Marcha chama a atenção para as mais de 50 mortes no trânsito em Jaraguá e região

Por: Elissandro Sutil

18/11/2017 - 08:11 - Atualizada em: 18/11/2017 - 08:33

Marco Antonio Borges, 49 anos, vítima fatal de um acidente na BR-280 em Jaraguá do Sul. Eduardo Kosloski, 24 anos, e Vanuza Kosloski, 21 anos, faleceram em um acidente na SC-108, em Guaramirim. Eurica Klitzke, 84 anos, perdeu a vida ao ser atropelada enquanto tentava atravessar a rua. Odair Sadzinski, 37 anos, morreu afogado após uma queda de moto em Massaranduba.

As pessoas acima não são meras estatísticas, embora façam parte de uma lista que revela que os acidentes de trânsito foram responsáveis por 53 mortes nos cinco municípios da microrregião entre outubro de 2016 e outubro de 2017, conforme a organização do movimento Marcha do Silêncio. Foram dez mortes a mais do que o registrado entre 2015 e no ano passado.

Além de indicar uma triste realidade, os números representam perdas irreparáveis para familiares e amigos que precisaram se acostumar com a ausência abrupta de um ente querido. Para relembrar essas pessoas e, de alguma forma, homenagear, as ruas centrais de Jaraguá do Sul recebem neste domingo (19) a décima edição da marcha.

O evento é organizado por famílias que perderam alguém ou que sofrem com as consequências dos acidentes de trânsito. Tradicionalmente, cruzes são colocadas em frente à Igreja Matriz São Sebastião. A concentração para o evento está marcada para as 8h30, na praça Ângelo Piazera. A caminhada ocorre sempre no terceiro domingo do mês de novembro, o chamado Dia em Memória das Vítimas de Acidentes de Trânsito. No ano passado, 200 pessoas estiveram presentes na mobilização.

Os participantes irão percorrer as ruas centrais da cidade munidos de faixas e cartazes que promovam a reflexão sobre a violência no trânsito. O silêncio será quebrado pelo som dos tambores. A comitiva retorna à praça ao fim do percurso.

Apoiador do grupo organizador, Marcelo Fior comenta que durante a caminhada, as dores dos familiares se somam e são compartilhadas. “É emocionante e também vale como reflexão para como será o próximo ano, quantas pessoas serão vítimas. Possuímos índices tão bons em relação ao número de homicídios, mas o nosso trânsito ainda é muito violento”, destaca Fior.

NA PERDA, UMA DOR DIÁRIA 

Crislaine Tavares participa da Marcha do Silêncio desde 2013, quando perdeu sua irmã, Pâmela, de 12 anos. A vítima e sua outra irmã, Gislaine, de 15 anos, estavam andando de bicicleta quando foram atropeladas no acostamento da SC-110. O irmão delas estava em outra bicicleta, mas não foi atingido. O motorista do Gol fugiu sem prestar socorro, mas a cerca de 500 metros do local do atropelamento o carro teve uma pane e começou a pegar fogo.

Pâmela foi arrastada por cerca de 20 metros e morreu no local. A irmã foi internada com ferimentos graves. Ao fazer o teste do bafômetro, foi constatado que o motorista estava bêbado. Ele foi encaminhado à delegacia de Jaraguá do Sul e depois para o Hospital São José. As marcas deixadas pelo acontecimento entristecem a família até hoje. Para Crislaine, o que mais incomoda é que “a justiça não foi feita como esperávamos”.

O motorista foi condenado a três anos e cinco meses em regime aberto. No julgamento, realizado na última terça-feira, ele foi condenado pelos crimes de homicídio culposo, pela morte de Pâmela, e de lesão corporal culposa, pela marcas deixadas em Gislaine. “Não é fácil, nós sofremos todos os dias. Nada voltará a ser como era antes, nunca”, revela a irmã.

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