Jaraguá do Sul registra dois homicídios em 2020

Um dos crimes ocorreu no mês de setembro, no bairro Rio da Luz | Foto: Fábio Junkes/Arquivo OCP

Por: Claudio Costa

10/02/2021 - 20:02 - Atualizada em: 10/02/2021 - 20:28

Jaraguá do Sul registrou dois homicídios em 2020.

O número é 66% menor do que o anotado em 2019, quando ocorreram seis assassinatos no município.

Depois de boa parte do ano sem nenhuma morte, o primeiro crime aconteceu no dia 20 de setembro.

Luís André Alves, de 24 anos, foi morto com uma facada no bairro Rio da Luz.

A mulher de André e o pai dela, de 23 e 53, foram indiciados pela autoria do homicídio.

Os dois confessaram que mataram a vítima e alegaram legítima defesa.

O delegado titular da DIC (Divisão de Investigação Criminal) de Jaraguá do Sul, Daniel Dias, destaca a intensa investigação feita após o crime.

Além de apontar os assassinos, o inquérito policial conseguiu apresentar a motivação para o delito, uma desavença familiar.

“A versão apresentada pela família era bastante suspeita. Após uma série de contradições, nós chegamos à conclusão de que a própria família estava envolvida no crime. Houve um desenrolar jurídico e prisão dos detidos. Ficaram um tempo presos e agora respondem em liberdade”, destaca o delegado.

O segundo homicídio ocorreu no bairro Rio Cerro I, no dia 24 de dezembro, véspera de Natal. Thalia Ferraz, de 23 anos, foi morta a tiros na frente da família.

O empresário Paulo Hening, de 42 anos, confessou a autoria do homicídio após se entregar para a Polícia Civil.

Em depoimento, Paulo contou que ficou escondido em uma área de mata depois de cometer o crime.

Ele fugiu em seu veículo, uma Volkswagen Amarok, para o Oeste do Paraná na manhã do dia 25 de dezembro.

As investigações começaram logo após o crime e um mandado de prisão temporária contra Paulo foi expedido pela Justiça.

O empresário ficou em cidades pequenas entre os municípios de Guarapuava e Laranjeiras do Sul, na região onde ele nasceu e tem familiares.

O delegado regional Fabiano do Santos Silveira recebeu uma ligação do advogado de Paulo.

Ele manifestou o interesse do cliente em se entregar para a polícia, o que ocorreu no dia 28 de dezembro.

A arma utilizada no crime, uma pistola calibre .380, foi encontrada pela polícia.

Reforço na DIC

Em 2020, o efetivo da Divisão de Investigação Criminal de Jaraguá do Sul ganhou um reforço de 40% no efetivo, com a chegada de um delegado e quatro agentes.

O delegado regional reforça que esse incremento na investigação especializada contribuiu para o índice.

“Isso fez com que aumentasse o número de prisões de autores de crimes graves. Também houve um foco na captura de homicidas que estavam foragidos há alguns anos. São condenados pela Justiça e que praticaram homicídios em outros anos”, reitera, ao ressaltar que um deles estava sumido há 14 anos.

Fabiano vê como muito positivo esse resultado do trabalho dos agentes da DIC.

Ele também destaca a atuação conjunta com as outras forças de segurança, a Polícia Militar, o IGP (Instituto Geral de Perícias) e o Deap (Departamento de Administração Prisional) para o alcance na redução do índice criminal.

Indicador importante

O comandante do 14º BPM (Batalhão de Polícia Militar), tenente-coronel Márcio Leandro Reisdorfer, destaca que Jaraguá do Sul não registrou mortes ligadas ao tráfico de drogas e rixa entre vizinhos, como as que ocorreram em 2019.

“O homicídio é um indicador social importante, é um dado fundamental para o IPEA apontar o nível de segurança nas cidades com mais de 100 mil habitantes. Jaraguá do Sul sai de dois anos com seis homicídios para dois. Para nós, é uma vitória”, destaca.

Reisdorfer destaca que o ideal buscado pelas forças de segurança é que não ocorram homicídios.

Porém, os dois assassinatos aconteceram dentro do ambiente doméstico.

O oficial destaca que esses crimes são mais complexos de combater, porque ocorrem em residências, o que torna mais difícil a prevenção por parte da PM.

O comandante do 14º BPM lamenta a ocorrência do feminicídio no bairro Rio Cerro I.

Segundo ele, a cidade ficou sem registrar o homicídio praticado contra mulheres no ambiente doméstico por dois anos.

Lesão corporal seguida de morte

Em janeiro, um homem de 43 anos foi agredido com uma paulada na cabeça.

O crime ocorreu no bairro Tifa Monos. O idoso de 77 teria flagrado a vítima tentando estuprar a sua ex-mulher.

Depois de três dias, o suspeito de estupro morreu no Hospital São José.

O autor acabou sendo indiciado por lesão corporal seguida de morte.

De acordo com a delegada titular da DPCAMI (Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso), Roberta Franco França, a investigação apontou que o autor não tinha a intenção de matar a vítima.

O crime de lesão corporal seguida de morte não entra na estatística de homicídios.