Jaraguá do Sul fecha o primeiro semestre com o registro de dois homicídios

Suspeita pelo segundo homicídio do ano foi presa logo após o crime, mas liberada em seguida | Foto: Cláudio Costa/OCP

Por: Claudio Costa

06/07/2018 - 08:07 - Atualizada em: 06/07/2018 - 08:52

Jaraguá do Sul figura entre as cidades mais seguras do país. O número de crimes ocorridos no primeiro semestre de 2018 só colabora para que esta fama se mantenha. Neste ano, foram registrados dois homicídios, enquanto que em 2017 foram registrados três no mesmo período, ou seja, uma redução de 33% no número de ocorrências do tipo na cidade.

Em comparação com Brusque, a diferença é de 50%. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, a cidade do Vale do Itajaí contabilizou um homicídio na primeira metade deste ano. E, segundo dados do Atlas da Violência feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), com base nos índices de 2016, desbancou Jaraguá ganhando o título de cidade mais pacífica do Brasil.

Os dois crimes registrados em Jaraguá do Sul em 2018 ocorreram sob circunstâncias semelhantes. Em ambos os casos foram mulheres que mataram os companheiros. Todos os envolvidos estavam sob o efeito de bebida alcoólica no momento das brigas que resultaram nas mortes. Os dois crimes também ocorreram na casa do casal e a faca foi o instrumento utilizado pelas duas para matar os companheiros.

Apesar dos dois casos terem sido motivados por violenta emoção, a maior parte dos homicídios têm como motivação o envolvimento com o tráfico de drogas, o que não ocorreu no primeiro semestre de 2018. O delegado regional Adriano Spolaor acredita que o fato das duas mortes terem ocorrido nas mesmas circunstâncias foi ocasional.

“Não existe um estudo ou um levantamento que indique um aumento nesse tipo de crime e o porquê disso. Num primeiro momento, nós não vemos uma relação muito lógica com relação a esses dois crimes e o aumento da violência doméstica no município”, observa. Destaque: para delegado, casos fogem da motivação principal, que é o tráfico de drogas.

Cidade mantém baixos índices de criminalidade

O delegado Adriano Spolaor ressalta que a cidade tem um dos menores índices de criminalidade em crimes como roubo e furto. O delegado regional destaca que os fatores culturais, geográficos e econômicos contribuem para o a manutenção dos números em baixa.

“Nós também temos o trabalho das polícias Civil e Militar, atuando incansavelmente contra o crime de forma integrada”, conta Adriano, ao ressaltar que o trabalho de monitoramento das atividades das facções na cidade e na região continua intenso.

O número de casos resolvidos também é apontado como um dos trunfos para os baixos índices de criminalidade. Em 2017, dos oito assassinatos, foram registrados cinco crimes sem um autor identificado no momento da ocorrência. A Divisão de Investigação Criminal (DIC) da Polícia Civil em Jaraguá do Sul, comandada pelo delegado Daniel Dias, terminou o ano com a resolução de quatro desses crimes.

No caso do latrocínio contra o motorista de táxi Allan Tietz, 24 anos, ocorrido em novembro, a Divisão de Furtos e Roubos (DFR) identificou os dois autores, mas os irmãos Fuckner ainda estão foragidos.

“A equipe da DIC atuou de forma brilhante no ano passado. Através de um trabalho intenso de investigação, nós conseguimos realizar a identificação e a prisão da maior parte dos crimes de homicídios ocorridos em Jaraguá do Sul. Nossos agentes ainda estão empenhados em realizar a identificação do homicida responsável pelo quinto crime, a investigação não foi fechada ainda. É um crime que não tem uma linha de investigação definida, um dos mais difíceis que eu já investiguei aqui em Jaraguá do Sul”, comenta Dias.

No Atlas da Violência 2018, os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada levantaram dados em todo o país e apontaram Jaraguá do Sul, com dados de 2016, a terceira menos violenta do Brasil, atrás de Brusque (SC) e Atibaia (SP). É possível que a disparidade aconteça pela fonte da pesquisa ser o Ministério da Saúde, por meio do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), e não da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Como foram os dois assassinatos registrados no primeiro semestre deste ano em Jaraguá do Sul:

Morte na quitinete

O primeiro homicídio ocorrido no ano foi registrado na noite do dia 10 de fevereiro, em uma quitinete na rua Venâncio da Silva Porto, no bairro Nova Brasília. O chapa Paulo Cesar Rodrigues, 48, levou uma facada da companheira após uma briga. Os dois estavam bebendo em uma lanchonete próxima do local e, depois de irem para casa, houve o atrito.

A mulher desferiu uma facada contra Paulo na região da barriga. Ele chegou a buscar ajuda e foi socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas morreu ao dar entrada no hospital. A autora, que não teve o nome revelado, foi liberada na delegacia após alegar legítima defesa.

Crise de ciúmes

A segunda morte dolosa ocorrida em Jaraguá do Sul em 2018 ocorreu no dia 4 de abril. A briga que culminou no crime teria sido motivada por ciúmes. O casal estava em uma residência na rua Max Wilhelm, no bairro Vila Baependi, bebendo e começou uma discussão por que a mulher de 35 anos viajou para São Paulo.

David William de Castro Pereira, 25 anos, bateu na companheira com socos e pontapés. Depois, teria pegado uma faca. Ela conseguiu tomar a arma branca dele e desferiu uma facada no seu abdômen. A vítima foi socorrida pelo Samu, mas morreu a caminho do hospital. A mulher foi presa, mas solta pelo Habeas Corpus Coletivo que dado a mães de crianças menores de 12 anos.

Quer receber as notícias no WhatsApp?