Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Delegacia de Schroeder identifica dez vítimas de golpe que movimentou R$ 34 milhões

Delegados Evandro de Abreu e Eric Uratani, o escrivão Marco Willians e a agente de polícia Mariela Fabiana Lopes apresentaram os detalhes do golpe milionário durante coletiva à imprensa | Foto: Divulgação

Por: Gabriel JR

12/11/2025 - 17:11 - Atualizada em: 12/11/2025 - 17:19

A Polícia Civil de Santa Catarina identificou dez vítimas formais de um golpe milionário desarticulado nesta terça-feira (11) pela Delegacia de Schroeder, em operação coordenada pelo delegado Evandro Luís Oliveira de Abreu. As investigações apontam que o esquema de estelionato movimentou cerca de R$ 34 milhões em diversas cidades do Norte do Estado.

Os suspeitos, um casal que residia em Schroeder, foram presos no interior de Paulo Frontin (PR), onde se escondiam em uma propriedade agrícola.

A operação contou com o apoio das Delegacias de Irineópolis, Porto União e da Polícia Civil do Paraná, além do cumprimento de mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, e o bloqueio de bens e contas bancárias, incluindo valores mantidos em plataformas de apostas online.

Clique e assine o Jornal O Correio do Povo!

Início das investigações

O delegado regional Eric Uratani explicou que a apuração começou a partir de uma denúncia feita por uma vítima de Schroeder que relatou estar sendo vítima de um golpe milionário.

“Foi uma investigação complexa, que se iniciou a partir de uma denúncia de uma vítima de que estava sofrendo um possível golpe na casa de 2 ou 3 milhões. Com o avanço das diligências, descobriu-se que o valor era muito superior. Foram necessárias medidas cautelares, quebras de sigilo e representações judiciais até chegar à prisão dos autores”, afirmou Uratani.

O escrivão Marco Willians Rosa da Silva, responsável pela Delegacia de Schroeder, relatou que a primeira vítima sequer tinha certeza de que se tratava de um golpe.

“Ela relatou que estava em negociação com uma mulher que dizia ter um contrato milionário com uma empresa de infoprodutos e que precisava de valores para liberar cerca de R$ 4 milhões que estariam bloqueados judicialmente”, explicou.

A partir dessa denúncia, a equipe descobriu que o casal solicitava dinheiro das vítimas alegando custos com IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), tarifas bancárias e multas de plataformas, sempre com a promessa de que, após o pagamento, haveria um retorno financeiro elevado.

“Com o avanço das investigações, percebemos que o golpe era sofisticado. Eles criavam novos débitos fictícios a cada fase da negociação, e isso foi se repetindo com vítimas em Schroeder, Jaraguá do Sul, Irineópolis e outras cidades”, completou Marco.

Esquema de apostas e movimentação milionária

Conforme detalhou o delegado Evandro Abreu, os valores obtidos não tinham qualquer ligação com o contrato alegado.

“Identificamos que se tratava de um golpe milionário e que não havia qualquer contrato verdadeiro. Os autores, um casal, ludibriavam as vítimas com promessas de retornos exorbitantes e aplicavam o dinheiro em casas de apostas e cassinos digitais. A movimentação chegou a R$ 34 milhões.”

Uma das vítimas chegou a descobrir uma conta em site de apostas aberta em seu nome, com R$ 9 milhões em movimentações, fato que ela desconhecia completamente.

A agente de polícia Mariela Fabiana Lopes, responsável pela análise financeira, explicou que as quebras de sigilo bancário revelaram movimentações incompatíveis com a renda declarada dos suspeitos.

“Verificamos quantias expressivas que não condiziam com o padrão de vida dos investigados. Produzimos um relatório comprovando o que as vítimas relataram, o que permitiu à autoridade policial representar pelo bloqueio de bens e contas bancárias”, destacou.

O escrivão Marco Willians acrescentou que todo o dinheiro captado foi utilizado em plataformas de apostas.

“Todo o valor obtido era investido ou perdido em cassinos digitais. O prejuízo foi muito grande. Estamos tentando localizar bens e valores para buscar o ressarcimento das vítimas”, disse.

Até o momento, dez vítimas foram formalmente identificadas, mas a Polícia acredita que o número real seja bem maior. Em Schroeder, o prejuízo direto já ultrapassa R$ 7 milhões.

Simulação de reuniões e tentativa de enganar vítimas

O delegado Evandro Abreu ressaltou o nível de sofisticação do esquema.

“O golpe foi tão bem elaborado que o casal chegou a levar uma das vítimas, que havia entregue cerca de R$ 3 milhões, até São Paulo para participar de uma reunião empresarial simulada. Eles afirmavam se tratar de um encontro sigiloso com representantes de uma suposta fintech, com o objetivo de convencer a vítima a enviar mais dinheiro”, relatou.

Durante as diligências, os investigadores descobriram que os suspeitos estavam escondidos em uma casa de familiares no Paraná, e que parentes também haviam emprestado valores — entre R$ 30 mil e R$ 60 mil — acreditando nas promessas do casal.

Medidas cautelares e continuidade da operação

Conforme revelado pela investigação, os valores obtidos não tinham qualquer relação com o contrato alegado pelos suspeitos. O dinheiro era desviado para apostas em cassinos digitais.

Diante disso, a Polícia Civil solicitou — e a Justiça autorizou — uma série de medidas cautelares, incluindo bloqueio de contas bancárias e bens dos suspeitos, quebra de sigilo bancário e bloqueio de contas em sites de apostas online.

A operação contou com o apoio de Delegacias do Paraná e Irineópolis e foi resultado de um trabalho técnico e minucioso, com representações judiciais complexas.

O delegado Evandro Abreu avaliou o resultado como uma resposta firme ao crime financeiro:

“Conseguimos não apenas identificar os autores, mas também rastrear o destino do dinheiro, utilizado para financiar apostas online. As medidas de bloqueio são fundamentais para buscar o ressarcimento das vítimas.”

Os dois suspeitos foram encaminhados ao sistema prisional e permanecem à disposição da Justiça. Eles responderão pelo crime de estelionato.

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Gabriel JR

Repórter e radialista com 15 anos de experiência na área de comunicação