Com o slogan “Mobilidade Humana, Responsabilidade Humana”, a campanha Maio Amarelo chega a mais um ano com o objetivo de conscientizar sobre a importância da segurança no trânsito e a necessidade de um comportamento mais responsável nas estradas.
E quando o assunto é segurança, um grupo precisa de atenção redobrada: as crianças. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os acidentes de trânsito são a principal causa de morte entre crianças de 1 a 14 anos no Brasil.
A pediatra Bruna de Paula alerta aos pais e responsáveis para o transporte seguro das crianças. “Dados estatísticos e recomendações de especialistas reforçam a importância do uso de dispositivos de segurança, que pode ser decisivo na prevenção de ferimentos graves e até salvar vidas. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o uso da cadeirinha, devidamente instalada e de acordo com a faixa etária, reduz em até 70% o risco de morte de crianças em casos de acidente e em até 90% o risco de ferimentos graves”.
A médica reforça que o tipo de dispositivo de segurança ideal varia conforme a idade, o peso e a altura da criança:
- Recém-nascidos e bebês de até 1 ano (até 13kg): devem ser transportados no bebê conforto, sempre de costas para o movimento.
- De 1 a 4 anos (9 a 18 kg): devem usar a cadeirinha voltada para a frente, fixada com o cinto do carro.
- Entre 4 e 7 anos e meio, e com até 1,45 metro de altura, (peso entre 15 a 36kg): o assento de elevação deve ser usado junto com o cinto de segurança do carro.
- A partir de 7 anos e meio, e maior de 1,45m: a criança pode usar apenas o cinto para que ele se ajuste corretamente ao corpo, sempre no banco traseiro.
- Acima de 10 anos e 1,45m de altura: pode sentar no banco da frente, com o cinto de segurança.
Transporte escolar e por aplicativos
A atenção deve se estender também ao transporte escolar e ao uso de carros por aplicativo. A pediatra Bruna de Paula orienta que os pais verifiquem se o transporte escolar está regularizado e com cintos disponíveis.
“É essencial que o veículo esteja em boas condições, com cintos de segurança disponíveis e funcionando em todos os assentos. Além disso, é importante observar se há um monitor responsável para acompanhar as crianças, especialmente as menores, ajudando na entrada e saída do veículo com segurança”, frisa.
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Já nos carros por aplicativo, a médica reforça que os cuidados com a segurança das crianças devem ser os mesmos que nos demais veículos.
“A lei exige o uso de cadeirinha ou assento de elevação, conforme a idade, peso e altura da criança, mesmo nesses tipos de transporte. Por isso, é importante que os pais se organizem com antecedência, levando o dispositivo apropriado sempre que possível. Algumas empresas de transporte já oferecem a opção de solicitar carros com cadeirinha, mas ainda é algo limitado. Mesmo em deslocamentos curtos, a criança deve estar protegida. O adulto nunca deve levar a criança no colo, pois em caso de acidente, isso não garante nenhuma segurança”, reforça Bruna de Paula.
Transporte em motocicletas
Outro cuidado que os responsáveis devem ter é com o transporte de crianças em motocicletas. De acordo com a legislação brasileira, a idade mínima permitida para transportar os pequenos na garupa do veículo é de 10 anos.
“Crianças abaixo de 10 anos não possuem desenvolvimento físico e cognitivo suficientes para garantir sua segurança como passageiras em motocicletas, por isso, é essencial observar algumas recomendações para garantir a segurança durante o transporte, como: capacete adequado, que deve ser do tamanho correto para a criança, estar bem ajustado e possuir viseira ou óculos de proteção; alcance dos pedais, para a criança conseguir apoiar os pés nos pedais da garupa e capacidade de se segurar, para que ela tenha força e coordenação para segurar-se firmemente no condutor durante todo o trajeto”, explica a médica.
Segurança em trajetos curtos
A pediatra chama a atenção para a segurança das crianças mesmo em trajetos curtos, quando muitos acreditam que nada grave vai acontecer e dispensam os dispositivos de segurança.
“Apesar de parecerem inofensivos, trajetos curtos, como aqueles feitos dentro do bairro, também oferecem riscos significativos. A maioria dos acidentes de trânsito acontece justamente em percursos de curta distância e em vias conhecidas, onde os motoristas tendem a baixar a guarda. Dispensar a cadeirinha, o cinto de segurança ou o capacete, mesmo que “só por um minutinho”, coloca a criança em perigo real. Segurança não deve ser medida pelo tempo do percurso, mas pelo cuidado constante”.
Exemplo dos responsáveis
Bruna de Paula finaliza lembrando que os adultos são como espelhos para as crianças e o comportamento deles é reproduzido por elas, por isso, devem sempre demonstrar exemplos de responsabilidade.
“O exemplo do adulto no uso do cinto de segurança e do capacete é fundamental para ensinar a criança, na prática, sobre a importância de se proteger no trânsito. Desde muito cedo, os pequenos observam e imitam o comportamento dos pais e responsáveis. Quando um adulto entra no carro, por exemplo, e coloca o cinto automaticamente, sem questionar, ele transmite uma mensagem clara: isso é importante e faz parte da rotina. Por outro lado, se o adulto negligencia essa atitude, mesmo que ocasionalmente, a criança aprende que o uso do cinto é opcional ou desnecessário em certas situações. A coerência entre o discurso e a prática é o que fortalece o aprendizado. Ser modelo de comportamento seguro no trânsito é um ato de cuidado, responsabilidade e amor”, conclui.