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Governo de SP publica decreto para destinar dinheiro do crime organizado para a segurança pública

Foto: Foto: Polícia Civil de SP/Divulgação

Por: Claudio Costa

28/09/2024 - 11:09 - Atualizada em: 28/09/2024 - 11:16

O governo de São Paulo assinou nesta quinta-feira (26) o decreto que regulamenta a destinação de recursos da lavagem de dinheiro apreendidos com o crime organizado para o fundo estadual de segurança pública.

Os bens e valores serão destinados ao Fundo de Incentivo à Segurança Pública para investimentos nas forças policiais do estado, como aquisição de equipamentos, aprimoramento de tecnologias e melhoria de infraestrutura.

Nos últimos quatro anos, a Polícia Civil identificou a movimentação de mais de R$ 14 bilhões provenientes do tráfico de drogas e outros crimes, segundo levantamento do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro.

 

 

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, avaliou que a medida tem o objetivo de “desburocratizar” a obtenção desses bens e valores apreendidos, que atualmente são destinados para um fundo nacional.

“A gente vai utilizar o dinheiro lavado pelo crime organizado para investir em segurança no próprio estado”, destacou o chefe da pasta. “É um recurso que vai desafogar o tesouro estadual para investimentos em outras áreas, porque a segurança pública passa a ser autossustentável, transformando o dinheiro do crime e do tráfico em segurança para a população”, completou.

O decreto estadual publicado hoje regulamenta a lei federal nº 9.613 de 3 de março de 1998, que dispõe sobre crimes de ocultação de bens. Cabia ao governo paulista autorizar a destinação dos ativos apreendidos — o que não havia sido feito até hoje em São Paulo.

Toda a estrutura que ampara o projeto foi elaborada por meio da criação do Núcleo de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Recupera-SP), subordinado à Delegacia Geral de Polícia.

Para o delegado do Grupo Setorial de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas da Secretaria da Segurança Pública (SSP), Lawrence Tanikawa, o decreto representa uma das maiores inovações da última década.

 

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“Estamos gerando uma receita, um depósito de dinheiro nas contas do estado para conseguirmos mais estrutura, retirando esse valor diretamente do crime organizado. É um dinheiro que chegou nas mãos daquele investigado por meios ilícitos”, explicou.

Com a publicação do decreto, o Tribunal de Justiça passará a destinar o recurso ao fundo estadual.

Como funciona o núcleo de Recuperação de Ativos Ilícitos?

O Recupera-SP é um núcleo da Delegacia Geral de Polícia que funciona como ponto de contato com todos os distritos policiais do estado e demais departamentos especializados para tratar de ações que resultaram em apreensões de bens e valores.

Com base nas informações, o setor fará a identificação, classificação e apresentação dos itens e valores apreendidos para que a Secretaria da Segurança Pública realize os pedidos de alienação e destinação junto ao Tribunal de Justiça para incorporação ao patrimônio estadual.

Atualmente, há duas alternativas de entrada do valores apreendidos no fundo de segurança:

1. Alienação: quando o investigado já foi condenado pelo crime e o valor ou bem apreendido é encaminhado diretamente ao Fundo de Incentivo à Segurança Pública;

2. Alienação antecipada: quando o Poder Judiciário permite que, mesmo antes do fim da ação penal, seja possível usar o valor apreendido para financiar o combate ao crime organizado. Caso o investigado seja inocentado ao fim do julgamento, ele recebe o dinheiro de volta.

Quando os bens são apreendidos, como veículos ou joias, por exemplo, o estado realiza leilões e o dinheiro arrecadado é destinado ao fundo. Em determinados casos, carros e aeronaves podem ser usados pelas forças policiais.

Transparência

O projeto também prevê a publicação dos valores apreendidos em painéis que informam a destinação e o investimento realizado pelo estado. Marcadores também vão informar sobre os recursos obtidos com a venda de bens apreendidos do crime organizado.

“Agir em cima desse decreto significa não só melhorias na polícia e mais segurança à população, mas estamos asfixiando financeiramente o crime organizado e repelindo qualquer qualquer ação futura da organização criminosa”, completou o delegado do Grupo Setorial de Planejamento, Orçamento e Finanças Públicas da SSP.

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Claudio Costa

Jornalista pós-graduado em investigação criminal e psicologia forense, perícia criminal, marketing digital e pós-graduando em inteligência artificial.