Golpista que enganou empresários catarinenses é condenado nos EUA por fraudes de US$ 15 milhões

Imagem ilustrativa | Foto: Pixabay

Por: Pedro Leal

04/10/2021 - 09:10 - Atualizada em: 04/10/2021 - 10:26

O brasileiro João Djalma Prestes Júnior foi sentenciado, no dia 27 de setembro, a 48 meses de prisão após ter sido declarado culpado por fraudar empresas brasileiras em cerca de de US$ 15 milhões, equivalente a R$ 78 milhões.

Entre entradas e saídas da prisão, o homem de 48 anos já agiu como chefe de uma quadrilha que lesou empresários em Santa Catarina e outros cinco Estados: Paraná, Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Bahia.

A decisão foi divulgada por Audrey Strauss, Procuradora dos Estados Unidos para o Distrito Sul de New York, e Philip R. Bartlett, Inspetor Responsável do Escritório de NY do Departamento de Serviço de Inspeção Postal dos EUA.

Prestes Júnior havia sido detido em junho de 2020 e confessou o crime em abril de 2021 perante o juiz distrital dos Estados Unidos, Jed S. Rakoff, que determinou a sentença. Ele recebia o dinheiro adiantado de clientes alegando realizar empréstimos que não aconteciam.

Além da pena de prisão, o estelionatário terá de pagar uma restituição no valor de US$ 15.266.679,10 (R$ 79.386.731,32).

O golpe acontecia quando o empresário era convencido a apresentar garantias para fechar negócios. A vítima, então, depositava dinheiro na conta de uma empresa criada pelos estelionatários — as autoridades descobriram pelo menos duas delas usadas pela quadrilha, com sede em área nobre de São Paulo e constituídas de fachada.

Em 2008, Prestes Júnior foi um dos alvos da operação Dólar Furado, da Polícia Civil do Paraná. Na ocasião, o golpista foi preso em Curitiba, acusado de enganar pelo menos quatro empresários. As vítimas chegaram a ser levadas para a Espanha assinar contrato com um falso banco.

Dois anos depois, o golpista e seus cúmplices voltaram a ser tornar alvo de uma ação das forças de segurança. A Força-Tarefa de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público de Santa Catarina prendeu Prestes Júnior, em dezembro de 2010. À época ele era apontado como principal responsável pelo “Golpe das debêntures” no Brasil.

A quadrilha oferecia a empresas com potencial de crescimento serviços de assessoria para intermediar aportes financeiros de fundos de pensão, que se tornariam cotistas da firma beneficiada por vinte anos, prazo que ela teria para pagar o investimento.

Como a prática criminosa do estelionatário já era conhecida, ele assumiu uma identidade falsa no Estados Unidos, se apresentando como “João Pereira”. Segundo o departamento de Justiça norte-americano, Prestes Júnior usava o dinheiro que adquiriu ilicitamente para viver uma vida luxuosa.

Apesar de não morar no país, ele mantinha nos Estados Unidos um veículo Maserati, automóvel avaliado em R$ 1 milhão no Brasil.

Nos Estados Unidos, o criminoso prometia empréstimos mediante o pagamento de algumas taxas antecipados a empreendimentos no país. Em algumas ocasiões, em reuniões presenciais com as vítimas, em um arranha-céu de Manhattan, João Djalma Prestes Junior roubou milhões de dólares de empresas.

Após receberem as primeiras taxas, a quadrilha indicava algum obstáculo na transferência do empréstimo, explicando que o problema seria solucionado com mais um pagamento. No entanto, as vítimas não receberam as quantias prometidas, tampouco foram ressarcidas.

O esquema de fraude havia sido mantido desde julho de 2018 até fevereiro de 2020.