Médica estuprada e assassinada dentro de hospital causa revolta entre mulheres

Foto: IA/OCP News

Por: Luana Maia

19/08/2024 - 14:08 - Atualizada em: 19/08/2024 - 14:44

Uma médica foi estuprada e assassinada dentro do hospital em que trabalhava na Índia.

O caso gerou revolta e centenas de mulheres protestaram à noite em diversas cidades.

O crime brutal aconteceu dentro do hospital em Calcutá, no estado da Bengala Ocidental.

A vítima, de 31 anos, foi encontrada morta no hospital público.

O cadáver exibia diversos ferimentos; o relatório da autópsia cita ainda sinais de violência sexual.

A família afirma que ela foi violentada por mais de uma pessoa.

Um policial foi preso e as investigações foram transferidas para a esfera federal após as autoridades estaduais serem acusadas de incompetência.

Sob o lema “retomar a noite”, mulheres tomaram as ruas do país na quarta-feira (14), um dia antes do 78º aniversário da independência indiana.

“As noites não são seguras para as mulheres. Mulheres são importunadas por trabalharem à noite, por usarem determinadas roupas. Estou vestindo roupas agora que, se eu usasse em qualquer outro dia, seria chamada de vadia. Esta é nossa luta contra isso”, afirmou à DW uma estudante durante os protestos em Calcutá.

No dia seguinte, o chefe de governo indiano, premiê Narendra Modi, abordou o assunto em seu discurso.

“Como sociedade, precisamos refletir sobre as atrocidades que estão sendo cometidas contra nossas mães, filhas e irmãs. Há revolta contra isso no país. Posso sentir essa revolta”.

Depois do caso ocorrido com a médica, hospitais do governo em algumas cidades da Índia suspenderam os serviços de saúde, exceto os atendimentos de emergência.

Neste sábado (17), profissionais de saúde organizaram uma greve nacional de 24 horas em protesto contra o crime, com a suspensão de todos os serviços não essenciais.

A expectativa era de que mais de um milhão de médicos aderissem à paralisação.

A categoria exige justiça e demanda uma nova lei que garanta a proteção deles.

“Precisamos de uma lei adequada e efetiva. A ideia é ter um ambiente seguro”, enfatizou Indra Shekhar Prasad, presidente da associação de médicos residentes no All India Institute of Medical Sciences (AIIMS), em Nova Délhi.

“Precisamos de proteção. O caso em Calcutá não é o primeiro nem será o último. A segurança dos médicos precisa ser priorizada.”

“Este já não é mais só um movimento de médicos; é um movimento para garantir a segurança no trabalho de todas as mulheres em todo o país”, afirmaram representantes das 23 faculdades de medicina em Bengala Ocidental em comunicado.

Segundo a Associação Indiana de Medicina (IMA), cerca de 75% dos médicos no país já enfrentaram algum tipo de violência no trabalho, indo de insultos e ofensas à agressão física.

Crimes contra a mulher na Índia

A violência sexual e o estupro são temas percebidos como urgentes na Índia desde o brutal estupro coletivo seguido de homicídio de uma estudante de 23 anos.

O crime, cometido em um ônibus em Nova Délhi, capital da Índia, chocou o país e desencadeou protestos por todo o país, com manifestantes exigindo punições mais duras.

A onda de indignação deu origem a cortes específicos para o processamento rápido de casos de estupro.

Apesar das leis mais duras, ativistas dos direitos humanos afirmam que a situação das mulheres no país não melhorou.

Em 2022, crimes contra a mulher tiveram um aumento de 4% em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados no ano passado pelo Escritório Nacional de Registros Criminais (NCRB, na sigla em inglês).

No caso de estupro, o aumento foi ainda maior: de 20%, com mais de 31,5 mil notificações.

A violência sexual é um problema corrente na Índia. Boa parte dos crimes contra a mulher não são reportados, devido à falta de confiança na polícia e ao estigma associado à violência sexual.

Defensoras dos direitos das mulheres afirmam que o problema é particularmente grave em áreas rurais, onde as comunidades às vezes repreendem vítimas de violência sexual e famílias temem por suas reputações.

*Com informações de AP, Reuters e DW*

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Luana Maia

Estudante de jornalismo e estagiária do OCP News