Até o momento, 64 mortes no trânsito foram registradas nos cinco municípios da microrregião – Jaraguá do Sul, Corupá, Guaramirim, Massaranduba e Schroeder – durante o ano de 2017, segundo levantamento do jornal O Correio do Povo. O perfil da maioria das vítimas é de homens (73,4%). A maioria é ocupante de carro (45,3%), seguido de moto (31,2%), bicicleta (10,9%), pedestre (9,4%) e outros (3,2%). Cerca de 78% das vítimas são adultos de 18 a 59 anos. A faixa etária com maior número de mortes é de 21 a 30 anos (23%). O sábado foi o dia da semana com mais ocorrências, 18 no total. Já o período do dia mais frequente dos acidentes é a tarde, com 29 casos.
O município com maior número de acidentes que resultaram em morte foi Jaraguá do Sul, com 23 casos (36%); seguido de Guaramirim, com 21 (33%). Dez pessoas morreram após acidentes em Massaranduba, nove em Corupá e uma em Schroeder. A BR-280, no trecho de Guaramirim até Corupá, lidera as estatísticas com 32 mortes – metade de todas as vítimas na região. Dezoito pessoas que perderam vida após acidentes nesta rodovia estavam de carro, nove de moto, três de bicicleta e duas eram pedestres. O trecho da BR-280 com mais mortes é o de Guaramirim, com 16 óbitos. Em Corupá, dois terços das vítimas fatais foram nesta rodovia.
Todos casos de grande repercussão, mas mais do que estatísticas, estes números revelam tragédias familiares como o caso da mãe e três filhos mortos em fim de maio, o professor de educação física que encontrou a morte ao chocar-se com uma motorista que estaria forçando uma ultrapassagem, a advogada que morreu dias depois de sofrer acidente de moto, a técnica de enfermagem que chocou seu carro contra um caminhão ou mesmo o adolescente ciclista surpreendido ao tentar atravessar a rodovia. A cada morte, uma legião de amigos e parentes sofrendo.
A SC-108 registrou 10 mortes – a maioria no trecho de Massaranduba (60%). Ocupantes de carros representam 70% das vítimas fatais nesta rodovia. Já na SC-110, no trecho em Jaraguá do Sul, um ciclista e um motociclista perderam a vida após acidentes. O sargento Paulo Correia, da 3ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária (PMRv) de Blumenau, cita que a maioria dos acidentes ocorrem em retas. “Muitos acidentes provêm de imprudência. Os motoristas não reduzem marcha, incidem velocidade em curvas”. Correia ressalta que muitos motoristas dirigem embriagados. “Muito se evadem do local, principalmente quando tem situação irregular. Fim de semana é geralmente por embriaguez. Quando chegamos no local, a vítima já foi conduzida pelos bombeiros”, lembra. A PMRv adota como medida principal a fiscalização com radar eletrônico. “Fiscalizamos também a SC-110, no trecho de ligação de Jaraguá do Sul e Pomerode, mas grande parte dos acidentes se concentra na SC-108. Infelizmente, muitas pessoas só acordam quando sai do bolso”, comenta.
Em Jaraguá do Sul, onze pessoas que morreram estavam em carro, sete em moto, três em bicicleta, um em caminhão e um era pedestre. Das 23 vítimas, 52% perderam a vida após acidentes em rodovias (na BR-280 – entre os bairros Água Verde e Nereu Ramos – e na SC-110, no bairro Rio Cerro). As demais foram em vias principalmente urbanas. Os bairros Barra do Rio Cerro, Centro e Vila Nova tiveram duas mortes cada um. Já Três Rios do Norte, Santo Antônio, Barra do Rio Molha, Centenário e Vila Lenzi registraram um acidente com vítima fatal.
A desatenção por trás das tragédias
Em Guaramirim, 95% dos acidentes que resultaram em vítimas fatais ocorreram em rodovias. Foram 16 na BR-280 e quatro na SC-108. O comandante dos Bombeiros Voluntários de Guaramirim, Maicon Ewald, ressalta como fator principal para os acidentes a desatenção das pessoas e a imprudência. “É aquele minuto de desatenção, de achar que vai dar tempo. No caso de motociclistas, as mortes ocorrem no tal do corredor e em conversões de outros veículos. Também não podemos deixar de citar que, em alguns casos, temos a via como causa, no sentido de falta de sinalização adequada e pontos de aquaplanagem”, lembra.
Os pontos onde mais ocorrem os acidentes em Guaramirim, segundo Maicon, são os de travessia da BR-280, principalmente nas duas entradas da Corticeira, em frente à Weg Química, no trevo Breitkopf, na entrada para o bairro Guamiranga, próximo ao antigo Pavilhão de Eventos, em frente aos postos Rudinick e Guaramirim, próximo ao viaduto Mannes, em frente à Fameg. “Geralmente ocorrem nos horários de saída das empresas, após almoço e nos fins de semana na madrugada e próximo aos dias de pagamento”, comentou Ewald.
