A Justiça determinou, nesta terça-feira (8), que Welbert de Souza Fagundes, réu pelo assassinato do sargento Roger Dias, da Polícia Militar de Minas Gerais, seja transferido do sistema prisional para um hospital psiquiátrico. O pedido de transferência, que teve aprovação do Ministério Público e da Polícia Civil, considera a necessidade de “tratamento especializado” do réu, que ainda passará por uma análise de incidente de insanidade mental.
Na decisão, o juiz Roberto Oliveira Araújo determina que “o estabelecimento prisional providencie todos os trâmites necessários à execução da decisão”. Além disso, solicita a comunicação com urgência à unidade de saúde, à defesa do réu, representada pelo advogado Bruno Torres, e ao Ministério Público.
Após a decisão, o advogado Bruno Torres, responsável pela defesa, disse que a decisão assegura o direito do réu de receber atendimento em “local adequado”. “A resposta da Justiça será dada, mas o tratamento humanitário e digno não foi negligenciado. É preciso ser justo em cada ato e essa decisão concede justiça ao caso, sem negligenciar o interesse da sociedade”, acrescentou.
A reportagem questionou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) sobre a decisão e aguarda retorno. A recomendação de transferência já havia provocado uma manifestação pública, em tom crítico, do governador Romeu Zema (Novo).
Insanidade mental
A solicitação de transferência de Welbert é baseada em um laudo recente, assinado pelo psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro, conhecido por ter conduzido a avaliação de Adélio Bispo, autor do atentado contra o ex-presidente Jair Bolsonaro em 2018.
Conforme o laudo, o réu apresenta sintomas psicóticos graves, mesmo estando em tratamento na unidade prisional. As principais hipóteses diagnósticas incluem esquizofrenia paranoide e transtornos psicóticos induzidos por substâncias. A avaliação aponta a necessidade urgente de revisão do tratamento.
Em outra análise, a perícia da Polícia Civil destacou a falta de convicção sobre a sanidade mental do réu e solicitou entrevistas com seus familiares. Apesar disso, considerou que “o periciado possui um transtorno mental relevante que não está em tratamento regular”. Assim, recomendou “a internação psiquiátrica para estabilização do quadro”.
O crime
O sargento da Polícia Militar Roger Dias da Cunha, de 29 anos, foi baleado durante uma perseguição a dois suspeitos, na noite de uma sexta-feira (5 de janeiro), no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte de Belo Horizonte. Ele foi atingido por três disparos. Vídeos de câmeras de segurança flagraram o momento em que o agente é atingido na cabeça.
Segundo informações da PM, guarnições do 13º Batalhão perseguiam um carro na Avenida Risoleta Neves, quando o motorista teria perdido o controle da direção e batido contra um poste. Após o acidente, os suspeitos desceram do carro e continuaram a fuga a pé.
Um deles foi alcançado pelo sargento. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que o militar se aproxima do suspeito e dá ordem de parada, mas é surpreendido pelo criminoso, que saca uma arma e atira à queima-roupa contra o policial. Ele estava foragido da prisão após saidinha de Natal, o que motivou uma discussão sobre o benefício em nível nacional.
O vídeo mostra que o agente cai na sequência. Em seguida, militares chegaram ao local e socorreram o colega, que chegou a ser levado ao Hospital João XXIII, na região Centro-Sul da capital. Mas, dois dias depois, teve a morte cerebral confirmada. O militar doou os órgãos.