Nesta terça-feira (22), o Corpo de Bombeiros Voluntários de Jaraguá do Sul completa 57 anos de fundação. Uma parte dessa história está preservada no Museu Wolfgang Weege, localizado no Parque Malwee. O Ford Jeep ano 1970 foi o primeiro veículo comprado pela corporação e desde 2010 pertence ao acervo do museu.
Porém, é importante ressaltar que esse não foi o primeiro jipe utilizado pelos bombeiros voluntários. Em 1967, a Prefeitura de Jaraguá do Sul doou um Jeep Willys 1961. Esse veículo foi posteriormente dado na troca pelo novo Jeep CJ-6 (veículo com carroceria alongada) na concessionária Ford Jordan, em Joinville.
O Ford Jeep foi aposentado em 2010, quando a corporação comprou um Troller T4. Mas há quem lembre do “jipe raiz”. O bombeiro voluntário Carlos Eduardo Petris está há 28 anos na corporação e boa parte deles foi na boleia do jipe. Formado na primeira turma de bombeiro-mirim, em 1995, Petris tem uma ligação emocional com o veículo. Ele aprendeu a dirigir enquanto lavava o automóvel e fazia manobras de um lado para o outro do pátio da sede.
“Quando era bombeiro-mirim ou mesmo aspirante, eu não tinha carteira. Afinal, eu nem tinha 18 anos. Então, a gente colocava a viatura num canto do pátio e lavava. Levava em outro ponto para secar. Depois, ainda colocava em outro canto para limpar por dentro. No fim, a gente levava para a garagem. E esse trabalho todo era para poder dirigir. Quando eu completei 18 anos e tirei a carteira, virei motorista”, lembra.
Segundo Petris, nos anos 1990, existiam apenas dois veículos “baixos” na corporação, o jipe e uma Ford Pampa. O jipe era muito utilizado para o deslocamento do efetivo em ocorrências extraordinárias, em treinamentos e no transporte dos bombeiros em incêndios em mata, onde havia dificuldade de acesso.
“O jipe era uma viatura diferente, que mexia muito com as sensações do motorista. Na época, ele tinha um banco interiço de três lugares muito escorregadio. O cinto era aqueles de duas pontos, apenas na cintura. O para-brisa também dava para abaixar e o controle dos faróis era nos pés. Tudo era diferente”, conta.
“Hoje em dia é tudo muito fácil e você só precisa acelerar a viatura para ela andar. Se você for pegar a L200, é só apertar um botãozinho e já consegue ligar a tração 4×4. No jipe, você tinha que ir mexer nas rodas para mudar a tração”, completa.
Jipe atolado
Petris lembra dos acampamentos de treinamento e dos grandes incêndios em mata combatidos com o jipe. Foram muitos momentos tristes, mas também há histórias engraçadas em tantos anos de serviço. O Ford Jeep da corporação passou por uma reforma e ganhou um novo santo-antônio. Com o acessório mais resistente, Petris e o também bombeiro Wagner Reese saíram para testar o veículo.
“Com a autorização do comando, nós pintamos, mexemos no motor, na caixa e colocamos o santo-antônio novo, pois o antigo era só mais para a estética e não dava muita segurança. Fomos até a casa do Manske (Robson Manske, atual subcomandante da corporação) e ele foi colocar a farda. A gente viu que tinha um morro no pasto do pai dele e decidimos subir. Lá embaixo, tinha um brejo e o Reese decidiu entrar. Eu falei para ele que iria atolar, mas ele insistiu que a tração era 4×4. Eu desci do jipe, engatei a tração na roda e, quando ele foi entrar, afundou. Ficamos tentando tirar durante uns 15 minutos e o jipe só saiu com a ajuda de um trator”, finaliza.