O comandante lembra que há alguns anos o índice de acidentes, o nível de complexidade e a gravidade dos casos na BR-280 eram maiores. “Foram feitas algumas ações que diminuíram muito as ocorrências nos pontos críticos, como a instalação dos radares (que devem ser reativados depois de um período de inatividade), a colocação de tachões nos locais de ultrapassagem com maior índice de acidentes e melhorias na sinalização”, cita Maicon.
Tentativas de conscientização
Criado há dez anos por uma voluntária que perdeu um amigo e observou que a cada nova vítima havia apenas lamentações, o grupo da Marcha do Silêncio percorre as ruas centrais uma vez por ano em Memória das Vítimas de Trânsito. Atualmente, também realiza blitze de conscientização e palestras em escolas para alunos do terceiro ano do ensino médio.
Com a criação do grupo do “Trânsito + Seguro”, o grupo da marcha passou a integrá-lo, ajudando a pontuar sugestões de trabalhos de conscientização, voltando o foco para o trabalho com as famílias. “São feitas visitas com psicólogos às famílias, bem como a igreja católica do Centro disponibiliza especialistas para trabalharem a dor das famílias que não conseguem superar sofrimento causado pelo acidente”, cita Karin Krause, uma das organizadoras do grupo.
A colocação das cruzes em frente à Igreja Matriz, com o número de vítimas do trânsito durante o ano, chama muito a atenção de quem passa. “Percebemos este ano que houve uma pequena redução no número de vítimas. Independentemente da quantidade de cruzes ter aumentado ou diminuído, o que pretendemos é que não haja mais cruzes nem famílias enlutadas, algo considerado impossível de ser atingido, pois sabemos que sempre haverá um ser humano dirigindo um veículo”, comenta Karin.
ESTATÍSTICAS
- Faixa etária
0 a 10 anos = 2 óbitos
11 a 20 anos = 6 óbitos
21 a 30 anos = 15 óbitos
31 a 40 anos = 8 óbitos
41 a 50 anos = 13 óbitos
51 a 60 anos = 11 óbitos
61 a 70 anos = 6 óbitos
+ 70 anos = 3 óbitos
-
Período de vida
Crianças (até 12 anos) = 4 óbitos
Adolescentes = 1 óbito
Adultos = 50 óbitos
Idosos = 9 óbitos
-
Óbitos por mês
Janeiro 3
Fevereiro 4
Março 2
Abril 6
Maio 12
Junho 2
Julho 9
Agosto 3
Setembro 5
Outubro 3
Novembro 4
Dezembro 11 (até o dia 29)
-
Por sexo
Masculino = 47 mortes (73,4%)
Feminino = 17 mortes (26,6%)
-
Meio de transporte/casos
Carro 29 (45,3%)
Moto 20 (31,2%)
Bicicleta 7 (10,9%)
Pedestre 6 (9,4%)
Caminhão 1 (1,6%)
Trator 1 (1,6%)
-
Mortes em rodovias
BR-280 = 32 óbitos (16 em Guaramirim, 10 em Jaraguá do Sul e 6 em Corupá)
SC-108 = 10 óbitos (6 em Massaranduba e 4 em Guaramirim)
SC-110 = 2 óbitos (trecho em Jaraguá do Sul)
-
Dia da semana/casos
Domingo 9
Segunda-feira 11
Terça-feira 5
Quarta-feira 6
Quinta-feira 6
Sexta-feira 9
Sábado 18
-
Período do dia /casos
Madrugada = 8 vítimas
Manhã = 11 vítimas
Tarde = 29 vítimas
Noite = 16 vítimas
-
Mortes por município
Jaraguá do Sul 23
Guaramirim 21
Massaranduba 10
Corupá 9
Schroeder 1
Movimento intenso e chuva exigem cautela
No momento em que o movimento nas estradas se intensifica para a festa da virada do ano, todo o cuidado é pouco, ainda mais com o período chuvoso que deve prosseguir até a semana que vem, com poucas possibilidades de abertura de sol. Até porque a estatística deste ano é preocupante. O registro de mortos nas estradas no feriadão de Natal mais do que dobrou em relação a 2016.
Dezoito pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito no feriadão de Natal em rodovias estaduais e federais de Santa Catarina, entre a sexta-feira (22) e a manhã de terça (26). Em 2016, foram 8 mortes. Entre as vítimas, estão três meninas, cinco mulheres e dez homens.
Desde o início de sua Operação Rodovida, em 22 de dezembro, até a quarta-feira (27), a Polícia Rodoviária Federal já havia flagrado 3.015 motoristas dirigindo acima do limite de velocidade nas rodovias federais que passam por Santa Catarina. Considerada a maior ação contra a violência no trânsito, a Operação Rodovida vai até o dia 18 de fevereiro.
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