“Golpe da Pingola”. É assim que foi apelidada a nova modalidade de crime, a chamada extorsão sexual, que vem sendo registrada, cotidianamente, em todo Sul catarinense. Parece brincadeira, mas se tornou caso de polícia nas delegacias da região.
O “modus operandi” é o seguinte: passando-se por uma jovem ou adolescente, criminosos entram em contato com o alvo, homens (maioria casados), nas redes sociais e a conversa acaba evoluindo para o aplicativo WhatsApp.
Após troca de fotos íntimas, os chamados nudes, os golpistas acabam extorquindo financeiramente a vítima para que as conversas não sejam “vazadas”.
Prejuízo
Na região do Vale do Araranguá, um morador de Jacinto Machado chegou a desembolsar R$ 40 mil. Até o delegado de Turvo, Lucas Fernandes da Rosa, acabou sendo usado pelos golpistas.
Os criminosos, passando-se pela autoridade policial, inclusive usando a foto dele no WhatsApp, pediam dinheiro para que a vítima não fosse indiciada já que, os próprios golpistas se passam por “menor”.
Segundo o policial civil Kelson Olivo, em Criciúma a prática vem se tornando corriqueira.
“É todo dia isto. Só em uma delegacia, ontem, foram seis casos, fora os que pagam e ficam quietinhos. E não vai parar. Eu e colegas publicamos nas redes, tanto este quanto vários outros. O do bilhete ainda existe e agora o Golpe da Pingola, como foi apelidado por um colega”.
Conforme o policial civil, o alvo acaba mostrando o rosto e até parte da casa nas fotos, o que facilita ainda mais para os criminosos.
“Tudo o que ela quer para não contar para a mulher ou denunciar numa delegacia, porque diz que é menor. Depois vem a ligação do suposto pai, pedindo dinheiro para não postar as fotos“, explica.
Os inquéritos registrados na região estão sendo encaminhados à Capital, onde já há uma investigação em andamento por parte da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Operação
No mês passado, a Divisão de Repressão a Roubos da Polícia Civil de Criciúma (DRR/DIC), coordenada pelo delegado Yuri Miqueluzzi, desencadeou a Operação Aletheia, na repressão de extorsões sexuais (“sextorsion”), em série, nos bairros Operária Nova, Nova Esperança, Santa Luzia e Imperatriz, em Criciúma, além dos bairros Jaqueline e Boa Vista, em Içara. Quatro pessoas foram presas.
Investigação
Segundo o delegado, a organização criminosa executava complexa articulação para extorsão de vítimas intimamente expostas em enganosas trocas de mensagens por aplicativos.
A atuação dos criminosos tinha início com a criação de perfis falsos de mulheres jovens em redes sociais.
Estes perfis eram utilizados para adicionar e arrebanhar potenciais vítimas.
As conversas migravam para outros aplicativos de mensagens, onde eram realizadas conversas de cunho sexual e trocas de fotos e vídeos íntimos.
“Após, o grupo simulava que os pais da suposta interlocutora tiveram acesso às conversas e vídeos. Alegavam que a menina era adolescente e, a partir daí, passavam a extorquir dinheiro para que o conteúdo íntimo não fosse divulgado para familiares da vítima ou para a polícia. O grupo assumia identidade de policiais e até criava mandados de prisões para dar veracidade aos golpes. Com medo, as vítimas realizavam pagamentos de grandes quantias em contas bancárias. Em uma das contas do grupo, a movimentação mensal superou 80 mil reais”, detalha a autoridade policial.
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