O jiu-jitsu é uma arte marcial genuinamente brasileira e conquistou o mundo. Em Jaraguá do Sul, a introdução do esporte na Polícia Civil completou 10 anos em 2023. Policiais civis realizam treinos no Clube de Tiro Parabellum Jaraguá e aperfeiçoam técnicas para o uso no cotidiano policial.
O agente Gilvan Ayroso participou do início da atividade entre os policiais civis e até hoje trabalha para a manutenção dos treinos com os colegas. Ele e o escrivão Darlan Alflen, ambos faixas-preta da arte marcial, comandam as aulas no tatame montado na área do estande de tiro localizado no prédio na rua Barão do Rio Branco, no Centro.
“Quando entrei na Polícia Civil, eu já praticava jiu-jitsu. Ao chegar em Jaraguá do Sul, eu treinei durante mais ou menos um ano com os policiais militares no 14º Batalhão. Em 2012, o agente Diogo Vargas, faixa-preta em jiu-jitsu, chegou na cidade. Como alguns policiais já treinavam, em 2013, fizemos a compra de um tatame e iniciamos os treinamentos para implementar a arte marcial dentro da atividade policial”, lembra.
O pequeno tatame ficava em uma sala no interior de uma delegacia. No início de 2023, o Clube de Tiro Parabellum Jaraguá fez um convite para iniciar uma parceria com os policiais civis. O espaço do estande é muito maior que o da sala e permitiu a entrada de mais agentes no projeto.
“Esse espaço acabou atendendo melhor a nossa necessidade. Após 10 anos, um projeto que começou com poucas pessoas, engloba 18 policiais civis e ainda conta com a participação de outros quatro policiais penais”, frisa Gilvan.
Darlan iniciou do zero a prática do jiu-jitsu no projeto e se tornou faixa preta dentro dele. Ele ressalta que a prática da arte marcial é importante para o trabalho como policial civil. Segundo o escrivão, os policiais civis sempre estão expostos ao perigo de um confronto desarmado e é necessário o uso de técnicas de imobilização.
“O uso da arma é bem limitado, é uma exceção e nem sempre quem vem pra cima da gente está armado. Então, é necessário que a gente tenha alguma forma de se proteger. O jiu-jitsu te ensina a abordar ou mesmo imobilizar e algemar algum criminoso com maior facilidade”, afirma Darlan.
“Só o fato de treinar jiu-jitsu, a pessoa tem uma boa noção de defesa pessoal. Porém, nas quintas-feiras, nós fazemos um treino sem quimono que condiz mais com a realidade. O quimono tem partes para agarrar e na rua a situação não é essa. Nós aprendemos a nos virar com o uso de roupas normais”, completa.
Reforço na parceria
Gilvan destaca a importância da Parabellum Jaraguá para a continuação e expansão do projeto. O clube de tiro já disponibiliza o estande para o treino de tiro dos policiais civis que atuam na região. Agora, o estabelecimento coloca o seu espaço à disposição para que agentes, escrivães e delegados possam realizar as aulas da arte marcial.
O presidente do Clube de Tiro Parabellum e professor de direito penal da Católica de SC, Mario Cesar Felippi Filho, conta que o jiu-jitsu é considerada a melhor arte marcial para o uso no meio policial. Ele permite que o policial consiga facilmente imobilizar o bandido sem causar lesões contundentes com chutes ou socos.
“Os policiais civis já realizavam os treinos por conta própria e surgiu a necessidade de mudar o local de treinamento. Assim que tomei conhecimento dessa necessidade, eu acabei oferecendo o espaço em horários que o clube não funciona. O objetivo é incentivar a prática dessa atividade extremamente importante para os policiais. O mesmo acontece com o tiro, pois disponibilizamos as instalações do clube para treinos exclusivos dos agentes policiais. Eles precisam estar em constante contato com o instrumento de trabalho deles, que é a arma de fogo”, sintetiza Mário.