaixa no relato feito por Luís Fernando é o de Lucas Hioan da Costa, 18 anos. A vida do rapaz estudioso mudou completamente no dia 23 de janeiro do ano passado. O amigo Wesley Castro, na época com 19 anos, levava Lucas para o primeiro dia de autoescola em um Honda Biz. Eles foram atingidos por um veículo na rua Guilherme Cristiano Wackerhagen, no bairro Vila Nova. O condutor quebrou as pernas e teve graves sequelas. Já o carona ficou mais de cinco meses internado, sendo duas semanas na UTI.

Lucas ficou mais de cinco meses internado no Hospital São José | Foto Arquivo

Lucas sofreu traumatismo craniano gravíssimo e teve perda de parte do calcanhar. Após cinco cirurgias na cabeça e enxerto no calcanhar, recebeu alta hospitalar. Atualmente, ele está em casa, sob os cuidados da mãe, Maria Elizete Albano, que trabalhava na empresa WEG, onde o filho começaria a trabalhar na semana do acidente após terminar um curso no CentroWeg. O pai, Antônio da Costa, ajuda a cuidar dele. Mas na maior parte do tempo, ele recebe o auxílio da mãe.

A recuperação de Lucas é gradual e lenta. Hoje, ele já não se alimenta mais por uma sonda e ensaia comer novamente, mas ainda a alimentação é feita aos poucos e com a ajuda daqueles que realizam os seus cuidados. Segundo Maria Elizete, o rapaz deve retirar a traqueostomia feita anteriormente e também reage mais facilmente a estímulos. “Ele está ficando mais forte e está mais fácil de mexer com ele. Eu entendo que ele me entende quando eu falo”, comenta a mãe. “Todos os dias, o pai dele vem aqui para ajudar a dar banho nele, mas eu cuido na maior parte do tempo”, conta.

Maria Elizete ressalta que todo o tempo que tem é voltado para os cuidados com o filho. Ainda nos primeiros meses de internação e quando o filho foi para casa, ela conseguiu se manter o emprego no terceiro turno da empresa, fazendo visitas diárias no hospital durante a manhã. Mas, com o tempo, visitar o filho ficou inviável e a demanda por cuidados era cada vez maior. “É complicado, porque eu desde os meus 12 anos trabalho para me sustentar e hoje, com 44, eu me vejo com mãos atadas, sem poder trabalhar. Antes, eu ficava com ele antes de ir trabalhar, mas chegou um ponto em que eu não aguentei mais”, lamenta.

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