Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Gaeco deflagra contra grupos neonazistas com atuação em SC e mais três estados

Foto: Divulgação/MPSC

Por: Ewaldo Willerding Neto

31/10/2025 - 10:10

O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), por meio do CyberGaeco deflagrou a Operação Nuremberg nesta sexta-feira (31). Duas cidades de Santa Catarina foram alvo das ações.

Estão sendo cumpridos 21 mandados de busca e apreensão expedidos pela Vara Regional de Garantias de Criciúma e pela Vara Estadual das Organizações Criminosas, respectivamente.

A operação tem por objetivo desmantelar um dos mais organizados e violentos grupos neonazistas em atividade no Brasil. O grupo é investigado por promover discursos de ódio, antissemitismo, apologia ao nazismo e por planejar atos violentos em diferentes regiões do país.

A operação foi realizada simultaneamente em quatro estados: Santa Catarina, nas Paulo, Paraná e Sergipe, com cumprimento das ordens nas cidades de Jaraguá do Su e Cocal do Sul, além de São Paulo (SP), Campinasm(SP), Taboão da Serra (SP), Osasco (SP), São José dos Pinhais (PR), Curitiba (PR), Araucária (PR) e Aracajum(SE). Durante as buscas foram apreendidos diversos materiais de apologia ao nazismo. Foram apreendidos ainda armas brancas, faca e “soco inglês”.

Perfil dos investigados

As investigações revelaram que entre os integrantes do grupo há indivíduos com diferentes formações e ocupações, o que demonstra a capacidade de disseminação da ideologia extremista em diversos segmentos da sociedade.

Verificou-se que parte dos investigados participava ativamente da produção e difusão de conteúdos de ódio em ambientes virtuais, utilizando-se de perfis falsos e fóruns voltados à propagação de ideias supremacistas. A atuação articulada e tecnicamente estruturada do grupo evidencia elevado grau de organização e planejamento das ações.

Estrutura e funcionamento do grupo

As apurações indicaram que o grupo mantinha encontros presenciais regulares, nos quais eram debatidos temas voltados à disseminação da ideologia neonazista e ao recrutamento de novos membros. Tais reuniões também serviam para o planejamento de ações e, em alguns casos, para a organização de confrontos com grupos ideologicamente opostos.

Os integrantes se autodenominam skinheads neonazistas e adotam como símbolo o “Sol Negro”, emblema associado ao ocultismo nazista e à supremacia ariana, tendo ao centro a figura de um fuzil AK-47. O símbolo, segundo a própria interpretação do grupo, representa a supremacia branca e a exaltação da violência, evidenciando a disposição para o uso da força como instrumento de imposição ideológica.

As investigações também identificaram a existência de uma estrutura hierarquizada, com fichas de ingresso, produção de camisetas exclusivas e cobrança de mensalidades obrigatórias aos membros oficialmente “batizados”. As contribuições financeiras eram destinadas ao custeio de despesas internas, à aquisição de materiais de propaganda e à manutenção das atividades do grupo.

Foi ainda constatada a realização de uma cerimônia de “batismo”, ritual de iniciação voltado à admissão de novos integrantes. Essa prática tinha como objetivo fortalecer os laços internos e reafirmar o compromisso com a ideologia extremista, constituindo elemento essencial para a coesão e expansão da organização.

Colaboração interagências

A Operação Nuremberg contou com apoio do Ministério Público de São Paulo (CyberGaeco), Sergipe (Gaeco/SE), Paraná (Gaeco/PR) e Polícia Civil de São Paulo (PCSP). Essa parceria ressalta a importância da cooperação entre órgãos e agências, bem como o intercâmbio de informações para o combate ao extremismo e ao crime organizado.

Compromisso com a segurança pública

O Ministério Público de Santa Catarina reafirma seu compromisso com a defesa da sociedade. Discursos de ódio, antissemitismo e incitação à violência representam ameaças graves e não serão toleradas em nosso estado. A Operação Nuremberg é um passo importante para garantir que os responsáveis sejam levados à justiça, contribuindo para a proteção da sociedade contra ideologias que possam ameaçar a harmonia social.

Próximos passos

As investigações continuarão com o objetivo de garantir que todos os envolvidos sejam devidamente identificados e criminalmente responsabilizados. O CyberGaeco permanece empenhado em atuar com rigor e vigilância no combate ao extremismo e na proteção da sociedade contra crimes cibernéticos e ideologias violentas.

Foto: Divulgação/MPSC

Operação Nuremberg

A operação, em apoio a Procedimento Investigatório Criminal instaurado pela 40ª Promotoria de Justiça e, posteriormente encaminhado à 39ª Promotoria de Justiça da Capital em razão da implementação da Vara Estadual de Organizações Criminosas, recebeu o nome “Nuremberg” em alusão aos Julgamentos de Nuremberg, realizados após a Segunda Guerra Mundial, que representaram um marco histórico na responsabilização de indivíduos por crimes de ódio, extremismo e intolerância. De forma simbólica, a denominação reflete o propósito da presente ação policial, voltada ao enfrentamento de grupos extremistas que propagam ideologias violentas e atentatórias à ordem pública e ao Estado Democrático de Direito.

Os materiais apreendidos durante as diligências serão encaminhados à Polícia Científica, que realizará exames e emitirá os laudos periciais. Essas evidências serão analisadas pelo CyberGaeco para dar prosseguimento as diligências investigativas, identificar outros envolvidos e aprofundar a apuração da extensão da rede criminosa.

As investigações tramitam sob sigilo e, assim que houver a publicidade dos autos, novas informações poderão ser divulgadas.

Gaeco e CyberGaeco

O Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) é uma força-tarefa composta, em Santa Catarina, pelo Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Penal, Receita Estadual e Corpo de Bombeiros Militar, e tem como finalidade a identificação, prevenção e repressão às organizações criminosas.

O CyberGaeco é uma força-tarefa especializada, inserida na estrutura do Gaeco, formada por integrantes do Ministério Público de Santa Catarina, da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Penal e do Corpo de Bombeiros Militar, para identificar, buscar prevenir e reprimir infrações penais praticadas em ambientes virtuais.

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.