Justiça. É o que esperam defesa e acusação no julgamento de acusado de provocar morte de jornalista em Jaraguá do Sul

Por: OCP News Jaraguá do Sul

26/06/2017 - 21:06 - Atualizada em: 27/06/2017 - 15:36

Por Adrieli Evarini

Que se faça Justiça. Em lados opostos, e por diferentes motivos, a expectativa de que a Justiça seja feita é o desejo comum da família do jornalista Altamir Ricardo de Souza, o Sabonete, 44 anos, morto em um acidente de trânsito no Centro de Jaraguá do Sul, e do motorista que provocou o acidente, Willian Pierre Galvan. O acidente ocorreu na noite de 16 de dezembro de 2013 e o caso deve ter desfecho nesta terça-feira (27), quando o motorista vai a júri popular por homicídio simples, com dolo eventual.

Por orientação de seus advogados, o réu, que nem mora mais em Jaraguá do Sul e responde ao crime em liberdade, não deve se manifestar antes do julgamento. Sua defesa reforça a expectativa de que o julgamento deve caminhar dentro da legalidade e não levar em consideração a emoção, já que o caso teve enorme repercussão, pois tanto a vítima como o réu eram bastante conhecidos na cidade.

Galvan responde em liberdade pelo crime de homicídio simples. Ele foi preso no dia do crime, mas solto logo em seguida e indiciado por homicídio qualificado, mas em recurso de segundo grau, a defesa conseguiu fazer com que a qualificadora fosse excluída do processo. Embora caiba recurso da acusação, o júri será conduzido para julgar o crime de homicídio simples.

“A expectativa é uma só, que se julgue dentro dos princípios que determinam a norma legal”, defende o advogado Jeremias Felsky. “Não se pode fazer um julgamento genérico, nem para aclamar dores de partes privadas e sim ao interesse público. Tenho certeza que irá ocorrer, pois já participei de muitos júris na cidade, que mais uma vez Jaraguá saiba fazer justiça sem se ater a emoções.”

A advogada Ediléia Buzzi explica que o processo ainda tem recursos pendentes de julgamento, mas que a princípio o réu será julgado por homicídio simples, com dolo eventual. “Há muitos pormenores nos autos do processo que não foram divulgados. A defesa objetiva esclarecer os fatos aos jurados e conseguir o melhor resultado para Willian, que certamente é merecedor. Casos como este, onde o fato decorreu de um acidente, são passíveis de fazer nos colocarmos no lugar do outro. A defesa confia na sociedade de Jaraguá do Sul”, diz ela.

“A expectativa é que ele seja condenado”, diz irmã da vitima

O sentimento de que a Justiça precisa ser feita é o mesmo que move a família Souza desde que ela recebeu a notícia do acidente que provocou a morte de Altamir, a poucas quadras de sua casa. “Ele faz muita falta, era uma pessoa muito presente na família. A forma que encontramos de superar tudo isso é um dando apoio ao outro na família. Na família e com os amigos. Os amigos dele apoiam muito a gente.” O desabafo de Fernanda Souza reflete a saudade que a família e os amigos sentem de Altamir. O jornalista e fotógrafo de 44 anos, conhecido como Sabonete, é irmão de Fernanda.

“A expectativa é que ele seja condenado, que a justiça seja feita”, destaca a irmã de Altamir, revelando o desejo da família e de seus amigos. Para o advogado Rodrigo Novelli, que atua como assistente de acusação e representa os pais de Altamir, a expectativa é a mesma. “O eventual uso de veículo de forma inapropriada faz com que ele se torne uma arma e quem atua de forma indevida merece ser responsabilizado”, ressalta.
O advogado explica ainda que a família entende que uma eventual condenação, conforme determina a lei, será reflexo da justiça. “Eu fico honrado em participar de um processo onde a população de Jaraguá pode aplicar a lei, conforme ela foi estabelecida. De fazer justiça”, completa.

Filho mais velho de uma família com outros dois irmãos, Altamir era solteiro, não tinha filhos e tinha acabado de construir um apartamento em anexo à casa da família. Para a irmã, Fernanda, apesar do júri ser um momento muito esperado, o julgamento também traz lembranças tristes da noite em que Altamir morreu. “É um momento que faz a gente reviver tudo que aconteceu e por isso é tão pesado. A gente se apoia muito em Deus, uns nos outros e nos amigos dele”, lamenta.

Foto Divulgação

Jornalista Altamir tinha 44 anos | Foto Divulgação

COMO FOI O ACIDENTE QUE MATOU ALTAMIR

No final da noite do dia 16 de dezembro de 2013, o jornalista Altamir Ricardo de Souza dirigia um veículo CrosFox quando na esquina das ruas Barão do Rio Branco e Reinoldo Rau, no Centro de Jaraguá do Sul, foi atingido na lateral pelo carro de Willian Pierre Galvan.

Com o impacto, Altamir foi arremessado para fora do veículo e bateu a cabeça no meio-fio da calçada. O jornalista chegou a ser socorrido e encaminhado ao Hospital São José, mas não resistiu. Uma das suspeitas é que ele estaria sem cinto de segurança. Esta versão, segundo sua irmã, nunca foi confirmada em laudos periciais, e quem conhecia Altamir sabia que ele era uma pessoa extremamente perfeccionista.

Segundo a decisão da juíza Anna Finke Suszek, que determina o julgamento pelo Tribunal do Júri, Willian Galvan estava embriagado no momento do acidente, conforme teste de bafômetro realizado pela Polícia Militar. Amigos dizem que ele havia tomado três cervejas.

Além disso, ele estaria acima do limite de velocidade, dirigindo a 84 km/h em uma via que permite 60 km/h. Outro fator determinante foi confirmado por testemunhas ouvidas durante o processo. De acordo com elas, Willian que trafegava pela rua Barão do Rio Branco, teria ultrapassado o sinal vermelho, por isso atingiu o carro dirigido pelo jornalista, que transitava pela rua Reinoldo Rau.