Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Jaraguá do Sul registra 10 mortes por acidentes de trabalho em 2017

Por: Claudio Costa

27/04/2018 - 08:04 - Atualizada em: 27/04/2018 - 09:14

A Vigilância em Saúde do Trabalhador, da Gerência de Vigilância Sanitária e Saúde do Trabalhador de Jaraguá do Sul, fez um estudo com base nas 121 ocorrências mais graves de acidentes de trabalho na cidade. De acordo com o órgão, foram registrados dez acidentes de trabalho com morte no município em 2017.

O estudo, feito pela primeira vez na cidade, tem como base dados retirados do Sistema Nacional de Agravos de Notificação (Sinan). Os números apontam que quatro óbitos foram provocados por queda de altura, três em acidentes de trânsito e três por exposição à corrente elétrica. Os dados foram compilados para marcar a passagem do Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, neste sábado (28).

Dos 121 casos graves analisados, 87 envolviam homens e 34, mulheres. A coordenadora da Vigilância Sanitária, Nilceane Aparecida Junckes Costa, ressalta que os trabalhadores da construção civil e de empresas de instalação elétrica são justamente os que estão mais sujeitos a acidentes e onde ocorrem mais casos de mortes no ambiente de trabalho.

“Esse é um dos motivos pelo qual é expedido o alvará sanitário para ambientes de trabalho e obras. Os técnicos vão até esses locais e verificam se há condições de segurança para o cumprimento do serviço. O técnico vai até os espaços de trabalho e verifica se a obra está afastada da rede elétrica, além de também cobrar a vestimenta e o uso dos equipamentos de segurança obrigatórios, os chamados Equipamentos de Proteção Individual (E.P.I)”, destaca Nilceane.

O estudo aponta um dado que chama muita atenção. De acordo com os dados do Sinan, 40,5% dos acidentes aconteceram no trânsito. Desses, 35,54% são classificados como acidentes de trajeto. Nilceane observa que esse tipo de acidente envolve o trabalhador no trajeto de ida ou de volta para a sua residência, inclusive utilizando um veículo próprio de locomoção.

“Os motociclistas são os que mais sofrem acidentes no trajeto entre o trabalho a sua residência, inclusive com fraturas”, afirma Nilceane. Os dados apontam que 69,39% das ocorrências dessa modalidade envolvem ocupantes de motocicletas.

Sindicato busca fiscalizar

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias do Vestuário (STIV), Gildo Alves, conta que os acidentes de percurso são mais recorrentes que os acidentes ocorridos nos parques fabris das empresas do ramo em Jaraguá do Sul e região. Nos cinco municípios da microrregião do Vale do Itapocu – Jaraguá, Guaramirim, Schroeder, Massaranduba e Corupá – são 24.500 trabalhadores em 400 empresas.

Apesar de serem os mais comuns, já houve redução, segundo o sindicalista. “Nós tínhamos uma quantidade enorme de acidentes de percurso. De uns anos para cá, esse tipo de ocorrência vem diminuindo, mas sempre acontece com os nossos trabalhadores”, confirma Alves.

Apesar de a grande maioria dos acidentes envolvendo trabalhadores do vestuário serem relacionados com a LER/Dort (doenças relacionadas ao esforço repetitivo), Alves ressalta que nem todas as empresas cumprem com o seu papel na segurança dos trabalhadores. “Hoje, muitas funções da nossa categoria são contínuas e repetitivas. Então, essas pessoas têm facilidade de sofrer com essas doenças”, afirma.

Ele observa que algumas ações têm sido implementadas, mas ainda tímidas. “As Cipas buscam corrigir a postura dos trabalhadores e algumas empresas fazem antes e depois do almoço um momento de relaxamento. As indústrias também vêm investindo em ergonomia”, afirma o presidente do sindicato.

Alves relata que nem todas as empresas permitem a entrada do sindicato e que sempre intervêm quando há reclamações dos sócios. Se a questão não é resolvida dentro do diálogo entre sindicato e patrão, o Ministério Público do Trabalho é chamado para resolver a questão.

“As grandes empresas, com estrutura, têm maquinário moderno e novo. O trabalhador apenas opera a máquina através de botões. Mas há outros locais com más condições de trabalho, já agravadas pela própria situação da empresa”, comenta Alves.

“Foi o caso daquela empresa em que a caldeira explodiu em Guaramirim. Infelizmente, um trabalhador morreu e outro ficou com sequelas. A sorte é que ela explodiu para do lado de fora e não para o lado das caldeiras. Senão, mais gente poderia ter morrido naquele dia”, lamenta.

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Claudio Costa

Jornalista pós-graduado em investigação criminal e psicologia forense, perícia criminal, marketing digital, em inteligência artificial e pós-graduando em gestão de equipes.